segunda-feira, 30 de maio de 2011

[TV] As decepções, surpresas e injustiças da temporada.

A temporada regular do mundo das séries chegou ao fim para 99% das produções, mas num ciclo que foi bem irregular para a grande maioria dos dramas (da tv aberta, pelo menos), as lembranças mais marcantes acabam girando em torno de algumas comédias e numa breve reflexão sobre duas boas novidades que, injustiçadas, infelizmente não terão continuidade.

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    Considerando o pouco tempo livre que tenho, vejo muito mais séries do que deveria. E se por um lado a quantidade fica longe de representar qualidade, o volume acaba dando uma base de comparação melhor na hora de formar uma opinião minimamente equilibrada sobre o que foi realmente bom e o que foi ruim. Nesse contexto, dentre séries veteranas e novatas, a verdade é que dos dramas, poucos (como Breaking Bad, Mad Men, Sons of Anarchy e The Walking Dead, por exemplo) se salvaram nessa temporada 2010/2011.

    Não falarei de todas que me decepcionaram, mas dá para destacar algumas. O 5º ano de Dexter, por exemplo, que ainda é uma das minhas séries favoritas, é praticamente de se jogar fora. Ainda que tenha começado com um belíssimo pano de fundo, se afundou num arco que empolgava pouco e que acabou de forma covarde sem trazer nada novo para seu singular protagonista. E o que dizer de House então, que mesmo tendo alguns bons episódios em seu 7º ano, resolveu jogar todo o lento e progressivo processo de mudança do médico genial e genioso no lixo? Sim, porque foi isso que David Shore e cia fizeram ao descontruir a imagem de misantropo que gerava alguma simpatia para criar, com o fim da temporada, o esboço de um cara que mais parece um maníaco depressivo irrecuperável e odiável.

    E como falei de série médica, impossível não citar Grey’s Anatomy. Ao que parece, os elogios ao sexto ano da série e a audiência ainda sólida ao longo da 7ª temporada fez com que a tia Shonda Rhimes se acomodasse para cuidar de seus novos projetos. Assim, salvo raros episódios dignos de lembrança (entre eles o 15º, Golden Hour e o 18º, Song Beneath the Song), a temporada foi arrastada e com muitas histórias chatas (o arco do trauma da Cristina Yang, por exemplo, foi longo demais) que não emocionavam como outrora. Fora isso, o desfecho da temporada que colocou quase todos os personagens em encruzilhadas profissionais e morais empolgou bem muito menos do que poderia ou deveria.

    Já no campo da dramédia, o novelão guilty pleasure Desperate Housewives até que mostrou certo gás ao longo de seu 7º ano com histórias movimentadas e cheias de pequenas reviravoltas. Pena que o principal gancho do encerramento tenha seguido uma linha tão preguiçosa do estilo, ‘Oh, esqueçamos nossas diferenças, temos um segredo em comum e precisamos ficar unidos como vizinhos’. Já Chuck, que milagrosamente acabou renovada para uma 5ª e provavelmente última temporada, teve até um início promissor com a trama envolvendo Mary Bartowski, a mãe do espião nerd, e as ações envolvendo a organização criminosa Volkoff (liderada pelo ex- 007 Timothy Dalton em participação especial na temporada). A lamentar aqui, o fato dos roteiristas terem ficado claramente perdidos depois da metade inicial da temporada sem saber o que fazer com uma história que parecia ter entrado num beco sem saída, mas que aos 44 do 2º tempo encontrou uma saída forçada, mas não menos curiosa e divertida para justificar a continuidade da série.

    Do lado das comédias, se por um lado a piada de The Big Bang Theory tem gosto de repetição e previsibilidade (algo que, em menor escala, também já ocorre na ainda divertidíssima Modern Family), por outro a série ainda encontra espaço para, no fim da temporada, criar dinâmicas novas (Raj e Penny, por exemplo) que podem render situações novas e engraçadas na próxima. Agora, coisa fina, mas fina mesmo foram as temporadas de Community, The Office e Parks and Recreation. A primeira, que considero a melhor da atualidade, teve um 2º ano tão ou mais sólido, inteligente e divertido quanto o de estreia. Já The Office, que passou todo 7º ano vivendo sob a sombra da anunciada saída de Steve Carell, conseguiu sair do marasmo criativo que vinha dominando temporadas anteriores e, presenteando-nos com vários episódios memoráveis (como não lembrar do 16º, Threat Level Midnight, por exemplo?), ainda trouxe e um final cheio de participações especiais com ganchos promissores. Parks and Recreation por sua vez, já havia encontrado seu tom no segundo ano, mas foi mesmo nesse 3º que a série protagonizada por Amy Poehler realmente se estabeleceu como uma das melhores da com tramas bem mais divertidas e personagens que revelaram-se irrestivelmente mais carismáticos.

