quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Com protagonista nota 10, 5ª temporada de Dexter é nota 7. Pelo menos por enquanto...

Com spoilers para quem não acompanha a série pela exibição americana

Depois da excelente e densa estreia do quinto ano de Dexter, não escrevi mais nada sobre os quatro episódios subsequentes. O real motivo da ausência de posts específicos portanto, além da escassez de tempo, vem de uma única e (para mim) pesarosa verdade: a temporada ainda não empolga. Sim, Dexter continua facilmente no meu top 5 de séries (onde figura desde sua estreia), mas fato é que pelo menos nesse arco inicial, a falta de um bom antagonista (como ocorreu nos melhores anos da série, o 1º e o 4º) atrelada às subtramas desinteressantes (crise de confiança no casamento de Batista e LaGuerta, por exemplo) tem minado a consistência e a regularidade da história, que ainda se mantém acima da média, mas podia ser bem melhor.

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    Derrapadas narrativas à parte, Dexter continua sendo um protagonista absolutamente fascinante. Complexo, contraditório, inteligente e agora menos frio e mais humano, e talvez por isso mais suscetível a erros que antes não cometia, o personagem segue sustentando o peso e a importância que a série ganhou. O Dexter viúvo e pai, agora é um cara mais frágil e que mesmo sem perceber racionalmente, busca cada vez mais a conexão (sem interesses românticos, claro) com alguém que aceite o que ele é e faz.

    Nesse panorama, a relação que ele passa a nutrir com Lumen (Julia Stiles), a jovem que acidentalmente acaba salvando da tortura de um maníaco, ganha contornos curiosos, visto que Dexter constantemente se vê dividido entre a necessidade de manter-se fiel ao código (algo que fica evidenciado nas ‘aparições’ de seu pai) e o desejo de entender a dor da moça e servir de suporte para que ela siga seu caminho, algo que por tabela garantiria a manutenção de seu anonimato.

    Nesse contexto, é inegável que a temporada vai bem, porque desenvolvendo ainda mais o protagonista, expande nosso interesse em torno de tudo o que acontece com ele. Da preocupação justificada em relação ao que o trauma vivenciado pelo bebê Harrison poderia representar (estaria o menino ‘condenado’ a se tornar um psicopata como ele?), passando pelo esforço que Dexter faz para conquistar a confiança da misteriosa babá (ela guarda algum segredo?) ou ainda pela ameaça que a investigação de Quinn pode representar, tudo caminha para a concretização de bons conflitos mais à frente.

    Só é pena, como eu disse antes, que as subtramas que serviriam de apoio para a história central tenham se revelado tão pouco inspiradas até aqui. E ok que os assassinatos de Santa Muerte, além de trazerem o gore de volta à série, fatalmente acabarão atraindo a atenção de Dexter, mas acho que, por enquanto, isso é muito pouco. A própria Lumen, decidida a buscar vingança contra seus agressores em Miami, não parece ter força suficiente para sustentar papel maior que o de funcionar como possível catalisador de exposição de Dexter para Quinn eventualmente. Sobre isso aliás, é razoável assumir que o nada orgânico envolvimento do detetive com Debra só vá servir mesmo como base de um conflito maior quando (e se) ele realmente conseguir ligar os pontos associando Dexter a Kyle Butler e consequentemente a Arthur Mitchell, o Trinity.

    Dito isso, cá entre nós, é querer demais que a essa quinta temporada realmente esquente logo fazendo jus ao protagonista que tem?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

The Walking Dead é série obrigatória!


Imagine o cenário: você acorda num hospital depois de ficar internado sabe-se lá quantos dias, procura auxílio médico, mas tudo que encontra num primeiro momento são cadáveres amontoados pelo caminho em avançado estado de decomposição. Tomado pela incerteza, já que não vê nenhuma viva alma por perto, sai caminhando pela vizinhança só para descobrir que pessoas aparentemente mortas caminham livremente pelas ruas. Sim, você está num lugar tomado por zumbis. O que aconteceu, como, quando e por quê? Bom, aí só assistindo The Walking Dead, série que estreia no próximo dia 31 de outubro nos EUA via AMC (dia 2 de novembro no Brasil pela Fox) e que já nasce justificando todo hype que se criou desde que seu primeiro trailer surgiu alguns meses atrás. A série é realmente excepcional e, desde já, absolutamente obrigatória!

