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sábado, 13 de novembro de 2010

Senna

Quando os créditos finais de ‘Senna’ surgem na tela, o sentimento de nostalgia é inevitável. Não só pela F1 em si, que na época de Ayrton e cia era infinitamente melhor que essa coisa sem graça de hoje, mas sobretudo (e com direito a muitas e inevitáveis lágrimas) pela saudade imensa que o filme desperta desse que, para mim, foi o maior ícone esportivo que o país já teve.

Usando registros, em sua maioria raros, de momentos marcantes da trajetória de Ayrton Senna (com destaque óbvio para sua espetacular vitória no Brasil em 1991), o documentário dirigido pelo inglês Asif Kapadia constrói um retrato empolgante e emocionane do homem que viveu menos do que gostaria – é particularmente doloroso ver o próprio Senna falando sobre planos que tinha para um futuro que não veio -, mas que soube fazê-lo de forma intensa como um herói das pistas instantaneamente transformado em mito depois daquele fatídico 1 de maio de 1994.

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    Fugindo um pouco da estrutura usual que caracteriza documentários sobre personalidades – no filme, todos os testemunhos, memórias e opiniões sobre Senna são dadas através de voice over ou pelo próprio -, o filme tem dentre seus muitos méritos, a coragem de não tenta fazer um retrato imaculado de seu protagonista. Assim, o Ayrton que vemos no filme é, mais do que um cara apaixonado pela velocidade e pela incansável busca da perfeição, um homem que teve que aprender, em meio a erros e acertos, a equilibrar seu talento notório nas pistas com a difícil habilidade política que o mundo da F1 exigia.

    Nesse panorama, a rivalidade entre Senna e Alain Prost (exposto como um piloto de caráter no mínimo questionável em várias passagens) ganha atenção especial, já que é justamente através da relação conturbada e explosiva dos dois que temos a chance de conhecer os bastidores do circo da F1 com tudo de bom e de ruim que ele sempre teve, como dirigentes muito mais fiéis a interesses pe$oais do que ao desenvolvimento pleno (e principalmente seguro) de um esporte que desperta tanta paixão mundo afora.

    Vibrante como registro histórico, Senna é uma bela homenagem à memória da personalidade inesquecível e que por tantos domingos nos fez ter orgulho de ver a bandeira verde e amarela tremulando no alto do pódio após cada corrida vencida com o tema da vitória tocando ao fundo. Que saudade, Ayrton!

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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

3 Blu-Rays essenciais direto da Amazon

Três Blu-Rays que considero essenciais para qualquer coleção estão com ótimos preços na Amazon UK. Falo das latas de Band of Brothers (R$38!), The Pacific (R$80) e da recém lançada Trilogia De Volta Para o Futuro (R$66). As duas primeiras e elogiadas produções da HBO, tem opção de legenda em pt-br. Já a trilogia estrelada por Marty McFly, embora só traga legendas em pt-pt, custa quase 1/3 do preço praticado no lamentável box nacional e tem arte infinitamente mais bem elaborada. Aqui, aqui e aqui, você vê vídeos que mostram esses BDs em detalhes. Comprando os 3 juntos, o frete mais barato para o Brasil sai por R$19!


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Dudecast News #7 - Scott Pilgrim, House, Grey's Anatomy e In Treatment



Na 7ª edição do Dudecast News, um filme e três séries médicas entram em pauta. Juliana e eu começamos o papo falando sobre o excelente e divertidíssimo Scott Pilgrim Contra o Mundo, filme que até agora infelizmente só chegou às salas de São Paulo (que vacilo hein, Universal Paramount?!). Na sequência, três séries com temática médica entram na discussão e falamos sobre o 7º ano de House () e Grey's Anatomy (), e também da recém iniciada 3ª temporada da ótima In Treatment.

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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2

Dentre todos os grandes momentos de Tropa de Elite 2 (e há vários deles), aquele que se torna chave ocorre quando o agora coronel Nascimento (Wagner Moura, excepcional) toma um tirambaço. Mas, não o de uma bala saída de um fuzil, e sim o da realidade que desaba sobre ele fazendo-o, após mais de 20 anos dedicados à polícia, finalmente enxergar e entender com clareza a podridão da estrutura em que estava inserido e à qual respondia. Esse é o ponto de virada do filme, aquele em que o personagem – de novo narrador da história - vê muitas das certezas (senão todas) que carregava até então sendo derrubadas. É também o ponto em que o filme consolida o retrato crítico e contundente do estado das coisas no Brasil e de como a percepção que temos do que move e alimenta a violência do dia a dia das grandes cidades (sobretudo do Rio de Janeiro) é turva e parcial. Corajoso, inteligente e absolutamente relevante para discurtirmos o país que queremos ser, Tropa de Elite 2 estabelece-se como um filmaço muito maior e melhor que uma mera continuação do original de 2007.

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    Novamente dirigido e escrito por José Padilha em parceria com Bráulio Montovani, Tropa 2 é um thriller empolgante que, contando com uma narrativa ágil e instigante (que deve muito à montagem brilhante de Daniel Rezende, diga-se), abre mão de se focar nas sequências de ação (que ainda existem aos montes, fique tranquilo), dando espaço para um desenvolvimento muito mais elaborado de seus personagens. Os conflitos e dilemas que movem Nascimento agora, atingem escalas muito maiores que a do 1º filme ao mesmo tempo em que personagens diametralmente opostos a ele no método (como o deputado Fraga, por exemplo), ganham espaço num quadro que aponta o dedo para a ferida colocando ideologias aparentemente contraditórias em cheque e lado a lado ao mesmo tempo.

    Ainda que seja uma obra de ficção – algo que a produção faz questão de apontar logo no início - Tropa 2 mira num único alvo, a corrupção como principal responsável pela tragédia da violência urbana, e acaba acertando em vários à medida em que revela as várias facetas de toda estrutura do poder político amoral que se beneficia de um estado de caos constante disfarçado de lei. O vilão do filme não é mais o traficante de drogas que troca tiros com o Batalhão de Operações Especiais , mas sim o poder paralelo representado pela milícia que se estabelece como força de sustentação de uma engrenagem cuja mecânica envolve desde policiais corruptos, passando por deputados, secretário de segurança e governador.

    Mas Tropa 2 não é bom só por diagnosticar com coragem e inteligência a causa de um dos nossos maiores problemas numa linguagem cinematográfica eloquente. Seu grande mérito, além de provocar uma reflexão importante e fundamental, é a de alimentar catarse no espectador, que identificado com as mazelas retratadas no filme, vibra com o momento em que Nascimento espanca um de seus algozes (o hipócrita secretário de segurança) ou com aquele em que o deputado Fraga impõe sua posição ética com muita força numa reunião parlamentar do Congresso. A partir daí, uma certeza se estabelece de forma inquestionável: Tropa 2 é O filme definitivo do cinema nacional.

    Cotação:

Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right)

Contando com atuações inspiradas que devem render indicações ao Oscar para o trio Annette Bening, Julianne Moore e Mark Ruffalo (este, vale dizer, em um de seus melhores e mais sólidos trabalhos), Minhas Mães e Meu Pai vai figurar facilmente na lista dos melhores filmes do ano. Apoiada num humor inteligente que rende sequências divertidíssimas pontuadas por drama na dosagem certa sem nunca passar do ponto, a produção vem causando merecido furor em festivais mundo afora desde o início do ano e esteve na lista dos mais procurados na recém encerrada edição 2010 do Festival do Rio.

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    Na trama, equilibrada por risos fáceis e emoções em igual medida, o casal de lésbicas Nic e Jules (Benning e Moore excelentes) encara uma crise familiar catalisada pelo aparecimento de Paul (Ruffalo), pai biológico de seus filhos, Laser (Josh Hutcherson) e Joni (Mia Wasikowska, de Alice no País das Maravilhas) e que até então era um reles anônimo para todos.

