domingo, 14 de março de 2010

Ilha do Medo (Shutter Island)

Inteligente, engenhoso, instigante e sensacional. Assim é Ilha do Medo (Shutter Island no original), o mais novo filme do fora de série, Martin Scorsese. Misturando elementos dos melhores thrillers, suspenses e noir, o diretor constrói uma história que prende não só por sua narrativa envolvente, mas sobretudo pelas ótimas viradas na trama, e que longe de serem gratuitas, garantem ao fim da projeção uma conclusão óbvia: Ilha do Medo, é fácilmente (pelo menos por enquanto, claro) o melhor filme do ano.

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    Em sua quarta colaboração com Scorsese, Leonardo DiCaprio (melhor e mais dedicado a cada novo papel) é o protagonista desse filme que narra a história de um agente federal chamado Teddy Daniels, que em 1954 é incumbido de investigar, com a ajuda de um novo parceiro, Chuck Aule (Mark Ruffalo), o misterioso desaparecimento de uma paciente internada/presa num hospital psiquiátrico da ilha que dá título ao filme no original, e que se dedica a tratar de pessoas ditas insanas que cometeram crimes.

    Apoiado num elenco talentoso que conta com coadjuvantes da estatura de Ben Kinsgley (o eterno Gandhi do cinema) no papel do Dr. Cawley, diretor da instituição, do veteraníssimo Max von Sydow (o padre Merrin de O Exorcista) no papel de outro psiquiatra e de Jackie Earle Haley (o Rorschack de Watchmen) num papel pequeno, mas não menos fundamental, Scorsese faz um filme que subverte as expectativas do espectador a cada nova sequência pontuada por uma ótima trilha ou por planos que traduzem bem a elegância e o talento do diretor em retratar medos, angústias e as mais distintas sensações/emoções.

    Lembrando em muitos aspectos obras como o Sexto Sentido de Shyamalan e até mesmo Identidade (filme de 2003 com John Cusack) pelas viradas inteligentes e engenhosas envolvendo seu protagonista, Ilha do Medo (que nasceu de um livro escrito em 2003 por Dennis Lehane, o mesmo de Sobre Meninos e Lobos) é uma fascinante viagem que expõe os subterfúgios que a mente humana pode criar como válvula de escape de uma realidade que se quer esquecer.

    Falar mais é entregar o grande segredo do filme, que a exemplo do citado Sexto Sentido, dá dicas* sutis desde o início para que se mate a charada da história, o que por tabela tende a transformar a produção numa experiência ainda mais interessante de se rever. Mestre na arte que explora, Scorsese faz da Ilha do Medo um filme imperdível de múltiplos gêneros num só.

    Cotação:

    *Como citei, ao longo do filme pequenas dicas ajudam a revelar sua grande virada. Abaixo enumero algumas delas e obviamente se você ainda não assistiu, deixe para lê-las depois a fim de não estragar a surpresa reservada.

    - No início do filme, Teddy (DiCaprio) pergunta sobre o escritório de Seattle onde Chuck trabalhava. Este no entanto, diz ser de Portland. Quando em outro momento do filme (na cena do penhasco próximo ao farol), Teddy pergunta como Chuck achava que estaria o tempo em Portland, este o corrige dizendo ser de Seattle.

    - Assim que chegam à Ilha, o chefe de segurança pede que Teddy e Chuck entreguem suas armas. Nessa cena, fica clara a falta de habilidade de Chuck no manejo do coldre, o que obviamente já indicava que Chuck não era quem dizia ser.

    - O “Fuja” do curto recado escrito pela paciente Bridget (a que matou o marido) na cena das entrevistas na cafeteria, podia não significar nada, mas ao ter sido feito num momento em que Chuck se afastara da mesa, deixava no ar mais uma suspeita de que aquele cara escondia algo, como o fim mostra ao revelá-lo como o psiquiatra de Teddy/Andrew Laeddis.

    - Na cena em que Teddy e Chuck são obrigados a usar aquelas roupas brancas, dá para ouvir um dos pacientes ao fundo dizendo, “Não sei o que tenho que falar”, o que claro, era mais um sinal de que quase tudo daquilo se tratava de um teatro ensaiado.

    - Embora tenha dito que sua esposa Dolores (Michelle Willians) morrera num incêndio, nas várias sequências em que ela aparece está sempre molhada, o que casa com crime que cometeu: o chocante afogamento dos filhos. Fora isso, numa determinada cena, ela aparece com um ferimento no abdomen, que foi justamente o que causou sua morte após ser baleada por Teddy/Andrew.