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    Quando repercuti a notícia de que a HQ The Walking Dead ganharia uma adaptação na tv, pouco se sabia a respeito de seu formato. À época, a única certeza era a de que Frank Darabont estaria à frente do projeto e que o presidente do AMC garantia que a série seria fiel ao material de origem. Pois bem, passado pouco mais de um ano, eis que o episódio piloto de pouco mais de 60 minutos vaza deixando uma constatação óbvia: praticamente todos os elementos mais marcantes da HQ foram de fato emulados na série. O tom de horror está lá, assim como a violência gráfica em diversos níveis. Mistérios? Claro que sim, mas no fim, em meio a efeitos visuais impressionantes e assustadoramente convincentes, o principal elemento que surge dando força à narrativa é o da mais básica luta pela sobrevivência num cenário apocalíptico inimaginável.

    Darabont, que além de ser produtor executivo da série, escreveu o roteiro e dirigiu o primeiro episódio, imprime o mesmo tom de suspense intrigante que vimos no seu excelente O Nevoeiro (The Mist, 2007). Em “Days Gone Bye”, episódio que abre a série, pouco descobrimos sobre os sobreviventes ou sobre como se organizam para passar mais um novo dia longe da fome de zumbis sempre à espreita. Se isso impede qualquer conexão imediata da nossa parte? Nem um pouco, porque conflitos e dilemas rapidamente tomam forma, quer seja através do protagonista da série, o policial Rick Grimes que busca pela esposa e filho cujo destino ele desconhece, ou de situações limites capazes de levantar questionamentos morais relevantes em torno do que vale ou não vale fazer quando se tenta sobreviver.

    Pode até soar como exagero da minha parte, mas mesmo com apenas um episódio na conta vou apostar desde já que The Walking Dead será A série da temporada. Dito isso, se você não tinha conhecimento da produção ou simplesmente não pretendia assistí-la, a hora de mudar de ideia é agora. Se já ia ver, por enquanto tenha certeza de uma única coisa: a série é mesmo do cacete!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Fringe – Eps. 3x02-03-04

Com spoilers para quem não acompanha a 3ª temporada pela exibição americana


Sou fãnzaço de Fringe, mas confesso que por mais empolgante que a trama do universo alternativo pudesse parecer quando se tornou realidade para a história base da 3ª temporada, duvidei que a produção pudesse continuar equilibrando arco mitológico com os chamados casos da semana de forma satisfatória. Pois bem, agora passados quatro episódios, as dúvidas se foram e a certeza de que mitologia e eventos específicos mais fechados podem funcionar em perfeita harmonia está mais que evidente corroborando o óbvio: Fringe é uma das poucas séries imperdíveis da atualidade.

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    Alternando episódios entre o ‘nosso’ universo e o de lá, a narrativa tem se revelado bem fluida com os acontecimentos dos dois lados que funcionam de maneira orgânica e instigante. Assim, se o segundo episódio, “The Box” trouxe a revelação de que Walter passa a controlar a Massive Dynamics (cuja tecnologia deve ter papel fundamental para a guerra iminente entre os mundos), “The Plateau” e “Do Shapeshifters Dream of Electric Sheep?”, terceiro e quarto episódios respectivamente parecem indicar o que deve ser o principal conflito da trama: o eventual apego das Olivias com o universo que não o seu.

    Nesse cenário, o que mais tem chamado minha atenção até agora, além das sempre brilhantes e divertidas tiradas de Walter, é a construção do papel que não só a Olivia original desempenhará eventualmente do lado de lá onde parece cada vez mais convencida de ser quem não é, mas também o de sua contraparte vilã, que ciente de tudo e movimentando as peças do tabuleiro conforme sua missão pede, pouco a pouco parece também fadada a confundir-se com a persona que tenta fingir ser.

    Sendo assim, o grande momento da temporada deve se dar quando os dois universos voltarem a se chocar de forma mais direta. Com isso, imagino que em breve o plano de Walternativo de usar Olivia como ferramenta encontre obstáculo numa ação do Philip Broyles de lá (que parece disposto a questionar as motivações de seu chefe), ao mesmo tempo em que os riscos da falsa Olivia ser exposta cresçam à medida em que o relacionamento com Peter ganhe mais peso.

