quarta-feira, 27 de maio de 2009

Mental – Comentários do Ep. Piloto

Texto com informações de série ainda inédita no Brasil

Indo direto ao ponto, a verdade é a seguinte: como série médica sobre psiquiatria e afins, Mental está muito longe de ser uma In Treatment (e duvido muito que seus criadores tivessem essa pretensão), mas como cópia de House que é, funciona e diverte no que se propõe e ‘só’ isso já vale para mim. Será que para você também?

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    Imagine a cena. Você é um profissional de boa reputação chegando para seu 1º dia no novo trabalho. Ninguém (tirando sua chefe) te conhece pessoalmente, mas quando surge uma inesperada situação que requer resposta imediata, você age de forma absurdamente bizarra, se expõe na frente de todos e controla a crise. É exatamente isso que acontece no início de Mental, nova série médica da Fox gravada inteiramente na Colombia e que estreou essa semana nos EUA. O profissional em questão? Um médico psiquiatra com métodos nada ortodoxos de tratamento. Lembrar do Dr. House aqui é inevitável, mas há uma sutil e importante diferença: ao contrário do personagem de Hugh Laurie, o Dr. Jack Gallagher (Chris Vance, o Whistler de Prison Break) não tem nada de misantropo, uma estratégia que creio eu, tenha sido escolhida para (tentar) fugir das comparações mais óbvias ainda que esso seja uma missão impossível.


    Jack Gallagher (à esquerda) apresenta seu método

    Particularmente, confesso que tinha uma expectativa muito baixa com relação à série desde a primeira vez que falei dela aqui no Dude ainda em meados de 2008. Na essência, Mental é mesmo uma cópia carbono que repete a fórmula de House com o já mencionado médico de métodos excêntricos que usa outros médicos para investigar a vida do paciente (incluindo visitas à sua casa) e que tem uma chefe (Annabella Sciorra) que acredita no seu controverso trabalho, mas precisa contornar objeções de outros membros da instituição frente os procedimentos fora do padrão de seu funcionário. O único elemento que falta na fórmula copiada em Mental é um braço direito a la Wilson, o que é compreensível uma vez que ao fugir do padrão anti social de House, Gallagher não precisa estabelecer um ponto de equilíbrio para sua aparente insanidade.

    E se não tem Wilson, Mental tem a Dra.Veronica Hayden Jones (Jackline Mackenzie, a Diana Skouris de The 4400), uma psiquiatra apegada às regras e adepta do tratamento convencional que logo entra num pequeno conflito com Jack Gallagher, que por acaso é seu novo chefe no departamento de psiquiatria do Hospital Wharton Memorial. Gallagher por sua vez, é o tipo de sujeito não tem o menor receio em peitar seus conservadores colegas argumentando que “eles não tratam só as doenças, mas sim as pessoas.” E é assim, com pequenas frases de efeito (ou defeito, dependendo do seu gosto) que Gallagher toma conta da ação não se esquivando de confrontamentos ou de respostas rápidas.

    Em sua temporada de estreia com 13 episódios, Mental irremediavelmente vai sofrer com as críticas de que mesmo fugindo das convenções, nenhum tratamento psiquiátrico pode dar resultados tão rápidos como os que serão vistos na série. Por outro lado, insistir nesse tipo de crítica é besteira pois se fôssemos cobrar verossimelhança de todas as séries, ninguém deveria assistir CSI, Criminal Minds, The Mentalist e trocentas outras produções que utilizam deste mesmo artifício. Mental não traz nada novo, mas como disse no início do texto, diverte, e isso para mim é mais que suficiente mesmo com todos os seus exageros.

    Outras observações:

    - Curiosa a dica dada no final desse ep. Piloto apontando para a ideia de que o competente e aparentemente bem resolvido Dr. Jack, na verdade tem um drama forte em sua vida pessoal envolvendo a (ex?) esposa. Vai ver que é até por isso que antes ele passou um tempo trabalhando na Somália como membro dos Médicos Sem Fronteiras.
    - É exatamente esse ponto que pode indicar uma coisa diferente no mar de inevitáveis comparações que a série terá com House: nada de possível clima de romance entre o protagonista e sua chefe.
    - Ninguém precisa ser gênio para sacar que os maiores conflitos surgirão na relação de Jack com o formalista Dr. Carl Belle (Derek Webster, ator com participação em diversas séries), certo?
    - A trama se passa em Los Angeles, mas a julgar pelo Piloto, vai ser impossível não enxergar latinos em todas as cenas externas, o que não é necessariamente ruim, mas nos desconecta da história em determinados momentos.
    - E vem cá, será que o Silas Weir Mitchell (o da direita na foto acima) não consegue aparecer como um personagem que não tenha problemas psiquiátricos? Lembra dele como o Haywire de Prison Break? Pois é.


Mental estreia (dublada) no dia 3 de junho às 22h na Fox do Brasil.

4 comentários:

  1. Caraca, to louco pra ver a série!! Vou ver na Fox aqui do Brasil. Tenho Sky e dr pra botar em ingles legendado (graças a deus, odeio série dublada!!)

    Uhu, parece boa! :D

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  2. "...vai ser impossível não enxergar latinos em todas as cenas externas, o que não é necessariamente ruim, mas nos desconecta da história em determinados momentos." vc gosta de conmentários étnicos. volta e meia tem um nos seus blogs. dá uma olhada. eles sempre indicam uma resalva ao falar do assunto.

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  3. Bom, não sei o que você entendeu com isso Begotten, mas a única coisa que eu quis apontar foi o fato de que pela história se passar em Los Angeles, será sempre estranho ver apenas latinos nas cenas, o que imediatamente nos lembra que a série não foi gravada nos EUA e que aquilo é uma fantasia, o que por consequência desconecta o espectador momentaneamente da história. Essa é a única conotação desse comentário ;)

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  4. Um ponto positivo de Mental é lembrar de House sendo o oposto dele, sem ser rabugento, sendo mais ágil fisicamente, otimista, sem medo de se emocionar.

    Claro, que no fundo é um piloto bem mediano. O que não é o fim do mundo. Quase todas as séries são nesse nível.

    O roteiro cumpre seu papel de valorizar apenas o protagonista e o faz bem, sem erros. Os demais personagens terão voz lá para frente.

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