    - Toda situação envolvendo o suposto desaparecimento de Rachel Solondo e seu posterior reaparecimento, soava implausível demais para ser real. Assim, só dava mesmo para interpretá-la como uma grande armação, que claro, mais tarde fica evidente como tendo sido mais um dos artifícios usados pelos doutores Cawley e Sheehan (Chuck) na tentativa de obrigar Teddy/Andrew a encarar a realidade.

    Agora para encerrar, vale destacar a dúvida que o fim do filme planta: pouco depois de reconhecer a realidade que poderia lhe trazer a sanidade de volta, Andrew retomar a personalidade de Teddy obrigando os médicos a abandonarem os métodos até então utilizados para recorrer à lobotomia. Mas será que Andrew regrediu mesmo ou apenas fingiu tentando encontrar a fuga definitiva para a realidade que não queria aceitar?

23 comentários:

  1. Vi o filme ontem no cinema, e discordo totalmente de você. Na minha opinião o filme é muito enfadonho e no final, não consegui entender direito como a história termina. Claro que tem suas partes boas, mas não chega nem perto de ser o melhor filme do ano.

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  2. Talvez o melhor filme do Scorsese. Um dos suspenses memoráveis que já vi.

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  3. Glauco, como você pode afirmar que o filme é ruim se diz não tê-lo entendido?

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  4. Assisti ontem também. Realmente muito, muito bom mesmo. Estou lendo o livro agora (Paciente 67 - Cia das Letras). Tem uma versão nova que foi lançada como "Ilha do Medo" para aproveitar o gancho do cinema. A riqueza de detalhes que o livro proporciona amplifica tremendamente a experiência do cinema. Recomendo.
    Glauco, uma dica: pague o ingresso novamente e reveja o filme. Fique atento aos detalhes/situações/diálogos... como o Davi bem disse; entender o enredo é fundamental para classificar o filme como bom ou ruim, apesar da subjetividade disso.

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  5. Filme foda demais!
    Super recomendado e realmente as viradas são perfeitas!

    Amei!

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  6. Davi sobre sua ultima pergunta...
    "Mas será que Andrew regrediu mesmo ou apenas fingiu tentando encontrar a fuga definitiva para a realidade que não queria aceitar?"

    Se não me engano na ultima fala do filme o quando Di Caprio assina sua sentensa de Lobotomia, fala algo como "que preferia morrer a viver como um monstro", neste ponto acredito que ele não regride nem melhora...
    Ele apenas escolhe assumir a personalidade que traria menos remorso e ou dor, consciente do que vai acontecer...sua lobotomia.
    Pois ele ainda caminha com uma cara de "Ok, vamos logo com isto" completamente certo de si.

    PS1: Quem assume que não entendeu, nunca poderá argumentar por que não gostou do filme.
    Talvez não goste por não ter sentido o que sentimos, recomendo tb assistir de novo, e se ainda assim não gostar é que na verdade vc não curte sua sutileza que nos impões uma análise mais cuidadosa...chega a me lembrar lost.

    PS2: Sexto sentido tem a mesma linha, mas normalmente terrores psicologicos como Shutter Island, me trazem muito mais medo.

    FORTE SPOILER NO (penultimo paragrafo) PS3!!!!

    Ps3: A "paciente/médica" que fugiu, na verdade no momento que ela é questionada na carverna por "Teddy" se ela é a verdadeira "paciente", entende ou reconhece o paciente/Andrew apesar das roupas brancas de funcionário e dá segmento a ilusão perguntando "Você é o detetive?" e com base na afirmativa ela se sente mais segura e solta a faca, mas tudo que ela diz descobrimos que é verdade... portanto ela é real com suas informações privilegiadas e Andrew apartir da fuga da paciente/médica semanas antes embasou sua "história".

    Não consigo dizer que não o melhor filme de suspense do ano, se alguem conhecer outro, por favor me avisem vou adorar assistir.

    Abraço a todos!

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  7. Filme realmente, extraordinario... Recomendo a todos, agora vamos ao livro^^

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  8. Eu ainda não vi o filme, mas o livro é brilhante, como tudo o que Dennis Lehanne escreve. Quer ler não vai se arrepender!