    Dirigido e roteirizado por Lisa Cholodenko, o filme faz um retrato honesto e bastante humano de cada um dos seus cinco personagens principais que, encarando conflitos diversos que se chocam em dado momento, são apresentados na dimensão de suas virtudes e defeitos sem que nunca ocorram julgamentos superficiais. Nesse cenário, o filme ganha força tanto no desenvolvimento quanto no desfecho balizado por alegrias e decepções que deixam um gosto agridoce absolutamente irresistível.

    Minhas Mães e Meu Pai estreia no circuito comercial no dia 12 de novembro.

    Cotação:

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Festival do Rio 2010 – Pt 1

Ainda que uma certa frustração fique no ar em virtude da certeza de que não verei tantos filmes quanto gostaria, é sempre prazeroso sentir a atmosfera do Festival do Rio, quer seja pelo desafio de fazer a seleção dos filmes ou pela ansiedade da espera que cerca a liberação desse ou daquele filme que chega na última hora. Na edição desse ano pretendo ver pelo menos 20 filmes dos mais diversos gêneros e origens, e até agora, passados 5 dias de festival, minha lista traz sete produções vistas e brevemente comentadas logo na sequência. Aproveitando, deixo aqui meu abraço para o crítico Pablo Villaça do meu site favorito sobre cinema, o Cinema em Cena, com quem tive o prazer de encontrar em duas ocasiões e que está cobrindo o Festival do Rio pela primeira vez.

Filho da Babilônia (Son of Babylon, Iraque / Reino Unido / França / Holanda / Emirados Árabes Unidos, 2009) de Mohamed Al-Daradij. Com: Yasser Talib, Shazda Hussein, Bassir Al-Majid.

Iraque, 2003. Três semanas após a queda de Saddam Hussein, o menino Ahmed e sua avó atravessam o país tentando localizar o pai do garoto, desaparecido depois de ter sido preso anos antes pela Guarda Republicana do ditador. Repleto de sutilezas e retratando de forma crua a dura realidade de um povo oprimido, porém sempre esperançoso, o filme constrói de forma equilibrada a trajetória e as relações que se estabelecem entre o garoto e sua avó com personagens que cruzam seu caminho mudando a percepção que tem sobre sua busca. Nesse panorama, é curioso perceber como a narrativa vai se embrutecendo de forma decisiva à medida em que o fim se aproxima, com um tom sério e diametralmente oposto ao do início da projeção que dava espaço até para alívios cômicos. Nota: 8

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    A Vida Durante a Guerra (Life During Wartime, EUA, 2009) de Todd Solondz. Com: Shirley Henderson, Allison Janney, Ally Sheedy, Ciarán Hinds.

    Contando uma fotografia que ajuda a imprimir o incômodo de diálogos incomuns e situações constragedoras, como a cena de uma mãe (papel de Allison Janney, da série The West Wing) comentando com o filho sobre quão excitada ficara num encontro, o filme de Solondz mostra três irmãs tentando se ajustar em relações (amorosas e profissionais) confusas e carregadas por sentimento de culpa. Investindo num humor negro que, infelizmente funciona de forma irregular ao longo da narrativa, o filme coloca a fragilidade de suas protagonistas em foco, tanto pelo tom inseguro da voz de uma, ou pelas ações de outra, mas derrapa ao não saber trabalhar esse aspecto no sentido de torná-las figuras interessantes, o que acaba contribuindo para um quase completo esvaziamento de sua narrativa no fim. Nota: 6

    A Suprema Felicidade (Idem, Brasil, 2010) de Arnaldo Jabor. Com: Marco Nanini, Dan Stulbach, Mariana Lima, Jayme Matarazzo, João Miguel, Maria Flor, Elke Maravilha.

    É de se lamentar que o talento que Jabor empresta às suas crônicas não se reflita em sua filmografia que, com esse ‘A Suprema Felicidade’, infelizmente acaba de ficar ainda mais irregular. Anacrônico e pouco fluido em várias passagens, o filme que se passa na década de 40 investe numa narrativa vazia cheia de idas e vindas temporais para contar a história de Paulo (Jayme Matarazzo), um jovem que, vivenciando a relação deteriorada de seus pais (Dan Stulbach e Mariana Lima), se apoia no avô (Nanini) para tentar encontrar a tal felicidade do título na boêmia da noite carioca e na relação que estabelece com mulheres que lhe rendem paixões e desilusões na mesma medida. Com exceção de Marco Nanini, o único do elenco que escapa de um retrato unidimensional e consegue conferir alguma relevância e profundidade a seu personagem, o filme tem um resultado medíocre, que em grande parte é culpa de um roteiro capenga e de uma direção preguiçosa e equivocada. Nota: 4

    Suprema Felicidade tem estreia programada para o dia 29/10 nos cinemas.

    A Woman, a Gun and a Noodle Shop (San Qiang Pai An Jing Qi, Hong Kong / China, 2010) de Zhang Yimou. Com: Sun Honglei, Xiao Shenyang, Yan Ni, Ni Dahong.

    A intenção até podia ser boa, mas o resultado... Tentando mesclar o estilo de algumas de suas excelentes obras anteriores com um gênero novo para ele, o da comédia de humor negro, o cineasta chinês Zhang Yimou derrapa na iniciativa ao sustentar uma trama que envolve traições e vingança com personagens demasiadamente caricatos e superficiais. Adaptação de Gosto de Sangue, dos irmãos Coen, o filme falha ao não conseguir emular o tom daquela obra e por insistir de forma excessiva em gags físicas que se repetem ao longo da trama que evolui de forma pouco inspirada e nada surpreendente. Longe de ser tão divertido quanto pretende (ainda que faça rir vez ou outra), o filme revela pouca coisa realmente interessante com a assinatura de seu realizador e só não é um desastre total por conta de sequências como a que mostra alguns personagens fazendo a massa de macarrão como se fosse um verdadeiro balé e pela fotografia sempre eficiente nas produções de Yimou. Nota: 5

    Federal (Idem, Brasil, 2010) de Erik de Castro. Com: Carlos Alberto Riccelli, Selton Mello, Cesário Augusto, Christovam Netto, Eduardo Dusek, Michael Madsen.

    Ainda que só esteja chegando agora aos cinemas, ‘Federal’ foi produzido na mesma época do primeiro Tropa de Elite e teve seu roteiro (escrito por três pessoas, incluindo o diretor) explorado em laboratórios como o de Sundance ainda 2001, além de ter sido submetido à seleções de bancas de empresas estatais que liberaram o patrocínio do filme. Assim, com tanto tempo de preparo, é no mínimo constrangedor (ou assustador, como queira) que o resultado na tela seja tão ruim. Tentando construir, através de um grupo de policiais federais, encabeçados pelo delegado Vidal (Riccelli) e pelo novato Dani (Selton Mello), um retrato crítico das ações de combate ao narcotráfico em Brasília e da estrutura de corrupção que sustenta esse poder, o filme é um festival de sucessivos equívocos, quer seja pelas constantes (e nunca justificadas) mudanças de motivações de quase todos os personagens, passando por sequências de ação inexpressivas ou mesmo pelas cenas de sexo gratuitas que nada acrescentam à trama. Absolutamente falho em tudo que propõe, ‘Federal’ é facilmente um dos piores filmes policias que já vi e que ainda nos brinda com Michael Madsen (Cães de Aluguel, Kill Bill) na atuação mais canastrona de sua carreira e que só perde para a de Eduardo Dusek no papel do chefão do tráfico. Nota: 2

    Federal tem estreia programada para o dia 29/10 nos cinemas.

    Essential Killing (Idem, Polônia / Noruega / Irlanda / Hungria, 2010) de Jerzy Skolimowski. Com: Vincent Gallo, Emmanuelle Seigner.