    Mais consistente do início ao fim de cada episódio, Fringe parece ter encontrado a sua fórmula ideal nesse início de terceiro ano. O ritmo dos episódios está melhor, os personagens ficaram mais interessantes (destaque para Olivia, claro, conforme já destaquei antes) e a trama em si parece muito mais madura e objetiva. Se a sequência da temporada irá sustentar essa conquista eu não sei, mas conto os dias para que o próximo episódio chegue logo. E você, faz o mesmo?

A quarta temporada de Mad Men, a série chata mais divertida da tv

Já afirmei antes por aqui que Mad Men não faz parte do meu top 5 de séries favoritas, mas seria hipócrita se deixasse de reconhecer seus muitos méritos ou dissesse que não sou fã da série. Absolutamente adulta, inteligente e rica em personagens complexos e interessantes, o drama papa Emmys do canal a cabo americano, AMC, faz parte de um seletíssimo, se não exclusivo, clube: o das séries que já nascem prontas e absolutamente maduras para crítica e público.

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    Encerrado nos EUA no domingo, 16 de outubro, o quarto ano de Mad Men seguiu à risca a cartilha da série desde seu início: foi bem regular ao longo de seus 13 episódios, manteve o mesmo primor técnico que já lhe rendeu diversos prêmios, investiu ainda mais no desenvolvimento de seus personagens e conseguiu contextualizar muito bem as características da época com o drama em torno dos sucessos e fracassos da ainda novata agência de publicidade Sterling Cooper Draper Pryce.

    Tropeços aqui e ali sem dúvida existiram (o penúltimo episódio para mim funcionaria muito melhor como desfecho de temporada em vez do final novela das 21h de “Tomorrowland”), mas é bem justo dizer que, no geral, a quarta temporada de Mad Men foi muito sólida. Além de ampliar os horizontes para muitos de seus personagens coadjuvantes com a formação da nova agência (destaques óbvios aqui para Joan, Peggy, Pete e Roger, este fundamental para o principal evento da reta final da temporada) o quarto ano também foi o que trouxe uma das horas mais memoráveis da série com “The Suitcase”, episódio praticamente todo centrado em Don e Peggy dividindo frustrações pessoais e profissionais numa espiral envolvente, angustiante e, por que não dizer, emocionante através das excelentes performances de Jon Hamm e Elisabeth Moss.

    Sobre Don Draper, aliás, não é exagero dizer que essa foi a temporada em que seu protagonismo ficou mais evidente. O constraste entre o homem austero da agência e aquele com a vida pessoal em frangalhos – sobretudo depois da dissolução de sua família e da partida de Anna - renderam ao personagem momentos marcantes que expandiram seus conflitos e sua complexidade, além, claro, de consolidá-lo como o terror das secretárias.

    Já renovada para pelo menos mais uma temporada, Mad Men tem tudo para voltar surpreendendo, ou no mínimo, como pontuou a Juliana Ramanzini dia desses, continuar sendo a série ‘chata’ mais divertida da televisão.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2

Dentre todos os grandes momentos de Tropa de Elite 2 (e há vários deles), aquele que se torna chave ocorre quando o agora coronel Nascimento (Wagner Moura, excepcional) toma um tirambaço. Mas, não o de uma bala saída de um fuzil, e sim o da realidade que desaba sobre ele fazendo-o, após mais de 20 anos dedicados à polícia, finalmente enxergar e entender com clareza a podridão da estrutura em que estava inserido e à qual respondia. Esse é o ponto de virada do filme, aquele em que o personagem – de novo narrador da história - vê muitas das certezas (senão todas) que carregava até então sendo derrubadas. É também o ponto em que o filme consolida o retrato crítico e contundente do estado das coisas no Brasil e de como a percepção que temos do que move e alimenta a violência do dia a dia das grandes cidades (sobretudo do Rio de Janeiro) é turva e parcial. Corajoso, inteligente e absolutamente relevante para discurtirmos o país que queremos ser, Tropa de Elite 2 estabelece-se como um filmaço muito maior e melhor que uma mera continuação do original de 2007.

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    Novamente dirigido e escrito por José Padilha em parceria com Bráulio Montovani, Tropa 2 é um thriller empolgante que, contando com uma narrativa ágil e instigante (que deve muito à montagem brilhante de Daniel Rezende, diga-se), abre mão de se focar nas sequências de ação (que ainda existem aos montes, fique tranquilo), dando espaço para um desenvolvimento muito mais elaborado de seus personagens. Os conflitos e dilemas que movem Nascimento agora, atingem escalas muito maiores que a do 1º filme ao mesmo tempo em que personagens diametralmente opostos a ele no método (como o deputado Fraga, por exemplo), ganham espaço num quadro que aponta o dedo para a ferida colocando ideologias aparentemente contraditórias em cheque e lado a lado ao mesmo tempo.

