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Ainda que o assunto da vez – a morte – denote um tom naturalmente mais dramático e de certa forma até depressivo, Eastwood constrói, a partir do roteiro de Peter Morgan (do ótimo Frost/Nixon), um retrato bastante emocional em torno de três histórias afetadas pelo tema central em diferentes níveis e que eventualmente acabam se cruzando com fortes e decisivas transformações para os envolvidos.
A primeira personagem apresentada pelo filme é a jornalista francesa Marie Lelay (Cécile De France), uma mulher que vê suas certezas e perspectivas de vida mudarem quando tem uma experiência de quase morte durante o Tsunami que assolou a Indonésia em 2004 (evento que o filme mostra de forma impressionante), e que começa a buscar formas de tentar entender o que lhe aconteceu.
O segundo personagem que conhecemos é George Lonegan (Matt Damon, melhor a cada novo papel), um médium que relutante em usar seu ‘dom’ (ele diz que ninguém pode viver plenamente tendo que lidar constantemente com a morte), leva uma vida isolada e carregada de solidão, algo que o plano de uma determinada cena em seu apartamento aliás exprime com muita precisão.
Já o terceiro e último personagem central de Além da Vida é Marcus (o novato George McLaren), um garoto de 12 anos que após perder o irmão gêmeo (a quem era muito ligado) de forma traumática, vê sua vida mudar radicalmente frente a necessidade de ter que se adaptar a um mundo novo longe da maior referência que tinha.
Com muito mais acertos do que equívocos (a única coisa que me incomodou foi a ‘coincidência’ que provoca o cruzamento dos três personagens no fim), o filme comprova mais uma vez o talento e a mão equilibrada de Eastwood para tratar de temas tão singulares. Evitando o didatismo que geralmente cerca produções que se debruçam sobre o tema, o diretor passa longe de tentar explicar esse mistério que desperta tanta curiosade, mas que também sempre alimenta preconceitos. Assim, ao tomar essa decisão, Eastwood permitiu que Além da Vida não só se tornasse um bom entretenimento, mas sobretudo um filme muito mais relevante.
gostei do filme também! bom post! :)
ResponderExcluirDavi,
ResponderExcluirvocê tem algum filme predileto?
Diogo, meu predileto na verdade é a trilogia O Poderoso Chefão, que faço questão de rever pelo menos uma vez por ano. A saga dos Corleone é uma aula de cinema em todos os aspectos.
ResponderExcluirAbraço!
Oi, Davi, tudo bem?
ResponderExcluirLeio seu blog faz um tempo e quase sempre concordo com suas resenhas, resolvi comentar sobre Além da Vida justamente porque discordei.
Gosto mundo do Clint Eastwood pelo que você disse no começo do texto - sobre ele tratar os temas com simplicidade e sutileza, mas fiquei decepcinada com Além da Vida. Achei o filme panfletário (no sentido de estar sendo pressionada a acreditar em algo) e até meio óbvio. Tem momentos emocionantes como você ressaltou, mas achei fraco em comparação com outros do diretor.
Enfim, é sempre válido vir aqui dar uma olhada nas suas resenhas antes de conferir os filmes!
Continue com o blog. Ele é ótimo.
Abraços!
Tudo ótimo Natália! Obrigado por visitar e por contribuir comentando. Sobre o filme, sigo defendendo que é bom, ainda que de fato esteja longe de ser o melhor do Eastwood. Dito isso, não o vejo como panfletário, uma vez que ele apenas usa as experiências daquelas 3 pessoas para tratar de uma possibilidade. Em nenhum momento ele pretende explicar ou mostrar o que é o 'outro lado' ou mesmo dizer que ele é uma possibilidade real. Em suma, o que o filme faz na minha visão, é traduzir o que a perspectiva de cada um dos personagens frente o contato com a morte em diferentes cirscunstâncias implica na vida deles. Mas, como disse, esse é só meu entendimento e opiniões divergentes são sempre muito bem-vindas ;)
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