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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Breaking Bad – Eps. 4x05 “Shotgun” e 4x06 “Cornered”

Episódios inéditos no Brasil na data deste post

“Alguem tem que proteger essa familia do homem que a protege.” Ouch!

De maneira geral, foram 2 os grandes temas dos episódios 5 e 6 da 4ª temporada de Breaking Bad. O primeiro envolveu o elaborado plano de manipulação desenhado por Gus e executado por Mike para, 1) fazer terror psicológico com Jesse e tirá-lo da letargia e, 2) aumentar ainda mais a sensação de insegurança de Walter. Já o segundo e, talvez mais decisivo para a sequência da temporada, envolve Walter deixando a razão e o equilíbrio de lado em duas situações distintas (no jantar na casa de Hank no ep. 5 e na conversa com Skyler no início do 6) aumentando o risco de ver seu segredo ser exposto.

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    De “Shotgun”, o quinto episódio, destaques óbvios para as longas e tensas cenas envolvendo Mike e Jesse (a do deserto foi bilhante), que àquela altura, totalmente indiferente à sua vida, acaba despertando ao achar ter recebido uma nova chance e função na ‘empresa’ e, claro, para Walter deixando-se tomar pelo desespero na tentativa de re-estabelecer contato com Gus (a cena dele no Los Pollos Hermanos, ainda que simples, carregou alto na dose de adrenalina) e mais tarde, durante o jantar na casa de Hank para onde fora com Skyler para ‘confessar’ seus vícios e 'explicar' a origem do dinheiro ganho, falando o que não deveria só para alimentar no cunhado a certeza de que o verdadeiro Henseinberg, gênio do meth, continua à solta e ativo.

    Já “Cornered”, o sexto episódio, mostrou Skyler, então confiante de que seu plano para lavar o dinheiro era bom, perdendo a sensação de controle absoluto sobre a situação ao se deparar com Walter agindo de forma iráscivel (“Eles precisam de mim. Eu não corro riscos. Eu sou o perigo e outros blá blás”, que ele disse em certa altura), irresponsável (dar um carro esporte de luxo para Walter Jr. no que obviamente atraíria atenções desnecessárias) e, aí sem que ela soubesse, inconsequente (algo que se traduz, por exemplo, na iniciativa dele de confrontar a autoridade e as regras de Gus, levando 3 funcionárias da lavanderia para dentro do laboratório).

    E se é óbvio que a ainda pequena subtrama envolvendo o roubo das cargas de meth ganhará contornos e importância maiores mais à frente, um desenvolvimento fundamental para esse arco da história e da conflituosa relação entre Walter e Jesse se deu também nesse sexto episódio quando vemos o primeiro percebendo a armação de Gus para miná-lo psicologicamente e interpelando o segundo a respeito com um argumento/citação ao O Poderoso Chefão que explica todo o plano do chefe: “Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda”.

    Inseguros e manipuláveis em suas posições dentro do perigoso jogo em que se meteram, Walter e Jesse surgem invariavelmente tanto como peças essenciais para o perfeito funcionamento daquela engrenagem, quanto como riscos iminente para ela. E nesse contexto seguimos fascinados por Breaking Bad, a série que nunca traz episódios menos que excelentes e que há quatro anos faz a gente torcer por anti-heróis que são tão contraditórios (e odiáveis também em muitas situações, por que não?) quanto frágeis e fascinantes. Será que alguém discorda?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Breaking Bad – Ep. 4x04 “Bullet Points”

Episódio inédito no Brasil na data deste post

Breaking Bad, why so genius?!?!

De um lado um Walter cuidadoso, preocupado e sufocado com a incerteza e a incapacidade de controlar sua complicada situação atual. Do outro um Jesse descuidado, cada vez mais depressivo e absolutamente indiferente a tudo que lhe possa acontecer. E assim, à medida em que o panorama da trama parece só piorar para os dois excepcionais protagonistas, Breaking Bad só melhora com textos e situações cada vez mais brilhantes e geniais.

