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Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal não é o melhor filme da série iniciada em 1981 (esse título continua sendo pelo menos para mim, de A Última Cruzada), mas sem qualquer sombra de dúvida corresponde às (minhas) expectativas. Todos os elementos que construíram o sucesso da série estão lá turbinados pelos novos tempos em que a computação gráfica aliada à batuta de Spielberg (eficiente como nos filmes anteriores) ajudam a inserir criatividade à uma história que transborda magia na tela sem que o personagem de Ford perca sua essência. E se hoje Indy já não é mais o sujeito por vezes intempestivo de outrora, ele continua sendo o aventureiro que agora demonstra uma sabedoria que só os 19 anos longe das telas poderiam lhe dar. E acreditem, Ford apesar da idade convence em todas as cenas de ação do personagem que evoluiu sem perder o charme esbanjando humor e inteligência. Seu contraponto nessa nova aventura é Mutt (Shia LaBeouf), um jovem com quem Indy estabelece uma dinâmica que lembra muito àquela com seu pai Henry (Sean Connery, que aparece em foto no filme ilustrando o destino de seu personagem). O retorno de Marion Ravenwood (Karen Allen) é outro ponto alto do filme e é fácil perceber porque. É ela que estabelece o ponto de conexão do público evidenciando que o passar dos anos daqueles personagens e da própria história da série os fez envelhecer mas não tirou sua capacidade de nos encantar.
É curioso notar que ao voltarem a explorar um tema mítico de características sobrenaturais ( ou sobrehumanas, se preferir) George Lucas e Spielberg não só resgatam o clima de Caçadores da Arca Perdida, como fazem questão de homenagear o filme que deu origem a tudo. Exemplos disso são a abertura com o símbolo da Paramount (o estúdio por trás do filme) mesclando-se à introdução da sequência de créditos, uma cena também no início do filme na qual vemos o reflexo de Indy colocando seu chapéu repetindo a cena de entrada dele no bar de Marion, e claro, a rápida aparição da Arca da Aliança, a mesma do filme de 1981. Outras decisões cruciais que contribuiram muito para a construção do espírito de aventura que o filme propõe, foram a presença do ator Ray Winstone como Mac, uma mistura mais exagerada de Sallah com Marcus que serve em alguns momentos como alívio cômico e a utilização dos comunistas soviéticos como vilões através da personagem Irina (Cate Blanchett), que ajuda a trazer um senso de realidade importante à trama que envolve a busca pela caveira de cristal do título e evidencia aspectos da história documentada que apontam o interesse real de Stalin em artefatos que supostamente pudessem trazer poder à nação que os detivesse, mesma crença compartilha aliás pelos nazistas, vilões em dois dos filmes anteriores.
É fato que muita gente vai reclamar dos desvios estéticos e do tom por vezes infantil levemente exagerado em algumas sequências (sobretudo naquelas que envolvem aparições de animais e na que mostra 3 quedas dos protagonistas em cachoeiras aparentemente mortais), mas para mim a certeza que fica é a de que tudo foi bem planejado no sentido de estabelecer conexão com o público antigo que tem garantida sua dose de nostalgia do personagem sem esquecer do novo e maior, que em função da idade ou do interesse recente, precisa encontrar no filme aspectos que não só expliquem com exatidão quem é aquele personagem de chicote na mão e chapéu na cabeça, mas que também vendam a idéia de um filme blockbuster que agrade não só pelos efeitos, mas sobretudo pela história, e isso amigos, eu garanto que Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal faz com sobras provando mais uma vez que o bordão do personagem continua mais coerente do que nunca. Não é a idade [que define a qualidade], mas sim a quilometragem [do personagem]. Que venha o Indy 5.
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