    Tenso e absolutamente angustiante do início ao fim, ‘Essential Killing’ narra a jornada de um soldado afegão que, após ser capturado e torturado pelo exército americano, luta pela sobrevivência fugindo por regiões inóspitas da Europa, depois que seu veículo de transporte sofre um acidente. Com Vincent Gallo (Brown Bunny) em atuação memorável*, ainda que não fale uma só palavra ao longo de toda trama, o que faz com que sua interpretação dependa exclusivamente de sua expressão corporal, o filme foge da armadilha de fazer qualquer juizo de valor das ações do soldado, que mata como se fosse um animal acuado em situação semelhante. Não é definitivamente um filme fácil, mas é sem dúvida uma experiência rica e envolvente que só derrapa na motivação de uma determinada personagem, que surge como bóia de salvação do protagonista antes do derradeiro desfecho da produção. Nota: 9

    * Se o mundo das premiações fosse justo, Gallo deveria ser no mínimo indicado ao Oscar em 2011.

    Bebês (Bébé(s), França, 2009) de Thomas Balmès.

    Um delicioso turbilhão de emoções. É exatamente isso que o francês, ‘Bebês’, provoca ao longo da quase hora e meia de duração da produção que se revela absurdamente irresistível, quer seja pela forma ou pelo conteúdo. Acompanhando a trajetória de quatro bebês nascidos em lugares bem diferentes (dois nos centros urbanos de São Francisco e Tóquio e outros dois em zonas isoladas da Namíbia e da Mongólia), esse doc encanta pela simplicidade e pela elegância com que registra as mais diversas fases do primeiro ano de vida dos bebês. Sua principal virtude? Evidenciar o fato de que mesmo estando em ambientes e culturas diametralmente opostas, os quatro agem e reagem de maneiras praticamente idênticas, com divertida curiosidade e doçura frente as descobertas do mundo que os rodeia. Nota: 9

terça-feira, 31 de agosto de 2010

[REC] 2 – Possuídos / Os Mercenários

Não tem jeito. No cinema comercial, basta surgir algo que traga alguma novidade para determinado gênero e pronto, sequências virão abrindo mão justamente do elemento que sustentou o sucesso do material original: a inventividade e a ousadia para fazer algo diferente. Foi assim com a franquia Jogos Mortais e está sendo com o espanhol REC, que se em 2007 surpreendeu com sua mescla de suspense e horror num ambiente claustrofóbico, agora se limita a repetir a mesmíssima fórmula (a trama inclusive começa imeadiatamente após o fim do 1º filme) na sequência que, embora seja de 2009, só chega essa semana aos cinemas do Brasil. Inegavelmente mais bem produzido que o original, [REC] 2 tem lá seus momentos (a cena do sótão com seus bons sustos funciona), mas se perde com a resolução boba do mistério do que provocava aquele bizarro 'fenômeno' e com a decisão de transformar o suspense numa conspiração orquestrada pela Igreja para encobrir um caso de exorcismo que deu errado. Algo que suspostamente garantiria a ‘grande’ virada dos instantes finais do filme, mas que derrapa feio pela ridícula previsibilidade.

Cotação:

[REC] 2 – Possuídos estreia no dia 3 de setembro no Brasil

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    Embora louvável (e esperta, claro), a iniciativa de Sylvester Stallone em reunir boa parte dos grandes astros de filmes de ação de ontem e de hoje numa mesma produção tem um resultado bastante irregular. Os Mercenários é exagerado como todo filme do gênero (o que não chega a ser um demérito), diverte com as curiosas interações entre seus personagens – a breve cena que envolve Stallone, Bruce Willis e Schwarzenegger é boa pela piada interna que explora -, tem alguns raros diálogos bem sacados, mas não empolga como poderia por conta de sua trama rasteira demais e suas sequências de ação confusas pela edição, pouco criativas e previsíveis. Amparado sobretudo pelo personagem de Jason Statham (o único do filme que ganha algum desenvolvimento mais razoável) e pelas curtas, porém boas e descompromissadas aparições de Mickey Rourke, no fim, Os Mercenários é só mais um filme de ação descerebrado como tantos que já vimos antes, o que considerando o escopo do projeto é pouco, muito pouco.

    Cotação:

    Os Mercenários estreou no Brasil no dia 13 de agosto de 2010

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Karate Kid (2010)

E não é que o remake de Karate Kid com Jaden Smith e Jackie Chan é um filme bem interessante e divertido no final das contas? Sim, tem suas falhas aqui e ali (com suas 2h:20 de duração é longo demais, por exemplo) e tá longe de ser um filmaço, mas também é uma produção que consegue tanto homenagear o original quanto expandir sua trama num ambiente inteiramente diferente (a China) usando o choque de cultura de forma ainda mais decisiva para a construção da relação de um jovem inseguro e seu improvável professor.

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    Confesso que antes de ver o filme achava uma tremenda forçação de barra essa história de transformar o karate kid num kung fu kid, mas bastou assistí-lo para notar o óbvio: se em termos de conceitos de sabedoria oriental a arte chinesa se equivale ao karate japonês, em termos de coreografia o kung fu funciona muito mais para o público de hoje tão acostumado à ação mais acelerada aumentada pelo CGI, que aqui se mescla a algumas belas sequências em cartões postais da China.

    Contudo, o que realmente faz o filme funcionar é a interação desenvolvida entre Jaden Smith (que parece cada vez mais um clone do pai em miniatura) e Jackie Chan. Enquanto o primeiro confere conflito e fragilidade bastante crível a Dre, um pré-adolescente americano recém chegado à Pequim onde rapidamente se vê vítima de bullying, o segundo, absolutamente comedido em sua interpretação, confere ao Sr. Han um carisma quase tão forte quanto o do Sr. Miyagi feito pelo saudoso Pat Morita do original.

    O único problema desse Karate Kid (além da já mencionada longa duração) é que embora invista em pequenas boas mudanças como a de diminuir a idade de seu protagonista, emula de forma exagerada muitos pontos da narrativa do filme original, o que de certa forma acaba diminuindo um pouco a graça para quem conhece ou lembra bem da história do filme de 1984. Observação feita, se você entende que isso não é uma grande questão, deve facilmente se empolgar com vários momentos do filme ou se ver torcendo pelo jovem Dre além de se empolgar com a sequência de luta final que supera muito a do filme original (o golpe da garça é fichinha perto do que vemos aqui).

    Karate Kid definitivamente tem falhas e podia ser mais ousado, mas me parece bem razoável dizer que cumpre bem a tarefa de (re)apresentar a história de um dos filmes mais marcantes da década de 80 para as gerações atuais. Agora, por favor Will Smith, providencie para que a inevitável sequência se chame Kung Fu Kid pelo menos, né?

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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A Origem (Inception)

Adjetivos não faltam para destacar o brilhantismo de A Origem, mas a maior e mais importante qualidade do filme, afora o roteiro engenhoso e a direção afiadíssima de Chistopher Nolan aliada às atuações seguras do elenco liderado por Leonardo DiCaprio, reside no fato da obra ignorar a tentação tão comum de se basear numa narrativa expositiva e jamais tentar facilitar o trabalho do espectador, que envolvido pela trama, pode ter o prazer de contemplar uma obra inteligente, questionadora e absolutamente divertida à medida em que busca a compreensão do que se vê na tela.

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    Escrito pelo próprio Nolan (confirmando-se como um dos realizadores mais completos e ousados de sua geração), A Origem faz pelo cinema atual o que Matrix fez em 99 por exemplo, ou seja, é inegavelmente um blockbuster do início ao fim, mas também é um filme reflexivo e que nos instiga o tempo todo acerca dos limites da mente e do que é real e imaginário e como as duas coisas podem se confundir de forma irreversível. Ou não.

    Em suma, a trama do filme gira em torno de um grupo que faz um tipo de espionagem industrial muito singular: suas ações se dão todas dentro dos sonhos de suas vítimas. O pulo do gato na trama do filme é que o novo trabalho envolve não um roubo, mas a inserção (daí o título original, aliás) de uma ideia na mente da vítima, um jovem bilionário feito com muita precisão por Cillian Murphy.

