TRUE BLOOD: Comentários do ep. 1x12 "You'll Be the Death of Me" (Final da 1ª temporada)

Episódio exibido no dia 23 de novembro nos EUA

E pensar que eu quase desisti de True Blood logo no início, hein? Encerrada na noite de ontem nos EUA, a 1ª temporada baseada na série de livros The Southern Vampire Mysteries da autora Charlaine Harris, se consolidou facilmente como a melhor estréia da temporada 2008/2009. Dirigida por Allan Ball (Six Feet Under) True Blood entregou uma mistura de temas espinhosos discutidos de uma forma muito sutil, mistérios instigantes e personagens tão heterôgenos quanto carismáticos que rendeu a produção nova mais cool da tv.

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O que mais me fascinou na série - depois que fui picado pela mosca azul -, foi sua capacidade de equilibrar o lado sombrio e sério com o da diversão e do entretenimento puro. Ao longo de toda essa 1ª temporada, vimos no caipirão ingênuo Jason e na traumatizada, mas não menos divertida Tara, grandes tramas repletas de muito drama. No caso de Jason, sempre ficava uma ponta de dúvida de como o cara conseguia se envolver em uma desgraça atrás da outra e sempre terminava encrencado por conta de alguma morte (e foram várias). Já Tara, era a moça atormentada pelas dificuldades de uma criação complicada e que apesar de encontrar na rebeldia e na língua ferina, uma válvula de escape para se defender e extirpar seus próprios demônios internos, tinha sempre algum comentário ou frase engraçada para fazer. Nesse último episódio por exemplo, morri de rir quando ela perguntou para o Eggs (o cara tocando violão) se o hobby de Maryann era coletar negros para cuidar. Aliás, por falar em Maryann, que ao que tudo indica é outra metamorfa como Sam, me pergunto se ela só fez o que fez por Tara porque quer roubar tudo o que puder de Sam, com quem aparentemente tem alguma história pregressa complicada. Ainda sobre Jason, é interessante notar que seu envolvimento com a Irmandade do Sol reforça a idéia de que sua personalidade quase infantil e constantemente suscetível à mudanças repetinas de crenças, comportamento e atitude, voltarão a colocá-lo em situações absurdas na próxima temporada.

A entrada da Irmandade do Sol serve como indicativo à uma outra marca forte que a série conseguiu imprimir nessa temporada: a de construir analogias contundentes que fazem críticas à realidade hipócrita da nossa sociedade, usando como pano de fundo a interação entre humanos e vampiros. Ao ouvir o discurso xenófobo do reverendo da Irmandade, por exemplo, fica impossível não associar aquele grupo a uma Ku Klux Klan ou a um grupo de supremacistas qualquer. Da mesma forma, a breve notícia de que o estado de Vermont legalizara o casamento entre humanos e vampiros poderia ser interpretada como a da lei que em alguns lugares permitem o casamento gay. Por falar nele, não dá para esquecer do ótimo Lafayette que no episódio 1x11, vê a máscara da mentira e da sordidez de um de seus clientes mais importantes caindo, quando este, posando de puritano conservador, promete combater tudo aquilo que ele mesmo fazia, refletindo mais uma vez um quadro do que vemos todos os dias nos noticiários.

Sobre o assassino de Maudette, Dawn, Adele Stackhouse e Amy, o que mais gostei do desenvolvimento da história, foi que a partir do momento em que ficou óbvio que Rene era o tal cara no final do 11º episódio, não se tentou criar uma possível virada espetacular na trama nesse final. Os esforços concentraram-se mais na tensão da situação envolvendo Sookie e o resultado não foi menos do que impactante com Sam expondo sua natureza de metamorfo (mais uma vez como evidência de sua paixão pela garçonete) e Bill quase se sacrificando por ela numa cena que desde já merece ser destacada como uma das melhores do ano na tv e que mais tarde foi coroada pelo apaixonado reencontro dos dois, que inegavelmente são a alma da história e um dos motivos do grande sucesso e empatia alcançados pela série.

Não li Morto Até o Anoitecer, o primeiro livro que deu início às histórias de Sookie Stackhouse e que serviu de base para o desenvolvimento dessa temporada de estréia, mas se for julgar pelo resultado alcançado com a adaptação sabendo que ainda existem outros livros, acredito firmemente que ainda iremos nos deliciar ainda mais com as histórias da turma de Bon Temps. Alô garçom, traga minha próxima dose de Tru Blood, por favor!

Diálogo do episódio:

Sookie: Você está vivo.
Bill: Bem, tecnicamente não, mas estou aqui.

Menção honrosa da temporada para a atriz Adina Porter, que como Mae Thornton, a mãe de Tara, roubou várias cenas sempre transpirando emoção numa alta carga dramática que caminhou de forma tênue entre o exagero e o brilhantismo.

Alguns dos ganchos que ficam para a 2ª temporada:

- Sam e a montanha de dinheiro guardado. Como ele juntou tanto e o que fará com ele?

- Bill tendo que cuidar da Jessica, a vampira rebelde que ele foi obrigado a criar e que fatalmente provocará algum abalo em seu relacionamento com Sookie.

- O desaparecimento de Lafayette. É dele o corpo no carro do detetivo Andy? Se sim, teria ele sido silenciado pelo senador Finch por saber demais?