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  9. Filme bom, mas não dos melhores. Nps primeiros 30 minutos eu virei para um amigo que assistia comigo e disse o que ia acontecer no final,acertei sobre tudo, sobre laeddis, esquizofrenia e como o filme terminaria.
    Como vejo muitos suspenses, achei esse um pouco prevísivel. E quano ao final acho que ficou claro que ele escolheu morrer como um homeme bom com a enfatização de sua última frase. Vale a pena assistir

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  10. Mas pq ele não é o melhor filme do ano msm!

    Suspensezinho médjio, é até legal, mas o filme fica todo nas costas do fraquinho leonardo di caprio, sem contar que o diretor subestima sua inteligencia e no final é exatamente aquilo q vc imaginava.

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  11. Alguem aí sabe dizer outro filme melhor de suspense que qtenha estreado este ano nos cinemas?

    Galera, ir contra blz... mas justifique!

    Alguem consegue?

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  12. O filme te segura ate a metade, depois é uma grand teia de alucinações e tramas previsiveis, o filme como muitos outros deveria ter acabado quando andrew descobre ser ele o iludido. mas ao tentar fazer um filme diferente, scorcese tornou o filme como disseram aki : enfadonho.

    e davi como primeira pista vc indicou o fato de chuck vir de portland/seattle mas creio que isso foi apenas algo que andrew usou pq estava desconfiado de que chuck estava metido com os doutores e o fez essa pergunta no penhasco.

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  13. Davi, mais uma pista q vc não enumerou: primeira cena do filme, Di Caprio percebe q "perdeu" o cigarro. Mark Ruffalo, então, entrega o pacote dele pra ele.

    Eu confesso q não entendi totalmente quem é a paciente/médica escondida na gruta. Fique na dúvida se tudo o q ela fala pro DiCaprio é verdade (o q deixaria o final do filme ambíguo) ou se ela tá doidona msm.

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  14. Achei o filme excelente, um ótimo suspense psicológico.
    Típico filme que assistir uma segunda vez é tão divertido quanto na primeira, pq sabendo do que se trata a trama, você percebe detalhes que antes passaram batido.
    Recomendo ! ;)

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  15. Achei um filme bom, mas totalmente previsível ao ponto de torcer, na metade do filme, por um final mais surpreendente.

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  16. Não entendo porque - parecem, pelo menos - dizer de boca cheia que mataram a história do filme sendo que, como dito no post, o próprio filme te dá dicas. Essa é graça, não só te contam a história, mas fazem você tentar descobrir junto. Se descobriu, parabéns para você, né?!

    Confesso que eu tive essa sensação de entender tudo com as dicas (nada) sutis sobre o parceiro. Mas ao meu ver, foram mais uma isca para que as pessoas caíssem na mesma teoria que eu: Apenas uma armação geral contra o detetive. Claro, depois você acaba percebendo que o buraco é mais embaixo. Isto deixou o filme excelente.

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  17. O filme é realmente bom, apenas não gostei de na metade do filme ter bolado uma teoria que veio a se concretizar no final. É ruim acertar. O legal mesmo em filmes e séries, é bolar terias sobre algo, mas no final ser surpreendido com algo totalmente diferente do que havia sido imaginado. Lost é mestre nisso hahahaha

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  18. Adorei o filme, é um filme intrigante, que faz a gente pensar sobre os personagens.
    O que entendo da paciente/medica é que ela é apenas mais uma das varias alucinaçoes dele. Tudo o que ela diz eh verdade, pois todos sabiam, inclusive ele (paciente) o que acontecia no farol. E também podemos pensar em delirio, quando ele ve o parceiro morto nas pedras. Todos os delirios para entendermos a doença dele.

    Achei interessantissimo o filme, tb recomendo!

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  19. Por indicação sua,Davi,estou assistindo (Exceto Taxi Driver,não gosto muito de Scorsese.
    Estou em mais ou menos uma hora de filme.Realmente um roteiro bem legal,por que não dizer "Louco" (sem trocadilhos.)
    Enfim,foi só eu ou mais alguém viu influência da nossa série nesse filme de Scorsese ? (Não só a ilha,mais os "fantasmas",Farol,algumas tomadas.)
    Acho que já sei o fim que o filme vai tomar,diferentemente de lost...=D

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  20. Que bom que tá gostando. Como eu disse, até aqui foi um dos melhores do ano para mim.

    Abraço!

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  21. filme mais escroto não entendi nada e afirmo não ter gostado por isso aff.

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  22. filme chato não entendi nada e quem fala ai que entendeu tá mentindo duvido explica quem é a mulher na gruta até agora ninguem explicou.

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  23. filme mais escroto não entendi nada e afirmo não ter gostado por isso aff.

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