    Esteticamente perfeito em todas as incríveis ambientações que vão se desdobrando nas camadas de sonhos apresentadas, A Origem apresenta-se como um filme de muitos gêneros num só fazendo a transição entre eles sempre de forma muito elegante e orgânica. Nesse contexto, cada ação, diálogo ou sequência visual impactante surge não como desculpa para justificar tomadas elaboradas, mas sim para dar significado e peso a cada uma delas.

    E se todo o elenco está bem, com destaques mais óbvios para Joseph Gordon-Levitt (recentemente visto em 500 dias com ela) e para o até então desconhecido Tom Hardy (que em breve estrelará um novo Mad Max), é mesmo DiCaprio que faz a liga do filme. Há tempos merecendo ser reconhecido como Ator de fato e não só um astro de Hollywood, ele estrela seu segundo grande filme de 2010, e tal qual seu personagem de A Ilha do Medo, nesse A Origem ele também dá voz e corpo a uma figura que carrega um passado traumático cujos desdobramentos se revelam intimamente ligados à trama central e sobretudo a seu desfecho ambíguo e não menos fascinante que se planta dúvidas no espectador, traz uma certeza inquestionável: A Origem é (até agora) o melhor filme do ano.

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Meu Malvado Favorito (Despicable Me)

Se a primeira impressão é a que fica, a Universal Pictures entrou bem no disputado mundo da animação através da Illumination Entertainment, empresa responsável pelo surpreendente e divertidíssimo Meu Malvado Favorito (Despicable Me), que encanta pela originalidade de sua história e sobretudo pela ousadia com que constrói várias e boas piadas de riso fácil amparadas na medida certa por um tom inocente, mas que nunca abre mão do politicamente incorreto para desenvolver a trama e seus personagens.

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    Dirigido pela dupla Pierre Coffin e Chris Renaud (este do curta indicado ao Oscar 2006, No Time for Nuts estrelado pelo esquilo Scrat) com roteiro de Ken Daurio e Cinco Paul (de Horton e o Mundo dos Quem) a partir da história do animador Sergio Pablos, o filme conta a história de Gru, um vilão no melhor estilo Dick Vigarista, que ao ver seu reinado de maldades ameaçado por um novato, põe em prática o plano definitivo: roubar a lua! O que Gru não sabe, é que ao envolver três meninas orfãs em seu plano, sentimentos que ele não conhecia tais como afeto, carinho e amor passam a fazer parte de sua rotina e um dilema se apresenta.

    Expandindo o conceito de Shrek de subverter a figura do protagonista padrão, Meu Malvado Favorito começa deixando claro que Gru faz jus ao status de vilão quando não pensa duas vezes na hora de sacanear um garotinho de forma divertidamente cruel. O que vamos descobrindo com o passar da história no entanto, é que Gru teve uma criação reprimida e foi constantemente rejeitado pela mãe, uma mulher que jamais demonstrou carinho pelo filho, algo que os rápidos e não menos hilariantes flashbacks deixam evidente (a cena em que ela desdenha o desejo do pequeno Gru de ir à lua é o cartão de visitas do humor ácido que o filme utiliza, diga-se).

    A grande força do filme no entanto reside mesmo na interação que se desenvolve entre Gru e as três garotinhas (Margô, Edite e Agnes) que ele adota como parte de seu plano. De diferentes idades e comportamentos, são elas que catalisam os melhores momentos do filme, já que ao agirem sempre com a curiosidade e a ingenuidade comum dos pequenos, protagonizam sequências muito engraçadas (e por vezes emocionantes) ao tentarem se aproximar de Gru e seu exército de minions, criaturas responsáveis por outros tantos momentos hilariantes do filme.

    Inteligente pela forma com que constrói a ligação que se estabelece entre seus personagens (a cena em que Gru se vê ‘obrigado’ a ler um livro para as meninas dormirem traduz esse sentimento), Meu Malvado Favorito surge como um desses raros casos de boa ideia que resulta num projeto bem executado e que consegue dar sua mensagem (para crianças e adultos) de forma divertida e emocional sem apelar para obviedades ou pieguismos baratos e rasteiros, qualidade que parece ter sido roubada pelo vilão do ostracismo criativo que geralmente impera em Hollywood.

    Cotação:

    Notas:

    - O filme estreia legendado e dublado com cópias tradicionais e em 3D a partir da sexta-feira, 6 de agosto.
    - Há uma cena do filme que faz menção direta ao O Poderoso Chefão, uma piada que as crianças não vão entender, mas que adultos fãs da trilogia de Coppola identificarão facilmente.
    - No original, Gru é dublado por Steve Carell de The Office e seu antagonista, Vetor, tem voz de Jason Segel de How I Met Your Mother. Já na versão dublada em português, coube à dupla de humoristas da Globo, Leandro Hassum e Marcius Melhem, fazer Gru e Vetor respectivamente.
    - A exemplo do que aconteceu com os pinguins de Madagascar, os minions também devem ganhar projeto próprio.
    - Ainda que não exista data de início da produção ou previsão de estreia, uma continuação já é dada como certa pelo presidente da Illumination Entertainment.


segunda-feira, 12 de julho de 2010

Toy Story 3

Não sei se como empresa a Pixar tem uma missão formal, mas se for algo como ‘Surpreender crianças e adultos a cada novo filme’, dá para dizer que eles a cumprem com louvor renovando produção após produção a magia de divertir e emocionar como poucas produções conseguem. Quinze anos depois do longa que revelou o estúdio, Toy Story 3 surje não só como uma bela aventura carregada de risos fáceis, mas sobretudo como uma experiência sensorial capaz de nos conectar a sensações e lembranças de um período de transição agridoce para cada um de nós: a passagem da fase infatil e lúdica para a de adolescente/adulto.

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    Dirigido por Lee Unkrich a partir de argumento de John Lasseter (chefe de criação da Pixar e diretor dos dois primeiros filmes) e Andrew Stanton (roteirista dos filmes anteriores), Toy Story 3 tem como um de seus grandes méritos, a capacidade de saber equilibrar com muita competência as piadas ora sutis, ora explícitas (as que envolvem o boneco Ken e a de Buzz em versão espanhola são excepcionais) com os momentos singelos que remetem a valores da essência do espírito humano de forma brilhante e inpiradora, como uma das cenas finais, por exemplo, deixa evidenciada.

    Com uma história que se passa dez anos depois do 2º filme, Toy Story 3 narra as aventuras dos brinquedos liderados por Woody e Buzz pouco antes da ida do outrora garoto Andy para a faculdade. Lidando com questões como rejeição e perda e a importância de conceitos de companheirismo e amizade, o filme roteirizado por Michael Arndt (de Pequena Miss Sunshine) coloca os brinquedos numa creche que a princípio é encarada por toda turma como um paraíso, mas que logo se revela mais dura que a realidade de uma caixa no sótão da casa de Andy parecia .

    E é naquele ambiente dominado por ‘vilões’ liderados por um urso de pelúcia e até por um brinquedo bebê (o que não deixa de ser uma subversão curiosa para as duas figuras) que o filme mergulha em momentos de absoluta graça e que mesclados aos de um suspense crescente, bem construído e envolvente, transformam a produção numa das experiências mais ricas e, como apontei lá no início, emocionais do ano. A Pixar fez de novo e nós só temos a agradecer.