    Ainda que seja uma obra de ficção – algo que a produção faz questão de apontar logo no início - Tropa 2 mira num único alvo, a corrupção como principal responsável pela tragédia da violência urbana, e acaba acertando em vários à medida em que revela as várias facetas de toda estrutura do poder político amoral que se beneficia de um estado de caos constante disfarçado de lei. O vilão do filme não é mais o traficante de drogas que troca tiros com o Batalhão de Operações Especiais , mas sim o poder paralelo representado pela milícia que se estabelece como força de sustentação de uma engrenagem cuja mecânica envolve desde policiais corruptos, passando por deputados, secretário de segurança e governador.

    Mas Tropa 2 não é bom só por diagnosticar com coragem e inteligência a causa de um dos nossos maiores problemas numa linguagem cinematográfica eloquente. Seu grande mérito, além de provocar uma reflexão importante e fundamental, é a de alimentar catarse no espectador, que identificado com as mazelas retratadas no filme, vibra com o momento em que Nascimento espanca um de seus algozes (o hipócrita secretário de segurança) ou com aquele em que o deputado Fraga impõe sua posição ética com muita força numa reunião parlamentar do Congresso. A partir daí, uma certeza se estabelece de forma inquestionável: Tropa 2 é O filme definitivo do cinema nacional.

    Cotação:

Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right)

Contando com atuações inspiradas que devem render indicações ao Oscar para o trio Annette Bening, Julianne Moore e Mark Ruffalo (este, vale dizer, em um de seus melhores e mais sólidos trabalhos), Minhas Mães e Meu Pai vai figurar facilmente na lista dos melhores filmes do ano. Apoiada num humor inteligente que rende sequências divertidíssimas pontuadas por drama na dosagem certa sem nunca passar do ponto, a produção vem causando merecido furor em festivais mundo afora desde o início do ano e esteve na lista dos mais procurados na recém encerrada edição 2010 do Festival do Rio.

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    Na trama, equilibrada por risos fáceis e emoções em igual medida, o casal de lésbicas Nic e Jules (Benning e Moore excelentes) encara uma crise familiar catalisada pelo aparecimento de Paul (Ruffalo), pai biológico de seus filhos, Laser (Josh Hutcherson) e Joni (Mia Wasikowska, de Alice no País das Maravilhas) e que até então era um reles anônimo para todos.

    Dirigido e roteirizado por Lisa Cholodenko, o filme faz um retrato honesto e bastante humano de cada um dos seus cinco personagens principais que, encarando conflitos diversos que se chocam em dado momento, são apresentados na dimensão de suas virtudes e defeitos sem que nunca ocorram julgamentos superficiais. Nesse cenário, o filme ganha força tanto no desenvolvimento quanto no desfecho balizado por alegrias e decepções que deixam um gosto agridoce absolutamente irresistível.

    Minhas Mães e Meu Pai estreia no circuito comercial no dia 12 de novembro.

    Cotação:

Blo, Go: Você não pode perder essa festa!

No dia 13 de novembro, o Dynamite Pub, em São Paulo, vai ser invadido pela festa dos sonhos de todo seriador. Por isso, se prepare para deixar seus episódios e temporadas de lado, pois essa é a oportunidade perfeita para mostrar que você também tem vida social e não é só um nerd atrás da tela do computador.

A noite será totalmente dedicada aos fãs de seriados, com muita diversão, gente bonita e, claro, o melhor das trilhas sonoras da TV, sob o comando do badalado DJ André Pomba. Além disso, os blogueiros e podcasters do Box de Séries, Série Maníacos, Seriadores Anônimos e Blog NaTV vão sair da toca para performances especiais nas Pick Ups.

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    Glee é o tema dessa primeira edição, que tem o apoio da FOX, por isso, teremos um set especial de meia hora, só com músicas da série que virou mania no mundo todo, especialmente no Brasil.

    Então, fiquem ligados nos blogs parceiros, no twitter do evento e em na página no Facebook, porque acontecerão muitas promoções que darão, para alguns sortudos, kits da série e convites VIPs nas próximas semanas. Vai perder essa?