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    Sério. Essa série é tão foda, que mesmo um personagem como Mike que teria tudo para ser odiável e desinteressante, torna-se uma figura enigmática e carismática (além de extremamente eficiente, claro, como a cena de abertura do episódio reforça¹). Disso, partimos para todo aquele teatro armado por Skyler indo com Walter numa reunião de viciados em jogos e a subsequente e excelente cena² dos dois ensaiando a história que contariam para Hank e Marie com direito a doses cavalares de muito cinismo e críticas mútuas.

    Se o episódio se resumisse à essa cena do Walter com a Skyler já valeria e muito, mas tivemos mais. Walter descobrindo que Hank pode estar mais perto do que imagina da verdade sobre Heisenberg (o que foi a sacada dele sobre o WW mencionado nas anotações de Gale, hein?); Walter buscando orientação de Saul sobre o que fazer (será que a sugestão de ‘desaparecer’ pode ser uma alternativa futura?) e, claro, toda a situação envolvendo Jesse chutando todos os baldes numa postura dane-se o mundo, porque não tô nem aí com o que possa me acontecer, como deixa claro o desfecho do episódio.

    Notas:
    1 - Confesso. Se existisse uma série mostrando os ‘trabalhos’ de Mike eu assistiria, e você?
    2 - Que tal aceitarmos desde já que dificilmente veremos outra cena tão bem escrita e interpretada quanto essa em qualquer outra série esse ano, hein?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Breaking Bad - Ep. 4x03 “Open House”

Episódio inédito no Brasil na data deste post

Que a vida marginal do Walter e do Jesse em Breaking Bad nunca foi fácil ou tranquila todo mundo tá careca de saber, mas que a pressão e os riscos (principalmente pro Jesse, claro) vem crescendo exponencialmente nessa temporada também é inegável. Tem terrorismo psicológico no trabalho (com câmeras monitorando cada passo no laboratório), capanga à espreita nas redondezas (prontinho para apagar quem vacila) e até mesmo a ‘boa’ intenção de uma esposa (de se lavar uma graninha suja) podendo atrair atenções desnecessárias.

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    É curioso ver como tem sido essa relação do Walter com o Jesse até aqui porque os dois, embora tentem passar uma imagem de tranquilidade um pro outro, sentem-se absolutamente sufocados com a situação do momento. Walter, que é geralmente mais frio, aparece claramente irado com a falta de diálogo e com a incerteza do amanhã. Já Jesse, depressivo e tentando se fugir do problema (ou esquecê-lo), prefere manter a casa e sua mente num caos constante entendendo que essa seria a única forma de, contraditoriamente, manter-se seguro.

    E como citei as inteções da Skyler, não dá para deixar de comentar mais uma vez sobre a mudança, até certo ponto, radical da personagem, que mergulhou de cabeça na missão de lavar e legalizar o dinheiro sujo ganho por Walter. Nisso, a vemos agindo, mesmo sem o uso da violência, como uma verdadeira mafiosa para conseguir pressionar (criando uma oferta irrecusável no melhor estilo Don Corleone) o dono do lava a jato a mudar de ideia e vender o negócio para os White.

    Enquanto isso, Hank (não menos depressivo que Jesse, por exemplo) continua testando a paciência de Marie com desaforos mil fazendo-a buscar uma válvula de escape para as tensões em sua compulsão por roubar. Isso, no entanto, além de obrigá-lo a pedir um favor para um velho amigo policial, acaba meio que por acidente colocando-o em contato com um material que finalmente pode dar a ele a chance de pegar um peixe grande (o próprio Gus, claro) e por tabela descobrir o grande segredo de Walter.