    Cotação:

    Nota: O curta Dia & Noite que abre Toy Story 3 e faz uma celebração às diferenças, é sem qualquer dúvida o melhor e mais inspirado já feito pelo estúdio. Pode ser precipitado afirmar, mas duvido que o Oscar 2011 da categoria possa ter outro dono.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sessão 3 em 1: This is It, Sempre ao Seu Lado e Um Olhar do Paraíso



Lançado pouco mais de quatro meses depois da morte do inesquecível rei da música pop, This is It, documentário que registra boa parte dos ensaios e da preparação do que seria a última série de shows de Michael Jackson, encanta muito pela noção de grandiosidade do espetáculo que nunca aconteceu (as novas vinhetas de Thriller e Smooth Criminal, esta mesclando cenas de filmes clássicos, feitas especialmente para o show são excepcionais), mas perde força ao abrir mão de explorar um pouco mais a fundo a personalidade genial e perfeccionista do cantor e sua relação com a fama. O que This is It também faz, é evitar por completo tentar traçar qualquer conclusão sobre as circunstâncias que levaram o cantor à morte no dia 25 de junho de 2009 (18 dias antes do 1º show em Londres), funcionando assim ‘apenas’ como um último tributo a Jackson e como um registro óbvio para todos que admiravam (e ainda admiram) sua música: dificilmente voltaremos a ver um artista tão completo e tão controverso quanto ele.

This is It foi exibido na noite domingo pela Globo e vai ao ar na 4ª feira, 30 de junho, às 21h no Warner Channel

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    Sempre ao Seu Lado (Hachi: A Dog’s Tale)

    Inspirado na incrível história verídica da fidelidade de um cão da raça Akita a seu dono, Sempre ao Seu Lado está longe de ser uma obra prima, mas conseguindo ser emocionante sem ser piegas (algo que Marley & Eu já havia feito com muita propriedade), é um filme que contribui decisivamente para dar um sentido ainda mais forte à frase ‘o cão é o melhor amigo do homem’. Objetiva em sua mensagem, a produção que conta com Richard Gere no elenco, explora com tomadas criativas e eficientes (algumas sob o ponto de vista do próprio animal inclusive) a curiosa relação que se estabelece entre o cão e seu dono antes e principalmente depois que esse falece. A partir desse ponto, o foco do filme volta-se totalmente para o animal que inexplicavelmente mantém a rotina então já estabelecida de esperar pelo dono todos os dias em frente a uma estação de trem por impressionantes 10 anos(!), algo que fica explicitado numa elegante elipse, diga-se. Em suma, se você já viu o filme, sabe qual é a sensação que ele traz, mas se ainda não viu o desafio é um só: resistir às lágrimas se puder.

    Um Olhar do Paraíso (Lovely Bones)

    Ainda que visualmente tenha momentos belíssimos, graças sobretudo à fotografia, o filme dirigido por Peter Jackson (da trilogia O Senhor dos Anéis) baseado no romance Lovely Bones de Alice Sebold (Uma Vida Interrompida no Brasil), falha clamorosamente no aspecto que lhe seria mais fundamental: comover com a história da adolescente assassinada que depois de morta passa a observar (de uma espécie de limbo) a vida de sua família e de seu algoz (Stanley Tucci, apenas mediano como o serial killer que lhe rendeu indicação ao Oscar 2010). Longo demais, Um Olhar do Paraíso derrapa ao não se definir nem como drama consistente no que tange expôr os conflitos que surgem na família da vítima (Mark Wahlberg é o pai obcecado por encontrar o assassino e Rachel Weisz e Susan Sarandon aparecem apagadas nos papéis de mãe e avó respectivamente), nem como a fantasia romântica que tenta ser nas sequências que mostram a jovem e delicada Susie Salmon (Saoirse Ronan, a melhor coisa do filme) angustiada por ter tido a vida tomada de forma covarde e por ainda não se sentir pronta para seguir adiante no plano em que estava.

domingo, 23 de maio de 2010

Trailer teaser de 'Rio', a nova animação do diretor da trilogia 'A Era do Gelo'



Sou fã de animações. Aliás, sou muito fã de animações. Assim, não demorou muito para que eu me empolgasse quando soube ainda em 2009 que o Carlos Saldanha (diretor da trilogia 'A Era do Gelo') estava mergulhado na pós produção de 'Rio', nova aposta do estúdio Blu Sky, que conta a hostória de uma arara rara que deixa sua pacata vida numa gaiola em Minnesota para embarcar numa aventura em pleno Rio de Janeiro. O filme, que contará com as vozes de Anne Hathaway, Neil Patrick Harris e Rodrigo Santoro, só estreia na páscoa de 2011, mas o trailer teaser já está na rede e se você ainda não viu pode conferí-lo com legendas* clicando na imagem acima.

*Eu cheguei a fazer a legenda para o vídeo depois de subí-lo para o Youtube, mas graças à política babaca da Fox (que distribuirá o filme), o acesso ao teaser foi infelizmente bloqueado. Quando é que esses executivos 'espertões' vão se ligar que há pessoas que querem simplesmente divulgar uma obra?

terça-feira, 6 de abril de 2010

Filmes que precisam ser lançados em Blu Ray

Embora ainda seja pouco badalado no Brasil em função do custo alto e restritivo, o Blu Ray já atrai a atenção de colecionadores que lentamente estão trocando as aquisições de DVD pelas de BDs (os Blu Ray discs). Nesse panorama, o que por enquanto parece frear o interesse de muita gente é o fato de que alguns dos grandes clássicos do cinema (moderno ou não) ainda não foram lançados no formato. Com isso em mente, pegando carona na ótima matéria do Screen Rent que lista 10 filmes que precisam ganhar versão em BD, destaco as minhas preferências e incluo outras. Será que você concorda com elas?

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    Pulp Fiction – Cheio de personagens, diálogos e cenas marcantes sempre embaladas por uma trilha não menos brilhante, o filme é um dos grandes ícones da cultura pop e o melhor do Tarantino. É item obrigatório na coleção de qualquer um. Agora só falta a Disney (que comprou a Miramax em 2008) e o próprio Tarantino talvez, fazerem a parte que lhes cabe.

    Psicose – Além de ser um dos grandes filmes de Alfred Hitchcock, foi simplesmente o filme que definiu o suspense no cinema sendo imitado (com pouco sucesso) por muitos outros que vieram depois.

    Cidadão Kane – Considerado por muitos críticos e cinéfilos em geral como o melhor filme de todos os tempos, essa obra prima de Orson Welles já mereceria um lançamento em BD para ontem, mas perto de completar 70 anos (o que ocorrerá em 2011), a produção precisa de uma edição comemorativa recheada de extras.

    Trilogia Indiana Jones – Ainda que divertido e fiel às características da franquia, Indy 4 não foi o filmaço que poderia ser. Dito isso, se já o vemos em BD, cadê a excelente trilogia que alçou o personagem de Harrisson Ford (e o próprio ator por tabela) ao rol dos grandes do cinema? Quem não quer ver as grandes sequências de ação daqueles filmes e ouvir a excepcional trilha de John Williams em altíssima qualidade?

    Apocalipse Now – Para muitos o maior filme de guerra da história e o estudo definitivo sobre o impacto psicológico que uma guerra exerce sobre os envolvidos. ‘Só’ isso e aquela cena dos helicópteros bombardeando uma vila praiana ao som da ópera Valquíria de Wagner já bastaria para justificar uma versão do filme em BD, mas se precisarem de mais um argumento, basta lembrar da atuação arrebatadora de Marlon Brando como o coronel Kurtz.

    Trilogia Parque dos Dinossauros – Tudo bem que os filmes foram perdendo a força à medida em que a franquia cresceu, mas ainda assim quem não gostaria de rever aquelas cenas grandiosas mostrando os dinossauros de volta à Terra em toda sua magnitude? Alô Spielberg, acorda! Já passou da hora de lançar a trilogia em BD.

    As duas trilogias Star Wars – Sim, eu também concordo que a trilogia clássica é bemmm melhor que a mais recente, mas duvido que algum fã da saga imaginada por George Lucas há mais de 30 anos abra mão de poder ver as grandes sequências de batalhas entre a rebelião e o Império e os cavaleiros Jedi em ação na magnitude da qualidade que o Blu Ray oferece.