    No terreno das injustiças (leia-se boas séries novas que não foram renovadas), destaques para duas que encerraram suas jornadas após 13 episódios. Uma delas, Lights Out, trouxe um drama absolutamente envolvente sobre os conflitos e bastidores do mundo do boxe através da saga de um ex-campeão dos pesos pesados que decide voltar aos ringues após 5 anos de aposentadoria. A outra, The Chicago Code, foi simplesmente a melhor surpresa no mundo das séries policiais. Ágil e com roteiros instigantes, a série de Shawn Ryan (The Shield) fez um mix imperdível sobre a política de Chicago e toda a corrupção moral e ética que envolve as estreitas relações de poder de um influente vereador ao passo em que mostra a luta de uma obstinada superintendente do departamento de polícia e seu homem de confiança para tentar livrar a cidade de mafiosos e afins.

    *****

    E vocês, como avaliam a temporada 2010/2011 de um modo geral?

9 comentários:

  1. Dude, acertou em cheio sobre House. Os redatores tem tanto trabalho para construir o personagem e fazem desandar tudo, voltando atrás. Apesar de gostar muito da série, esses passos para trás são bem irritantes. Os fãs não ligam, mas po... o que fã entende ? =)

    Chuck não acredito mais, toda temporada termina 2 ou 3 epis antes do episódio final e toca os fãs tentarem salvá-la e quando os produtores descobrem que vão ser renovados, tem que criar um cliffhanger para a próxima temporada. Ainda bem que termina agora na quinta. Esses truquezinhos já deram o que tinham que dar.

    The killing uma que jogou 5 cartas da mão durante 4 epis e agora sofre de ter novidades em conta-gotas. E pior , todas subtramas estão mais enferrujadas que a tal Rosie Larsen.

    Já Game of Throne, a progressão lenta, vai ganhando corpo e forma com uma trama entremeada de reviravoltas e um belo desenvolvimento de personagens. Meus preferidos são o Ned Stark, o anão e o cara que acompanha a loirinha (não decorei nome de ninguém) que foi expulso do 7 reinos.

    Desculpe me prolongar tanto !

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  2. Davi

    Esqueceu de falar das séries de sci-fi... V, Fringe, The Event...

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  3. MacCrow, use e abuse do espaço. Obrigado por contribuir com teus comentários. Assino embaixo sobretudo com relação a GoT :)

    JJJ.FCC, esqueci não, é que não dá mesmo para falar de todas senão fica um texto longo demais :p Até comentei V por aqui eventualmente e como um bom pastel de vento que sempre foi, até que a série cumpriu seu papel. The Event eu vi até o ep 15, mas abandonei depois. chata demais :p E Fringe, já foi bastante comentada em posts dedicados também, portanto achei que iria me repetir elogiando se a citasse novamente ;)

    Abraço!

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  4. É, faltou fazer uma menção(zinha, que seja) a Fringe, e definitivamente você devia ter mencionado Game of Thrones, mas tudo bem. Concordo com seus comentários (pelo menos aqueles sobre as séries que eu assisto... neste caso, The Big-Bang Theory e House).
    E agora teremos as séries off-season, felizmente! Mal posso esperar para ver o que acontece com Sookie e cia. na quarta de True Blood! (Mesmo com o ridículo final da temporada passada...)
    A propósito, por causa deste blog comecei a ver Community, e estou gostando bastante!

