segunda-feira, 31 de agosto de 2009

V – A Batalha Final (Parte 1 do Episódio 1)

Comentário de episódio exibido pelo canal a cabo TCM no dia 28 de agosto

Que a analogia feita entre a chegada dos Visitantes à Terra e o fascismo é o elemento mais forte e importante dessa produção ninguém nega, sendo assim, coube à parte 1 do primeiro episódio* de um total de três V – A Batalha Final focar sua narrativa nas diferentes reações que a presença daquela força exerceu dentre os humanos, outro paralelo interessante com eventos de nossa história.

*Os episódios exibidos anteriormente eram na verdade um telefilme que deu origem à minissérie que por sua vez serviu de prólogo para uma série de 17 episódios.

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    Só estava fazendo meu trabalho” e “Foi isso que disseram em Nuremberg”, duas frases marcantes do episódio, reforçam na posição então colaborativa da jornalista Kristine com os Visistantes e na acusatória do Dr. Walker (que mais tarde vira alvo de uma lavagem cerebral), as nuances de um texto que não abre mão de explorar a crítica aos que fecham os olhos para uma realidade em troca de poder.

    Da mesma forma, Daniel surge representando a figura de milhares de jovens (alemães, sobretudo) que à época de um regime novo, se deixaram influenciar por uma retórica forte, mas sustentada por intenções obscuras, que em “V” significam a atração de humanos para um suposto centro médico que na verdade é fachada para experimentos e uma linha de produção que transforma seus potenciais clientes em comida.

    E como falei em colaboradores, não seria justo deixar de comentar a cena em que a mãe de Mike se diz livre e defende as ações dos Visitantes só para ouvir dele a frase mais impactante do episódio, “Você é livre até onde sua guia alcança, tente forçá-la e você se enforcará”, o que de certa forma traduz com exatidão os limites invisíveis que naquele panorama estabeleciam as relações de confiança em vigor, e que mais uma vez remetem a um reflexo do que viveram muitos dos que ajudaram ou fecharam os olhos para regimes totalitários.

    Inegavelmente bem mais acabado em termos de produção (o sobrevoo das naves sobre as cidades rendem belas passagens), esse episódio trouxe ainda cenas de ação mais convincentes e menos datadas do que as vistas anteriormente. Além disso, é inegável que ao dar espaço para desenvolver um pouco mais a figura de Juliet como uma líder pragmática, mas ainda cercada por incertezas e medos em contraste com a de Mike sempre agindo de forma mais individual, o episódio construiu também as bases para a evidente aproximação entre os dois.

    E é assim, equilibrando boas doses de ficção (fiquem atentos à gravidez da jovem Robin que renderá desdobramentos interessantes) com reflexões ainda bem atuais, que “V” prova de novo que suas virtudes continuam atemporais fazendo dela uma produção obrigatória para todos que buscam entretenimento de qualidade e que tenham algo a dizer.

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