Damages
É uma pena que tão poucas pessoas tenham acompanhado o terceiro (e provavelmente último) ano de Damages. Mais seguro e com uma trama muito mais amarrada que a da boa, porém irregular 2ª temporada, esse instigante thriller jurídico ganhou no dia 14 de abril (lá fora, claro) um desfecho que serviu tanto para expôr de forma chocante toda a sujeira (mentiras, assassinatos e suicídios) por trás da grande conspiração alimentada pela fraude bilionária perpetrada pelos Tobin, quanto para concluir a trajetória de seus personagens de formas interessantes. Tirando algumas pequenas restrições com o fim (achei forçada a circunstância que culminou na morte do Tom, por exemplo) e com a temporada em si (fez falta vermos maiores embates entre Patty e Elen), fato é que sentirei saudades de tentar montar aqueles deliciosos quebra-cabeças propostos por sua narrativa cheia de idas e vindas, além, claro, da odiável, inteligente e não menos complexada Patty Hewes, que feita com maestria por Glenn Close, era das melhores definições de como um personagem multifacetado e tridimensional deve ser.
Chuck
Balisando-se na fórmula de episódios com histórias fechadas, mas que ao mesmo tempo nunca abriu mão de desenvolver tramas maiores (como ocorre com Fringe), foi nessa 3ª temporada que Chuck encontrou seu tom ideal para consolidar-se como uma das melhores e mais divertidas opções da safra atual de séries. Despretensioso e sem nunca se levar a sério (seu maior mérito, diga-se), o 3º ano da produção soube dosar o investimento no romance entre Chuck e Sara ao mesmo tempo em que envolveu de forma mais direta alguns dos coadjuvantes (Awesome e Morgan como exemplos mais notórios) nas mais diversas situações conferindo-lhes maior importância. Além disso, a boa participação de Daniel Shawn (Brandon Routh, a encarnação mais recente do Superman no cinema) na mistura, trouxe equilíbrio à dinâmica do trio principal, uma vez que o personagem serviu tanto para alavancar as exageradas habilidades de Chuck com o novo intersect inspirado em Matrix, quanto para funcionar mais tarde como um bom antagonista para o agora consolidado espião. E assim, muito mais madura, ao introduzir a misteriosa mãe de Chuck na trama, a temporada se encerrou com um gancho que promete ser fundamental para afastá-la da sempre perigosa zona de conforto. E que venha logo a 4ª temporada!
Grey’s Anatomy
E por falar em série que virou refém da zona de conforto... Grey’s Anatomy já figurou na minha lista de favoritas, mas hoje infelizmente está fora desse posto. Longe de provocar o envolvimento de outrora, as tramas constantemente repetitivas e os textos já não tão inspirados esvaziaram o que a série tinha de melhor. Em sua 6ª temporada, poucos foram os momentos que realmente tentaram sacudir as histórias com situações novas. Da saída de Izzie por exemplo, nem há muito o que comentar (ou lamentar) porque a personagem já havia perdido a graça e o espaço a tempos. Os romances? Com exceção de Callie e Arizona, foram todos mais do mesmo com a mudança de conflitos entre personagens diferentes e aquele vai e vem de sempre. Ou seja: chato. E nem mesmo o final tão comentado me convenceu, porque tirando um choque ou outro (como a cena da morte da Dra. Reed ou o fato de Christina ter a vida de Derek literalmente em suas mãos) ficou devendo muito no quesito que construiu a fama da série: sua capacidade de emocionar sem apelar para dramalhões exagerados embalados por trilhas melosas. Dito isso, não sei até onde dura minha paciência com a série, mas dada minha insatisfação despertada por esta temporada, é fato que Shonda Rhimes já fez muito melhor.
Desperate Housewives
Entra ano, sai ano e DH continua a mesma com pequenas variações. E se a 6ª temporada da série mais uma vez não fugiu da equação mistério + vizinhos novos com um segredo + dramas pessoais das 4 protagonistas, tampouco se esquivou de explorar o humor negro afiado como principal atrativo de suas tramas. Nesse panorama, os destaques óbvios ficam para a história envolvendo a crise financeira que obrigou Susan e Mike a deixarem Wisteria Lane no final da temporada; para a despedida de Katherine, que se descobriu lésbica nos braços da bela loira Robin (participação especial de Julie Benz, a Rita de Dexter); para Bree, que envolvida numa chantagem, teve que a abrir mão de sua empresa para tentar proteger um segredo, e finalmente para Lynette envolvida com a revelação do assassino da cidade representado pela trágica figura do adolescente Eddie. É pouco? Pode ser, mas mesmo assim a série ainda diverte apesar de se aproximar cada vez mais do esgotamento de sua fórmula com um quê de novela.