    Serviço:

    Dynamite Pub

    Rua 13 de Maio, 363, Bela Vista, São Paulo. Entrada a R$15,00 ou R$30,00 de consumação.

    Clique aqui para ver o mapa

    Realização:

    Box de Séries

    Série Maníacos

    Seriadores Anônimos

    Blog NaTV

    Apoio: FOX

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Festival do Rio 2010 – Pt 1

Ainda que uma certa frustração fique no ar em virtude da certeza de que não verei tantos filmes quanto gostaria, é sempre prazeroso sentir a atmosfera do Festival do Rio, quer seja pelo desafio de fazer a seleção dos filmes ou pela ansiedade da espera que cerca a liberação desse ou daquele filme que chega na última hora. Na edição desse ano pretendo ver pelo menos 20 filmes dos mais diversos gêneros e origens, e até agora, passados 5 dias de festival, minha lista traz sete produções vistas e brevemente comentadas logo na sequência. Aproveitando, deixo aqui meu abraço para o crítico Pablo Villaça do meu site favorito sobre cinema, o Cinema em Cena, com quem tive o prazer de encontrar em duas ocasiões e que está cobrindo o Festival do Rio pela primeira vez.

Filho da Babilônia (Son of Babylon, Iraque / Reino Unido / França / Holanda / Emirados Árabes Unidos, 2009) de Mohamed Al-Daradij. Com: Yasser Talib, Shazda Hussein, Bassir Al-Majid.

Iraque, 2003. Três semanas após a queda de Saddam Hussein, o menino Ahmed e sua avó atravessam o país tentando localizar o pai do garoto, desaparecido depois de ter sido preso anos antes pela Guarda Republicana do ditador. Repleto de sutilezas e retratando de forma crua a dura realidade de um povo oprimido, porém sempre esperançoso, o filme constrói de forma equilibrada a trajetória e as relações que se estabelecem entre o garoto e sua avó com personagens que cruzam seu caminho mudando a percepção que tem sobre sua busca. Nesse panorama, é curioso perceber como a narrativa vai se embrutecendo de forma decisiva à medida em que o fim se aproxima, com um tom sério e diametralmente oposto ao do início da projeção que dava espaço até para alívios cômicos. Nota: 8

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    A Vida Durante a Guerra (Life During Wartime, EUA, 2009) de Todd Solondz. Com: Shirley Henderson, Allison Janney, Ally Sheedy, Ciarán Hinds.

    Contando uma fotografia que ajuda a imprimir o incômodo de diálogos incomuns e situações constragedoras, como a cena de uma mãe (papel de Allison Janney, da série The West Wing) comentando com o filho sobre quão excitada ficara num encontro, o filme de Solondz mostra três irmãs tentando se ajustar em relações (amorosas e profissionais) confusas e carregadas por sentimento de culpa. Investindo num humor negro que, infelizmente funciona de forma irregular ao longo da narrativa, o filme coloca a fragilidade de suas protagonistas em foco, tanto pelo tom inseguro da voz de uma, ou pelas ações de outra, mas derrapa ao não saber trabalhar esse aspecto no sentido de torná-las figuras interessantes, o que acaba contribuindo para um quase completo esvaziamento de sua narrativa no fim. Nota: 6

    A Suprema Felicidade (Idem, Brasil, 2010) de Arnaldo Jabor. Com: Marco Nanini, Dan Stulbach, Mariana Lima, Jayme Matarazzo, João Miguel, Maria Flor, Elke Maravilha.

    É de se lamentar que o talento que Jabor empresta às suas crônicas não se reflita em sua filmografia que, com esse ‘A Suprema Felicidade’, infelizmente acaba de ficar ainda mais irregular. Anacrônico e pouco fluido em várias passagens, o filme que se passa na década de 40 investe numa narrativa vazia cheia de idas e vindas temporais para contar a história de Paulo (Jayme Matarazzo), um jovem que, vivenciando a relação deteriorada de seus pais (Dan Stulbach e Mariana Lima), se apoia no avô (Nanini) para tentar encontrar a tal felicidade do título na boêmia da noite carioca e na relação que estabelece com mulheres que lhe rendem paixões e desilusões na mesma medida. Com exceção de Marco Nanini, o único do elenco que escapa de um retrato unidimensional e consegue conferir alguma relevância e profundidade a seu personagem, o filme tem um resultado medíocre, que em grande parte é culpa de um roteiro capenga e de uma direção preguiçosa e equivocada. Nota: 4

    Suprema Felicidade tem estreia programada para o dia 29/10 nos cinemas.