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  5. Bom como fã de séries, hoje estou acompanhando mais os dramas do que as comédias.
    Mas na minha opinião da temporada de 2010/11, a qu eu destaco como a melhor surpresa foi:
    Boardwalk Empire= Tema que fala da máfia sempre me fascinou, com um roteiro escrito pelo produtor de Familia Soprano, consegue cativar com a trama de Nucky Thompson dominando tudo e a todos em Atlantic City, á série é de Martin Scorsese e ganhou o Globo de Ouro, a melhor novidade da temporada.
    Game of Thrones=O episódio de abertura é lindo e com um final que me fez perder o fôlego, a cada episódio a série vai deixando a sensação de quero mais, os personagens são bem trabalhados, a fotografia é ótima, mas tem um detalhe não tem ainda atores com atuação magistral,estou adorando essa série.
    The Borgias=Tema que não agrada muitas pessoas, a saga da família Borgias, com o patriarca da família Rodrigo Borgia se tornando Papa Alexandre V, Showtime buscou uma nova The Tudors, ví a série inteira e fantástica, além da atuação de Jeremy Irons que certamente vai ser indicado ao Emmy ator drama.
    House=Davi você falou o que tava engasgado na minha garganta, esse 7. ano foi difícil de ver até o 15 episódio tudo bem, mas depois fizeram o personagem voltar para trás, mas como assim???Eu lamento mas acho que house tem que acabar.
    Dexter=Se não fosse Michael C. Hall, eu iria abandonar a série, mas eu amo demais esse ator, e mesmo com o roteiro deixando muito a desejar, Michael conseguiu manter o ritmo de sua atuação.
    Comédias:Sempre boas The Big Bang Theory/30 Rock/Modern Family.
    Ansiosa por Breaking Bad/True Blood.
    Davi você não vê mais eua amei o 6. ano de Supernatural.O novo Lost: Fringe essa a rainha do Scfi.

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  6. Creio que o cancelamento de The Event foi uma pena. Tá certo que na primeira parte da 1ª temporada ela foi ficando morna e com uma trama muito sem graça. Mas depois da pausa ela se renovou e teve um final muito interessante.
    Agora, é esperar que outra emissora abrace o caso.
    Com relação a GOT, cada dia mais gosto da série, principalmente pelas suas reviravoltas incríveis.

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  7. Até agora meu top 5 está:

    1 - Community
    2 - Shameless
    3 - Game of Thrones
    4 - Boardwalk Empire
    5 - Parks and Rec

    Aguardando mto Breaking Bad e True Blood!

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  8. Mac Crow, sobre House, eu sequer diria que "fã não liga", e sim que fã NÃO GOSTA desse papo de "evoluir o personagem". Isso é papo de crítico. Po, se eu assisto House, é porque eu gosto do House do jeito que ele é, se eu quisesse que o personagem mudasse o jeito dele de ser, eu passaria a assistir OUTRA serie diferente. Parabéns aos redatores por terem a coragem de trazer o bom e velho House "não me importo com NINGUÉM" de volta!!! \O/

    Toda vez que um personagem muda muito, eu acho pessimo. House mudou e a serie desandou (todo o romance dele com Cuddy foi um pé no saquinho). Dexter mudou e a serie ficou chatissima nesse ponto (de quem foi a ideia de fazer Dexter nutrir sentimentos sobre a familia, pior, ter um filho?). Imaginem so a mérida que seria se os roteiristas resolvessem "evoluir" o Spock de Star Trek, o Sheldon de The Big Bang Theory, ou o Charlie de Two and a Half Men? Simplesmente matariam os seriados (seria mais um daqueles que critico gosta, mas que mal consegue fazer 4 milhoes na audiencia).

    Nao tem que evoluir nada, que seriado de tv aberta nao foi feito para agradar aos críticos, mas sim ao público. Quando muito que os produtores mudem caracteristicas que o publico nao gostou, mas nada de mexer nas caracteristicas que o publico aprendeu a gostar. Nao se mexe em time que está ganhando.

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  9. Rubens você pode evoluir o personagem sem tirar as características dele.

    Por exemplo, não foi pq o House começou a namorar a Cuddy que fez ele deixar de ser do jeito que era.

    O que não pode ser, é para que investir numa coisa (o proprio house percebendo que tem que mudar , se internando e se importando) se a mudança dura um arco de história e volta pro 0 a 0 ? Acho que teria que ter consequências mais marcantes e sem saídas 'fáceis'.

    Eu também não quero o House 'herói' e sim o anti-herói de sempre, mas com sua história indo pra frente e se investi tempo me importando, que façam valer esse tempo o que acaba por acontecer, é a série se tornar muito repetitiva.

    Um exemplo prático e que teremos a resposta em setembro: como começará a nova temporada! Tentando não spoilar, ele tem que recomeçar a vida. Se depois de 3 episódios voltar ao normal .... pô ... não faz sentido.

    Mas claro essa é minha opinião! Não largo House por nada também, mesmo vendo esses detalhes que considero minha visão pessoal.

    Davi, não encontrei outro lugar para falar, mas queria saber: que achou do The killing 9 a 11 e GoT 7 e 8?

    [ ]s

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