    Cidade de Deus – Indicado a 4 Oscars, badalado pela indústria e um dos 100 melhores de todos os tempos segundo avaliação da revista Time. Com um currículo desses, chega a ser um absurdo pensar que até hoje a Globo Filmes não tenha pensado em relançá-lo num formato muito melhor. Parodiando um personagem do filme, DVD é o car@#%&, queremos o Blu Ray, porra!

    Se7en – É incrível, mas um dos thrillers de suspense mais tensos e envolventes das últimas décadas continua fora das prateleiras de colecionadores de BD até hoje. Alô Warner, que outro motivo melhor vocês estão esperando para lançar o BD do filme, do que seu aniversário de 15 anos que se aproxima?

    Ben Hur – Vencedor de 11 Oscars (ainda hoje um recorde só equiparado, mas não quebrado) e revolucionário para sua época, é o tipo de produção antiga, mas que ainda hoje, quando se aproxima de completar 60 anos, figura fácil no rol dos filmes com as maiores e melhores sequências de ação da história do cinema. Precisam de mais para justificar uma versão do filme em BD?

    Trilogia De volta para o futuro – Não tem jeito, quando se fala em Michael J. Fox ou mesmo no direto Robert Zemeckis, são esses filmes que vem à mente de quem teve o prazer de ver essa típica franquia do cinema pipoca surgindo em meados da década de 80. A trilogia ganhou um lançamento bem razoável em DVD, é verdade, mas a gente sabe que a trilogia pode render muito mais no BD, né?

    ET – Analisando de forma apressada dá até para dizer que o Spielberg promove boicote ao formato, porque nem mesmo esse que é um dos maiores e mais emocionantes trabalhos de sua filmografia aportou no Blu Ray até hoje. De fácil apelo, ET foi um marco que as gerações mais novas precisam conhecer.

    Tropa de Elite – Ei Universal, que absurdo é esse de não lançar um dos melhores, mais polêmicos e comentados filmes brasileiros da última década no país onde ele foi produzido? Tá, oficialmente existe Blu Ray do filme, mas só na Europa! WtF! Chega daquela versão pobrinha em DVD. Estão esperando o que para dar o devido tratamento ao filme?

    Trilogia O Senhor dos Anéis – Tá eu sei que a versão em BD da trilogia chega às lojas gringas hoje, mas como se trata apenas das versões de cinema e sem nenhum material extra inédito em HD, continuarei esperando pelo lançamento decente da trilogia de Peter Jackson com as versões estendidas dos filmes e mais um monte de novos extras em alta definição. Será que a Warner gringa tá esperando a estreia de O Hobbit em 2012?

    Toda filmografia de Charles Chaplin – Ok, nem precisa ser toda. Se lançarem O Grande Ditador, O Garoto, Luzes da Ribalta e Tempos Modernos já me darei por satisfeito, mas por favor que venham com extras de bastidores, entrevistas e comentários de críticos e historiadores sobre o contexto dos filmes.

    ***

    E aí, já se rendeu ao Blu Ray? Pretende fazê-lo em breve? Que filmes gostaria de ver no formato?

terça-feira, 30 de março de 2010

Breves opiniões sobre os 10 Filmes indicados ao Oscar 2010

O Oscar já passou há quase um mês e os resultados da festa todo mundo já conhece, mas e o prêmio principal, foi justo? Obviamente não existe resposta definitiva porque cada um tem/tinha seu preferido naquela lista de 10 filmes. Dito isso, a pergunta é: será que todos realmente mereciam estar ali naquela disputa? Tentando responder, na sequência desse texto dou minhas brevíssimas opiniões sobre cada um deles.

Da heterogênea relação de produções indicadas ao Oscar de melhor filme, curioso notar que dois tem desfechos parecidos ainda que com abordagens distintas (Educação e Amor sem Escalas) e outros dois falem sobre a jornada de pessoas excluídas e rejeitadas que encontram na compaixão alheia uma chance de mudar de vida (Preciosa e Um Sonho Possível). Dos demais, Avatar e Distrito 9, são sci fi com mensagem política e social, Bastardos Inglórios é Tarantino dos pés à cabeça pro bem e pro mal, Up – Altas Aventuras é um emocionante e divertido conto de amizade e fantasia, enquanto Um Homem Sério e Guerra ao Terror tratam, em graus totalmente distintos, de dois homens tentando encontrar propósito para suas vidas distanciadas de zonas de conforto.

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    Amor sem Escalas (Up in the Air) – 6 indicações

    Não se engane com o título dado ao filme no Brasil, essa produção estrelada por George Clooney não é um romance. Dirigido por Jason Reitman (de Juno), o filme tem na atuação cínica e naturalmente bem humorada do protagonista, seu grande e talvez único trunfo genuíno. Na produção, Clooney faz Ryan Bingham, sujeito que vive viajando pelo país demitindo pessoas de várias empresas, e que encontra nessa (falta de) rotina, a justificativa perfeita para fugir de compromissos com a família ou com as mulheres. Tudo muda no entantro quando conhece uma executiva em viagem (a bela Vera Farmiga), e começa a trabalhar com uma jovem executiva (a novata Anna Kendrick) cheia de ideias, mas com pouca experiência que aparece na empresa que ele trabalha. Relevante em tempos de recessão por conta da abordagem do impacto das demissões retratadas, Up in the Air tem seus bons momentos e é divertido ao garantir na decepção experimentada pelo personagem de Cloney, uma surpresa à parte.

    Preciosa (Precious) – 6 indicações

    Pelo mote, Preciosa poderia ser mais um daqueles filmes de redenção que a Academia tanto gosta. Absolutamente chocante, mas infelizmente falho na tentativa de emocionar, o filme conta a história de Claireece Precious, uma jovem adolescente obesa que convive com o peso da exclusão e do intenso e constante abuso familiar e que encontra em pequenos devaneios e na ajuda de uma professora e de uma assistente social (Mariah Carey, irreconhecível), a fuga para suas dores existenciais e as frustrações de uma vida miserável. Filme apenas razoável que impressiona mais pela interpretação assustadoramente complexa da vencedora na categoria de atriz coadjuvante, Mo’nique, do que por qualquer outra qualidade.

    Um Homem Sério (A Serious Man) – 2 indicações

    Filme dos já premiados irmãos Cohen (Onde os fracos não tem vez) sobre um judeu com pinta de loser em busca de um novo sentido para vida após uma crise no casamento. Assim é Um Homem Sério, escolha menos óbvia da lista e também a mais incomum. Carregado no humor negro e refinado já tão caracterísito das obras dos Cohen, o filme se sustenta nas sutilezas de intepretações equlibradas e sobretudo nos diálogos e situações incomuns que discutem fé, relacionamentos em família e até mesmo choques culturais. Pela temática, não é um filme de fácil compreenssão e talvez justamente por isso tenha sido tão pouco badalado antes da entrega dos prêmios.

    Educação (An Education) – 3 indicações

    Convencendo como a adolescente inglesa dos anos 60 que enxerga numa aventura romântica com um homem mais velho a chance de se libertar das amarras do tradicionalismo de sua família e de sua edução formal, a novata Carey Mullingan dá conta do recado fazendo um misto equilibrado e bem dosado de ninfeta e mulher. Inteligente, sua personagem Jenny cativa pela ousadia e pelo espiríto de curiosidade com tudo que lhe é diferente. Assim, alimentad pela lábia de David, o homem mais velho com quem se envolve e que ganha inclusive a confiança de seu rígido pai (feito por Alfred Molina), Jenny encontra e conhece tudo com que sonhava só pra perceber num desfecho equivocado e preguiçoso, que para certas coisas não há como fugir da tradição.