    E pensar que tem gente que não assiste Breaking Bad. Tsc, tsc...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Breaking Bad – Ep. 4x02 “Thirty-Eight Snub”

Episódio inédito no Brasil na data deste post


Dizem que dependendo de como se reage ao medo, ele pode ser um aliado ou um grande adversário. Se é papo furado ou não eu não sei, mas em “Thirty-Eight Snub”, segundo episódio da 4ª temporada de Breaking Bad, vimos uma pequena mostra de situações que refletem examente isso. De um lado, Walt agindo para tentar estabelecer uma aliança (com Mike, que não estava menos temeroso com os acontecimentos) que pudesse lhe garantir uma chance de diálogo com Gus e, do outro, Jesse, buscando, nas distrações de festas exageradas e intermináveis, uma forma de esquecer o trauma recente ou de ignorar o pavor que tem de ser apagado dentro da própria casa na calada de uma noite qualquer.

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    Sempre fascinante com seu universo de ótimos personagens (até o Hank ficou mais interessante agora com aquele comportamento depressivo/agressivo), Breaking Bad está sempre jogando na nossa cara a certeza daquele ditado popular que de boas intenções o inferno está cheio. Nessa onda vimos, por exemplo, Skyler metendo os pés pelas mãos ao tentar fazer uma oferta de compra do lava a jato (mesmo depois de Walter ter pedido que ela não fizesse nada, sob o risco de atrair uma atenção desnecessária, claro) e Jesse encarando mais uma vez, por conta de um rápido reencontro, a certeza de que indiretamente acabou sendo o culpado pela morte de um garoto.

    A questão agora é: até quando vai durar a guerra psicológica perpetrada pelo Gus? Que ele precisa do Walt (pelo menos momentaneamente) é óbvio, mas e se/quando não precisar mais, o que fará? E o Walt? Vai desistir de obter algum diálogo que seja para garantir sua vida e seu objetivo? As respostas eventualmente virão, claro, mas por enquanto me contento com mais momentos reflexivos e tocantes como aquele que encerrou o episódio mostrando Jesse sentindo o desespero do vazio de tudo aquilo que sua vida se transformara.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A estreia da 4ª temporada de Breaking Bad

Episódio inédito no Brasil na data deste post

Os fins justificam os meios como sugere Maquiavel em sua obra mais famosa? É com essa dúvida que Walter White, protagonista da excelente Breaking Bad, convive constantemente desde os primeiros momentos em que abandona uma vida pacata, porém sem muitas perspectivas, para ingressar num negócio ilícito (e perigoso) que pudesse garantir o futuro financeiro de sua família, então prestes a perdê-lo em função de um câncer terminal recém diagnosticado. Quer seja pelas reviravoltas ou pela mudança de perspectiva de personagens importantes da trama (alô Skyler!), muita coisa aconteceu nesses três anos de série. Os negócios de Walter e Jesse se expandiram, novos e poderosos players entraram no jogo e o preço pessoal e moral que cada um paga no percurso aumentou exponencialmente. Nesse panorama, e dando sequência imediata ao grande gancho da temporada anterior, o quarto ano de Breaking Bad chega cercado de expectativas e com uma missão: continuar provando que a série é uma das melhores e mais imperdíveis da atualidade.

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    Box Cutter”, episódio que dá início à 4ª temporada, traz Walt e Jesse tendo que lidar com as consequências da decisão de enfrentar o grande chefão, Gus. E se Walt já vinha dando vários sinais de que já se dispunha a extrapolar limites (lembrem que ele chegou a matar e deixar morrer antes), coube a Jesse experimentar o choque de ter que tirar a vida de alguém para garantir tanto a sua quanto a do próprio Walter – ainda que temporariamente, talvez? – e no processo, ganhar uma visão absolutamente fria do papel que os dois ‘cozinheiros’ passam a ter na relação com Gus, que no fim das contas de fato depende deles para tocar seu lucrativo negócio. Por falar em Gus aliás, não deixou de ser surpreendente ver a reação violenta que ele teve no momento em que abandona a figura de homem equilibrado que conheciamos para assumir a de um verdadeiro açougueiro. Uma breve(?) e radical mudança de postura capaz de impressionar tanto Walt e Jesse obviamente, como todos que estavam do lado de cá da tela.

