Fringe: A série do quase

Texto SEM spoilers

Quem me acompanha pelo , já deve ter lido por lá uma ou duas vezes essa afirmação que dá título ao post. Não tenho dito isso como uma opinião gratuita ou preguiçosa de quem nao tem paciência de esperar desenvolvimentos maiores na trama, mas sim como espectador que se empolga com cada início de episódio e que ao final fica sempre com a sensação de que faltou alguma coisa que tornasse os quase 50 minutos de duração realmente envolventes e com um gostinho de quero mais.

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O tema da série em si, está longe de ser o problema para mim, até porque adoro ficção científica, mas passados 14 episódios, tenho encontrado uma certa dificuldade em 'comprar' as histórias. É como se faltasse uma liga entre o que é explicado e o que vemos de fato na trama. Elementos como teletransporte, armas de ressonância, projeção astral, transferência mental e outros tantos, obviamente oferecem uma gama de possibilidades interessantíssimas para a trama, mas se os roteiros falham em conferir plausibilidade a eles ou causar impacto sobre os personagens, o resultado final acaba comprometido.

Em Arquivo X (que inevitavlmente é sempre lembrada como base de comparação), por mais que os temas soassem absurdos e bizarros demais, quase sempre nos envolvíamos e aceitávamos o elemento fictício como uma possibilidade plausível ainda que presa à bases apenas teóricas. A ficção por lá, embora tivesse peso para a trama, ficava sempre como coadjuvante de uma história baseada nos personagens. O mesmo infelizmente não acontece em Fringe, já que a tal ciência de fronteira explorada no núcleo da série, é sim o personagem principal da produção, mas que por acabar sempre soando como um exagero criativo que pouco ressoa nos personagens, mais dispersa do que atrai nossa atenção.

Dito isso, minha impressão de Fringe até aqui é a de uma série irregular com alguns lampejos de genialidade. Ainda falta à ela encontrar o ponto de equilíbrio que consiga juntar ficção e drama na medida certa. A mitologia da série parece ser tão complexa quanto a de Lost, mas enquanto a outra cria de J.J. Abrams dá aulas de como dosar mistérios repletos de elementos saídos da ficção, com personagens igualmente complexos e tridimensionais, Fringe ainda parece distante de conseguir replicar a fórmula. A Massive Dynamics até agora é só uma Cia. cheia de recursos ligada ao 'Padrão' que por sua vez é outro elemento que ainda não mostrou o peso que deveria. Já com relação aos personagens, enquanto John Noble brilha em cada cena como o estranho (e porque não dizer, divertido) Dr. Walter Bishop, falta à dupla Anna Torv (Olivia) e Joshua Jackson (Peter) inspiração para me convencer como os protagonistas que são.

Embora um pouco menos empolgado do que já estive, continuo nutrindo a esperança de que Fringe (que só retorna nos EUA no dia 7 de abril) engrene definitivamente, já que não consigo aceitar que o time montado por Abrams patine por tanto tempo com uma ideia que tem tanto potencial. As bizarrices de Bishop, a misteriosa ligação entre Nina Sharp e o agente Philip Broyles e as constantes aparições do observador são deveras curiosas, mas ainda falta alguma coisa para que eu me empolgue de vez com a série. Chega de quase, é hora de convencer.

Fringe estreia no Brasil no dia 17 de março às 22h na Warner.