    Distrito 9 (District 9) – 4 indicações

    Como responder a uma situação extrema que coloca a ignorância da exclusão e a luta por sobreviência em lados opostos? Depende da perspectiva, que é exatamente o que Distrito 9 explora num sci fi surpreendente e complexo, mas não menos carregado nas tintas de um bom filme B em vários momentos. Nascido a partir de um curta chamado ‘Alive in Joberg’ que retrata a chegada de alienígenas e seu isolamento numa área da capital da África do Sul, Distrito 9 foi dirigido pelo até então desconhecido Neil Blumkamp (também responsável pelo material de origem) e ganhou na produção executiva de Peter Jackson (trilogia Senhor dos Anéis) o empurrão perfeito para fazer barulho no cinema em 2009 vendendo-se como um sopro de originalidade (mas nem tanto, como exageram alguns) no gênero, o que certamente foi uma das grandes justificativas para sua coerente indicação ao Oscar.

    Um Sonho Possível (The Blind Side) – 2 indicações

    Sustentado basicamente pela forte personagem que rendeu o Oscar a Sandra Bullock, Um Sonho Possível talvez seja o filme que menos merecesse figurar na lista. Um dos 10 melhores de 2009? Não mesmo. Preguiçoso em explorar a história de preconceito e superação que moveu a história real do jovem Michael Oher (um garoto negro abandonado à própria sorte e que depois de ser adotado por uma família branca encontra o caminho que o alçaria a posição de jogador de futebol americano de destaque), o filme falha clamorosamente ao apresentar personagens superficiais e sem conflitos. Qual a motivação da família Tuohy em ajudar Big Mike? São bons samaritanos? Tem algum sentimento de culpa de branco? Sem jamais mergulhar nessas questões, o filme opta por saídas fáceis e que infelizmente nunca comovem, o que de certa forma é um ponto decisivo para que se esqueça daquela história tão logo os créditos terminem. Pena.

    Avatar (Idem) – 9 indicações

    Para uns obra prima, para outros um engodo maquiado com efeitos especiais de primeira. Seja lá qual for sua opinião sobre Avatar, fato é que raras vezes uma produção desta magnitude conseguiu gerar comentários e opiniões tão apaixonadas mundo afora. Apoiado numa aventura futurista que no 3D garante uma imersão absurdamente formidável, o filme de James Cameron realmente não conta nada de novo na história do choque de civilizações e culturas que explora, mas que justamente dão espaço para a construção de personagens complexos (com exceção dos vilões, que de fato são bem caricaturais) nas figuras de seus protagonistas, que fogem de caracterizações vazias, com destaque, claro, para o Jake Sully do novo astro de ação do cinema americano, Sam Worthington. Avatar saiu com as mãos praticamente vazias do Oscar é verdade, mas sua importância para o desenvolvimento do cinema espetáculo com conteúdo já está sacramentada, goste dele ou não.

    Guerra ao Terror (The Hurt Locker) – 9 indicações

    Descoberto tardiamente por cinéfilos depois de passar boa parte de 2009 pegando poeira nas prateleiras das locadoras do Brasil (onde foi lançado direto em vídeo), o grande vencedor do Oscar 2010, Guerra ao Terror, virou queridinho da crítica ao dar um enfoque mais psicológico à intervenção militar americana no Iraque através de um esquadrão anti bombas. Dirigido pela também vencedora do Oscar, Kathryn Bigelow (a 1ª mulher a ganhar nessa categoria), o filme apoia-se sobretudo no impacto que a tensão contínua do trabalho exerce sobre William James (Jeremy Renner em boa atuação), um sargento que especializado em desarmar bombas, vai pouco a pouco se envolvendo pelo vício da adrenalina que o faz se isolar completamente da rotina do mundo exterior (que incluia sua família), que para ele se tornara seu verdadeiro terror. Inegavelmente um bom filme em muitos aspectos (principalmente os técnicos), mas melhor do ano? Não para mim.

    Up – Altas Aventuras (Up) – 5 indicações

    Divertido e ágil, Up dá continuidade à excelência da Pixar, e seguindo a tradição do estúdio, de novo consegue agradar em cheio crianças e adultos com seus carismáticos personagens, que em maior ou menor escala, representam as diversas mensagens que a história transmite. Contando com uma das aberturas mais impactantes em termos emocionais que a Pixar já produziu, Up foi premiado na categoria de animação, mas não seria exagero (pelo menos para mim) se tivesse tido melhor sorte também na principal. Investindo numa fantasia que coloca um velhinho ranzinza e solitário tentando cumprir o maior desejo de sua falecida esposa, o filme constrói na amizade incomum daquele senhor com um jovem escoteiro, a tabelinha perfeita que sustenta o espírito de aventura despretensiosa, mas que ao mesmo tempo defende (sem ser piegas) a importância de se lutar pela concretização de sonhos.

    Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds) – 8 indicações

    Emulando praticamente todos os elementos da biografia que fez seu diretor famoso, Bastardos Inglórios funciona não apenas como uma homenagem ao gênero de guerra, mas também como salada de referências a tudo que Quentin Tarantino explorou em seus trabalhos anteriores. Estão lá os diálogos tensos repletos de frases de efeito, a personagem femina forte (representada por Shoshanna), os anti-heróis (que aqui são os próprios bastardos capitaneados por Brad Pitt em mais uma divertida atuação), o humor negro exagerado e um vilão marcante (o coronel nazista Hans Landa, que rendeu Oscar de coadjuvante para o austríaco Christoph Waltz), que caminhando pela tênue linha que separa a autenticidade da caricatura, rouba grande parte das cenas do filme. Dividido em arcos que se chocam no fim, o filme é de fato um trabalho que prova o talento de Tarantino em subverter gêneros, mas que se dessa vez não chega a provocar o mesmo impacto de um Pulp Fiction ou mesmo dos dois Kill Bill, torna-se interessante por uma razão bem específica: o prazer que proporciona (ainda que só na ficção) de ver o desprezível Hitler e seus asseclas nazistas sendo devidamente humilhados e literalmente explodidos.

domingo, 14 de março de 2010

Ilha do Medo (Shutter Island)

Inteligente, engenhoso, instigante e sensacional. Assim é Ilha do Medo (Shutter Island no original), o mais novo filme do fora de série, Martin Scorsese. Misturando elementos dos melhores thrillers, suspenses e noir, o diretor constrói uma história que prende não só por sua narrativa envolvente, mas sobretudo pelas ótimas viradas na trama, e que longe de serem gratuitas, garantem ao fim da projeção uma conclusão óbvia: Ilha do Medo, é fácilmente (pelo menos por enquanto, claro) o melhor filme do ano.

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    Em sua quarta colaboração com Scorsese, Leonardo DiCaprio (melhor e mais dedicado a cada novo papel) é o protagonista desse filme que narra a história de um agente federal chamado Teddy Daniels, que em 1954 é incumbido de investigar, com a ajuda de um novo parceiro, Chuck Aule (Mark Ruffalo), o misterioso desaparecimento de uma paciente internada/presa num hospital psiquiátrico da ilha que dá título ao filme no original, e que se dedica a tratar de pessoas ditas insanas que cometeram crimes.

    Apoiado num elenco talentoso que conta com coadjuvantes da estatura de Ben Kinsgley (o eterno Gandhi do cinema) no papel do Dr. Cawley, diretor da instituição, do veteraníssimo Max von Sydow (o padre Merrin de O Exorcista) no papel de outro psiquiatra e de Jackie Earle Haley (o Rorschack de Watchmen) num papel pequeno, mas não menos fundamental, Scorsese faz um filme que subverte as expectativas do espectador a cada nova sequência pontuada por uma ótima trilha ou por planos que traduzem bem a elegância e o talento do diretor em retratar medos, angústias e as mais distintas sensações/emoções.

