Nova década, novas regras. Apoiados nesse conceito (e na chance de faturar mais alguns milhões, é claro), Wes Craven e Kevin Williamson, respectivamente diretor e roteirista da trilogia original, voltam aos cinemas com mais uma continuação da franquia lançada em 1996. E se por um lado Pânico 4 cumpre o que propõe reciclando o mote dos filmes anteriores e maquiando-o com referências mais atuais e divertidas, por outro falha em realmente apresentar algo novo para o gênero.
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Superior ao segundo e terceiro filme, Pânico 4 segue uma linha narrativa muito mais ágil e menos previsível. A abertura, por exemplo, é marcada por participações especiais de duas musas de séries (Anna Paquin de True Blood e Kristen Bell de Veronica Mars), flerta com metalinguagem e apresenta diálogos espertos e até certo ponto carregados de auto-crítica.
A trama é simples: quando Sidney Prescott (Neve Campbell) retorna a Woodsboro dez anos depois do último massacre para lançar um livro que fala sobre como enfrentou seus traumas, uma nova onda de assassinatos perpretados pelo Ghost Face toma forma. Dentre as possíveis vítimas da vez, o casal veterano Dewey e Gale (o sempre terrível David Arquette e Courtney Cox) e mais um bando de adolescentes que funciona tanto como vítima como suspeito e que inclui a prima de Sidney, suas amigas, um ex-namorado e mais uma dupla de estudantes locais viciados em cinema e especificamente nos filmes de terror/horror.
Embora critique os clichês, Pânico 4 tampouco se abstém de abraçá-los quando precisa e de brincar com eles subvertendo-os, o que não deixa de ser um ponto positivo da produção. O problema surge quando o filme força a barra tentando ser engraçado a todo custo (vide a cena do policial que faz uma piada quando está prestes a morrer), o que tira a tensão que algumas cenas deveriam carregar, ou quando transforma certos personagens em meros fantoches (ou zumbis?) aparentemente inertes a tudo o que está acontecendo. Repare na personagem da veterana Mary McDonnell (a Laura Roslin de Battlestar Galactica) por exemplo, e note como ela age de forma imbecil quando o risco de se tornar uma nova vítima cresce.
Escorregadas à parte, é justo dizer que o filme envolve e funciona dentro da ideia que explora, ainda que tenha uma virada final que convence mais pela surpresa do que pela motivação do(a) assassino(a). Resumindo: Pânico 4 traz mais do mesmo, mas diverte e no fim é isso que importa quando se fala nessa franquia, certo?
Cotação:
Comentário com SPOILER do final do filme. Para lê-lo, selecione a área entre setas com o mouse, mas só o faça se já viu o filme! Avisei, hein?
-->Embora seja inegável como surpresa, a revelação de que a sobrinha de Sidney é a assassina empalidece frente à justificativa tola de que ela agiu motivada pelo ciúme que tinha do status de celebridade que a prima alcançara. Tivesse a trama evitado colocar a moça como a vítima mais provável, talvez a virada fosse mais impactante. Ou não? <--