    A Woman, a Gun and a Noodle Shop (San Qiang Pai An Jing Qi, Hong Kong / China, 2010) de Zhang Yimou. Com: Sun Honglei, Xiao Shenyang, Yan Ni, Ni Dahong.

    A intenção até podia ser boa, mas o resultado... Tentando mesclar o estilo de algumas de suas excelentes obras anteriores com um gênero novo para ele, o da comédia de humor negro, o cineasta chinês Zhang Yimou derrapa na iniciativa ao sustentar uma trama que envolve traições e vingança com personagens demasiadamente caricatos e superficiais. Adaptação de Gosto de Sangue, dos irmãos Coen, o filme falha ao não conseguir emular o tom daquela obra e por insistir de forma excessiva em gags físicas que se repetem ao longo da trama que evolui de forma pouco inspirada e nada surpreendente. Longe de ser tão divertido quanto pretende (ainda que faça rir vez ou outra), o filme revela pouca coisa realmente interessante com a assinatura de seu realizador e só não é um desastre total por conta de sequências como a que mostra alguns personagens fazendo a massa de macarrão como se fosse um verdadeiro balé e pela fotografia sempre eficiente nas produções de Yimou. Nota: 5

    Federal (Idem, Brasil, 2010) de Erik de Castro. Com: Carlos Alberto Riccelli, Selton Mello, Cesário Augusto, Christovam Netto, Eduardo Dusek, Michael Madsen.

    Ainda que só esteja chegando agora aos cinemas, ‘Federal’ foi produzido na mesma época do primeiro Tropa de Elite e teve seu roteiro (escrito por três pessoas, incluindo o diretor) explorado em laboratórios como o de Sundance ainda 2001, além de ter sido submetido à seleções de bancas de empresas estatais que liberaram o patrocínio do filme. Assim, com tanto tempo de preparo, é no mínimo constrangedor (ou assustador, como queira) que o resultado na tela seja tão ruim. Tentando construir, através de um grupo de policiais federais, encabeçados pelo delegado Vidal (Riccelli) e pelo novato Dani (Selton Mello), um retrato crítico das ações de combate ao narcotráfico em Brasília e da estrutura de corrupção que sustenta esse poder, o filme é um festival de sucessivos equívocos, quer seja pelas constantes (e nunca justificadas) mudanças de motivações de quase todos os personagens, passando por sequências de ação inexpressivas ou mesmo pelas cenas de sexo gratuitas que nada acrescentam à trama. Absolutamente falho em tudo que propõe, ‘Federal’ é facilmente um dos piores filmes policias que já vi e que ainda nos brinda com Michael Madsen (Cães de Aluguel, Kill Bill) na atuação mais canastrona de sua carreira e que só perde para a de Eduardo Dusek no papel do chefão do tráfico. Nota: 2

    Federal tem estreia programada para o dia 29/10 nos cinemas.

    Essential Killing (Idem, Polônia / Noruega / Irlanda / Hungria, 2010) de Jerzy Skolimowski. Com: Vincent Gallo, Emmanuelle Seigner.

    Tenso e absolutamente angustiante do início ao fim, ‘Essential Killing’ narra a jornada de um soldado afegão que, após ser capturado e torturado pelo exército americano, luta pela sobrevivência fugindo por regiões inóspitas da Europa, depois que seu veículo de transporte sofre um acidente. Com Vincent Gallo (Brown Bunny) em atuação memorável*, ainda que não fale uma só palavra ao longo de toda trama, o que faz com que sua interpretação dependa exclusivamente de sua expressão corporal, o filme foge da armadilha de fazer qualquer juizo de valor das ações do soldado, que mata como se fosse um animal acuado em situação semelhante. Não é definitivamente um filme fácil, mas é sem dúvida uma experiência rica e envolvente que só derrapa na motivação de uma determinada personagem, que surge como bóia de salvação do protagonista antes do derradeiro desfecho da produção. Nota: 9

    * Se o mundo das premiações fosse justo, Gallo deveria ser no mínimo indicado ao Oscar em 2011.