    Lembrando em muitos aspectos obras como o Sexto Sentido de Shyamalan e até mesmo Identidade (filme de 2003 com John Cusack) pelas viradas inteligentes e engenhosas envolvendo seu protagonista, Ilha do Medo (que nasceu de um livro escrito em 2003 por Dennis Lehane, o mesmo de Sobre Meninos e Lobos) é uma fascinante viagem que expõe os subterfúgios que a mente humana pode criar como válvula de escape de uma realidade que se quer esquecer.

    Falar mais é entregar o grande segredo do filme, que a exemplo do citado Sexto Sentido, dá dicas* sutis desde o início para que se mate a charada da história, o que por tabela tende a transformar a produção numa experiência ainda mais interessante de se rever. Mestre na arte que explora, Scorsese faz da Ilha do Medo um filme imperdível de múltiplos gêneros num só.

    Cotação:

    *Como citei, ao longo do filme pequenas dicas ajudam a revelar sua grande virada. Abaixo enumero algumas delas e obviamente se você ainda não assistiu, deixe para lê-las depois a fim de não estragar a surpresa reservada.

    - No início do filme, Teddy (DiCaprio) pergunta sobre o escritório de Seattle onde Chuck trabalhava. Este no entanto, diz ser de Portland. Quando em outro momento do filme (na cena do penhasco próximo ao farol), Teddy pergunta como Chuck achava que estaria o tempo em Portland, este o corrige dizendo ser de Seattle.

    - Assim que chegam à Ilha, o chefe de segurança pede que Teddy e Chuck entreguem suas armas. Nessa cena, fica clara a falta de habilidade de Chuck no manejo do coldre, o que obviamente já indicava que Chuck não era quem dizia ser.

    - O “Fuja” do curto recado escrito pela paciente Bridget (a que matou o marido) na cena das entrevistas na cafeteria, podia não significar nada, mas ao ter sido feito num momento em que Chuck se afastara da mesa, deixava no ar mais uma suspeita de que aquele cara escondia algo, como o fim mostra ao revelá-lo como o psiquiatra de Teddy/Andrew Laeddis.

    - Na cena em que Teddy e Chuck são obrigados a usar aquelas roupas brancas, dá para ouvir um dos pacientes ao fundo dizendo, “Não sei o que tenho que falar”, o que claro, era mais um sinal de que quase tudo daquilo se tratava de um teatro ensaiado.

    - Embora tenha dito que sua esposa Dolores (Michelle Willians) morrera num incêndio, nas várias sequências em que ela aparece está sempre molhada, o que casa com crime que cometeu: o chocante afogamento dos filhos. Fora isso, numa determinada cena, ela aparece com um ferimento no abdomen, que foi justamente o que causou sua morte após ser baleada por Teddy/Andrew.

    - Toda situação envolvendo o suposto desaparecimento de Rachel Solondo e seu posterior reaparecimento, soava implausível demais para ser real. Assim, só dava mesmo para interpretá-la como uma grande armação, que claro, mais tarde fica evidente como tendo sido mais um dos artifícios usados pelos doutores Cawley e Sheehan (Chuck) na tentativa de obrigar Teddy/Andrew a encarar a realidade.

    Agora para encerrar, vale destacar a dúvida que o fim do filme planta: pouco depois de reconhecer a realidade que poderia lhe trazer a sanidade de volta, Andrew retomar a personalidade de Teddy obrigando os médicos a abandonarem os métodos até então utilizados para recorrer à lobotomia. Mas será que Andrew regrediu mesmo ou apenas fingiu tentando encontrar a fuga definitiva para a realidade que não queria aceitar?

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Avatar, a experiência do ano nos cinemas

Revolucionar é mudar, transformar uma coisa já existente em algo novo ou pelo menos diferente. O cinema em seus mais de 100 anos de história já viveu algumas boas revoluções desde a criação do cinematógrafo pelos Irmãos Lumière, e agora no finzinho de 2009 com a estreia de Avatar, dá o primeiro passo rumo a uma nova era. A afirmação pode soar exagerada é verdade, mas basta entrar numa sala de projeção 3-D para assistir o filme e constatar o óbvio: a mais nova produção de James Cameron é mesmo O filme do ano e provocará reflexos positivamente irreversíveis na indústria ao longo dos próximos.

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    Escrito e dirigido por Cameron (que andava de ‘férias’ depois dos 11 Oscars de Titanic), não é nenhum absurdo dizer que Avatar seja uma produção diretamente influenciada por trabalhos de ficção científica escritos por gente como Arthur C. Clarke (2001 – Uma Odisséia no Espaço). Futurista, fantasioso, mas absolutamente ligado a temas comuns à nossa história e realidade, o filme fala sobre relações entre povos e culturas distintas e sobretudo sobre a relação destes de respeito ou a falta dele com o meio em que habitam.

    Pelos olhos, e principalmente pela mente do ex-fuzileiro paralítico Jake Sully (Sam Worthington de O Exterminador do Futuro 4), Avatar nos leva à descoberta de um mundo totalmente novo na distante Pandora onde os nativos chamados Na’vi entendem, e literalmente se conectam com a natureza que os cerca ao mesmo tempo em que tentam resistir à opressão de humanos exploradores em busca de uma rica e abundante fonte de energia que poderia representar a salvação de uma Terra então devastada. Ou seja, qualquer semelhança com o período de colonização da América Latina por exemplo não é mera coinscidência.

    Em Avatar, os humanos são os grandes vilões de uma trama que se amplifica no romance nascido do encontro de uma guerreira nativa com um improvável (anti?) herói que se volta contra os seus. Só por isso, claro, não dá para dizer que o filme represente aquela revolução à qual me referi lá no início do texto. Contudo, é justamente a partir dessa premissa simples e longe de ser original que o filme ganha força, significado e beleza, graças à evolução da computação gráfica e da tecnologia de captura de movimento, que aliada ao 3-D, proporciona uma experiência inigualável, inesquecível e emocionante dentro da sala de cinema.

    Alardeado como o grande trunfo de Avatar, o salto técnico tão comentado ao longo dos anos que antecederam a chegada do filme aos cinemas, de fato cumpre a promessa e sinaliza o óbvio: efeitos visuais de última geração não podem mais ser elementos acessórios ou de mera distração em grandes blockbusters, mas devem sim atuar como facilitadores para que nossa conexão com a história contada na tela soe mais envolvente e crível.

    O mundo de Pandora e sua gama de magníficos personagens criados por James Cameron e sua equipe traz uma riqueza de detalhes absurda que aliada ao efeito 3-D, nos tira da posição de espectadores para nos colocar na de testemunhas das ações que evoluem na tela. Assim, quando vemos Jake Sully redescobrindo o prazer de poder correr com as ‘próprias’ pernas e mais tarde acompanhamos sua curiosidade com a fauna e flora da floresta local, a sensação é de estar lá, quase como um avatar invisível, mas totalmente integrado àquele belíssimo ambiente.

    O que Avatar fez agora pelo Cinema talvez ainda leve mais alguns anos para ser totalmente entendido por executivos de estúdios, estudiosos e fãs em geral, mas uma coisa já me parece certa: a revolução começou e o modo como iremos assistir filmes daqui para frente mudou para sempre e para muito melhor. Duvida?

    Outras observações:

    - Não comentei especificamente sobre os personagens, mas vale destacar pelo menos dois excelentes trabalhos no filme. Um deles é o da veterana Sigourney Weaver (a eterna Ellen Ripley de Alien), que transforma sua Dra. Grace numa figura complexa, cheia de contradições e por isso mesmo humana, e o da jovem Zoe Saldana (a Uhura do mais recente Star Trek), que na pele da guerreira Na’vi, Neytiri, multiplica por dez o impacto visual e emocional causado pelo Gollum de O Senhor dos Anéis, o primeiro personagem feito 100% em CGI a partir da captura de movimentos.
    - Não que premiações devam ser consideradas como validação da importância de uma produção, mas bem que eu adoraria ver Avatar disputando alguns Oscars como os de melhor filme, diretor, montagem, trilha sonora e, claro, efeitos visuais.