    Que tipo de relação se estabelecerá entre esses personagens daqui pra frente ainda é uma incógnita, mas é evidente que as coisas mudarão de forma contundente uma vez que todos (Walt e Jesse principalmente, claro) passam a ter motivos de sobra para desconfiar até da própria sombra nesse novo contexto. Sobre os demais personagens e sua importância na trama, Skyler parece ser a que terá papel mais importante na nova equação. Efetivamente disposta a ajudar Walter a lavar o dinheiro, ela tem uma motivação forte (pagar as contas médicas do tratamento de Hank), mas que por tabela pode colocar em risco o grande segredo que tenta preservar e que envolve tantas outras pessoas com interesses tão diversos quanto heterogêneos.

    Cheia de possibilidades, a 4ª temporada de Breaking Bad começa de forma animadora com tudo o que a série tem de melhor como suas situações inimagináveis, interpretações fortes (com os destaques óbvios para os sempre constantes e excelentes Bryan Cranston e Aaron Paul, este já merecendo maior reconhecimento, inclusive) e dilemas impactantes que seguem reforçando uma certeza que a série expõe desde o início de forma inquestionável: o mocinho aqui é o vilão e não simpatizar-se com seus conflitos ou torcer por ele não é uma opção.

terça-feira, 1 de junho de 2010

'Breaking Bad', uma das melhores séries que (quase) ninguém vê

Aclamada pela crítica, ignorada por boa parte do público. A frase podia definir a premiadíssima Mad Men, mas serve também para falar de Breaking Bad, belíssima série que atualmente está em sua 3ª temporada lá fora onde é exibida pelo AMC (o mesmo de Mad Men) e que reestreia* na noite dessa terça-feira no Brasil via AXN às 21h.

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    * O Sony (que é do mesmo grupo do AXN) começou a exibir a série, mas depois infelizmente acabou tirando-a de sua programação.

    Apostando na fórmula do protagonista capaz de carregar uma série praticamente sozinho, essa produção criada por Vince Gilligan (ex-produtor de Arquivo X) nos apresenta a Walter White, um professor de química que frente uma tragédia bem particular (o diagnóstico de um câncer pulmonar terminal), resolve mudar radicalmente de postura ao abandonar a pose de cidadão ético e fiel à moral estabelecida para abraçar a oportunidade que ele julga ser a última capaz de prover sustento à sua família: tornar-se produtor de drogas usando sua expertise profissional.

    E não se engane se a premissa te parece exagerada. O atual bicampeão do Emmy na categoria melhor ator em drama, Bryan Cranston (o Hal de Malcom in the Middle), constrói seu Walter White de forma tão avassaladora, porém sem nunca esquecer de lhe conferir fragilidade, que é praticamente impossível (tal qual acontece em Dexter, por exemplo) passar incólume frente seu drama e não se pegar torcendo para que aquele cara que sai da curva da normalidade se dê bem.

    Quando a série começa, o protagonista é ‘só’ um cara de meia idade razoavelmente conformado com o sacrifício de ter que dividir-se entre as aulas na escola e as horas que passa trabalhando no caixa de um lava jato (onde por vezes ele mesmo tem que lavar/secar carros). Contudo, quando a doença surge, Walter dá vazão à raiva acumulada pela rotina miserável, e encara o que ele considera como uma grande injustiça (um câncer de pulmão sem nunca ter sequer fumado?) como um chamado para despertar e sair da linha de forma definitiva.

    Simples, porém envolvente e muito bem escrita, Breaking Bad 'brinca' com a ideia de um homem que encontra na proximidade da morte, não a justificativa para se entregar a uma depressão (que até seria compreensível, diga-se), mas sim a motivação ideal, ainda que incomum, para voltar a viver de forma intensa seu relacionamento em família, além de explorar as fronteiras que separam o cidadão comum e de bem daquele que considera na vida marginal, a chance de um recomeço com data de validade.