    Bebês (Bébé(s), França, 2009) de Thomas Balmès.

    Um delicioso turbilhão de emoções. É exatamente isso que o francês, ‘Bebês’, provoca ao longo da quase hora e meia de duração da produção que se revela absurdamente irresistível, quer seja pela forma ou pelo conteúdo. Acompanhando a trajetória de quatro bebês nascidos em lugares bem diferentes (dois nos centros urbanos de São Francisco e Tóquio e outros dois em zonas isoladas da Namíbia e da Mongólia), esse doc encanta pela simplicidade e pela elegância com que registra as mais diversas fases do primeiro ano de vida dos bebês. Sua principal virtude? Evidenciar o fato de que mesmo estando em ambientes e culturas diametralmente opostas, os quatro agem e reagem de maneiras praticamente idênticas, com divertida curiosidade e doçura frente as descobertas do mundo que os rodeia. Nota: 9

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Dexter - Ep. 5x01 “My Bad”

Episódio exibido no dia 26/9 nos EUA


Emocionalmente exausto. É assim que “My Bad”, episódio que abre a 5ª temporada de Dexter, te deixa após pouco mais de 50 minutos de duração. Sensível já no resumo que faz da trajetória de Dexter até aqui (e do que Rita significou para as mudanças no personagem), essa estreia do novo ano da série é uma montanha russa de sentimentos complexos, muitas vezes contraditórios e não menos impactantes. Um brilhante retorno de uma série idem.

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    Retomando a trama imediatamente após os eventos que encerraram a temporada anterior, ‘My Bad’ mostra um Dexter em estado de profunda anestesia mental e baixíssima resposta emotiva ou mesmo racional. O personagem que reencontramos ao longo do episódio não segue métodos e não sabe disfarçar seus sentimentos. Aqui ele é um sujeito transtornado, confuso e que sente o peso do mundo caindo em suas costas com uma culpa que se traduz até mesmo por uma ação ingênua como a do momento em que diz a um policial recém chegado à sua casa que teria sido ele, Dexter, o responsável pela morte de Rita.

    Nesse panorama, somos todos levados como meros e angustiados passageiros numa viagem que expõe Dexter em todas as nuances de sua psiquê, quer seja pelo período em que ele simplesmente se fecha reprimindo qualquer reação ou pelos instantes em que, não mais suportando o peso dos acontecimentos mais recentes, se entrega à uma fúria selvagem que culmina numa estranha catarse evidenciada pela cena em que ele mata um homem de forma intempestiva.

    E é essa mesma catarse que posteriormente encontra eco no emocionante discurso que Dexter faz durante o funeral de Rita. Palavras que ficam ecoando após o fim do episódio e que traduzem bem o que o fato de tê-la encontrado e sua abrupta e violenta perda significam para o personagem: “Eu nem era humano quando a encontrei.” E dá para discordar?

    Outras observações:

    - 68 mortes. É esse o histórico de Dexter depois do assassinato que comete no episódio.
    - Breve destaque para Masuka, o eterno alívio cômico da série na cena em que vê o corpo de Rita na banheira: “Sempre a imaginei nua, mas nunca dessa forma.”
    - Não acho que Quinn vá se tornar um Doakes 2.0 esmiuçando a vida Dexter, mas já estou curioso para ver qual será o desfecho dessa subtrama até porque um possível envolvimento dele com Deb certamente há de complicar as coisas ainda mais.
    - Mesmo sem qualquer violência, a cena em que Dexter conta o que aconteceu com Rita de forma seca para Astor e Cody é desde já, das mais chocantes da série pelo que representa.
    - O impressionante trabalho do casal Michael C. Hall e Jennifer Carpenter. Não faço ideia do que o futuro reserva para eles como atores, mas já dá quase para dizer que Dexter e se Debra são os papéis de suas vidas tamanha força e complexidade que conferem a eles.

Dudecast News #5 - A nova temporada de séries

Promessa é dívida e a gente paga, por isso a partir dessa semana retomamos nosso humilde Dudecast para comentar (quase) tudo o que temos visto dessa temporada 2010/2011 de séries que esquenta de vez com a recém iniciada fall season. Nessa edição, Juliana e eu comentamos mais de 30 séries(!) dentre veteranas e novidades no tom bem informal que sempre caracterizou nossos programinhas em época de Lost. Sem maiores delongas, prepare os ouvidos e divirta-se conosco.

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