The Big Bang Theory
Ninguém nega que pelo menos 75% da graça de The Big Bang Theory se concentre em Sheldon e em seus rompantes antissociais (só para lembrar de um, que tal o episódio em que ele vai parar na cadeia por desacatar um juiz e perde a sessão de autógrafos com Stan Lee?). Com isso em mente, será que dá para negar que os demais personagens não tenham também sua dose de importância nem que sejam para funcionar como escada para situações absurdas? Como ignorar por exemplo, um dos episódios da reta final dessa 3ª temporada em que Leonard, Howard e Raj se veem envolvidos com uma astrofísica renomada e ninfomaníaca nas horas vagas? Como toda comédia, TBBT depende muito de seu elenco, que se não chega a ser tão brilhante individualmente (a exceção talvez seja mesmo apenas Jim Parsons), em conjunto funciona em perfeita sintonia, o que no fim acaba sendo o grande segredo da série, que com o gancho apontado no final da temporada (um interesse amoroso para Sheldon), tem tudo para render situações ainda mais incomuns e não menos divertidas.
The Office
Para uns a série já deu o que tinha que dar, mas para quem gosta de humor mais elaborado que não se sustenta apenas por gags óbvias, The Office ainda tem fôlego porque faz diferente mesmo quando suas histórias parecem falar sobre as mesmas coisas no mesmo ambiente de sempre: o escritório. Em seu 6º ano, a série pouco teve a desenvolver de seus personagens, afinal, a essa altura já conhecemos todas as suas nuances e dessa maneira, falar do comportamento bizarro de Michael ou Dwight por exemplo seria lugar comum. Dessa forma, alguns dos destaques dessa temporada surgiram a partir do constrangedor rompimento de namoro de Michael com a mãe de Pam; da incorporação da Dunder Mifflin (situação que trouxe a oscarizada Kathy Bates em participação especial) por uma empresa que faz máquinas copiadoras, além do surpreendente envolvimento de Michael com uma cliente (que mais tarde ele descobre ser casada) e finalmente a partir do (in)feliz incidente que acaba colocando o gerente da filial de Scranton em evidência positiva junto à matriz no que certamente conduzirá Jim, Pam e cia numa nova vertente de ações sem noção perpetradas pelo chefe na próxima temporada. Já cansou da série? Eu ainda quero muito mais.
Law & Order: SVU
Descobri SVU tardiamente como apontei nesse post, mas posso dizer que virei fã incondicional da série com essa 11ª temporada. Já tendo atingido sua maturidade há tempos, a produção protagonizada por Mariska Hargitay e Christopher Meloni não busca histórias fáceis ou mesmo casos de fácil compreensão. Ali, nem sempre a justiça é feita como manda o figurino e nesse processo, os envolvidos nas investigações se veem constantemente consumidos pelos dilemas que invariavelmente se apresentam nos mais diversos casos. Foram vários os ótimos episódios na temporada, com destaque para os 5 primeiros além do 9º (que colocou Olivia como suspeita de um crime a partir de um esquema de fasificação de DNA), do 15º (com participação de Lena Olin no papel de uma advogada que ajudou a manter preso durante 22 anos um homem injustamente condenado por um assassinato), do 17º (sobre uma ex-cantora lírica que ficou muda e sofreu abusos sexuais e maus tratos) e da sequência final com os 4 episódios que trouxeram Sharon Stone em participação especial como uma ex-parceira de Stabler que se tornara promotora, mas que também tem lá seus fanstasmas particulares a expurgar. Procedurals a tv tem aos montes atualmente, mas um tão bom e complexo quanto SVU não existe.
CSI
Irregular e muitas vezes pouco criativa, assim foi a 10ª temporada de CSI. Relacionar a ausência de Grissom com a queda da série seria exagero, afinal o cara já havia saído da produção há mais de 1 temporada e meia. Dizer que o personagem de Lawrence Fishburn, o Dr. Ray Langston, é desinteressante também seria injusto porque é justamente ele quem segurou a série em vários momentos, portanto só resta mesmo culpar os roteiristas por não tentarem criar arcos novos tão envolventes e surpreendentes quanto os de outras temporadas. Um exemplo prático? A história envolvendo o misterioso Jekyll, que vendido como um serial killer inteligente e meticuloso, revelou-se como um personagem rasteiro e absolutamente desinteressante no desfecho da temporada que só não foi um fiasco total porque o telegrafado gancho abre possibilidades para conflitos novos que podem render na próxima temporada. Isso, claro, se os roteiristas da série resolverem voltar a trabalhar com menos preguiça.