Confesso. Gossip Girl foi meu guilty pleasure da temporada 2007/2008. Encerrada ontem na Warner, a 1ª temporada da série, inspirada em livros (que já são 12) de mesmo nome, narra a vida de adolescentes (e seus pais) da elite nova-iorquina através dos relatos de uma misteriosa blogueira que se identifica apenas como Gossip Girl, claro, na voz da atriz Kristin Bell (Veronica Mars e Heroes).
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Embora não escape de um dos maiores clichês presentes em praticamente todas as séries que exploram a temática teen - jovens adultos se passando por adolescentes com pais que , por vezes, mais se parecem seus irmãos e que são tão imaturos quanto os filhos - Gossip Girl construiu uma trama com bases sólidas e com personagens que fogem da superficialidade, apresentando diversas camadas que justificam o interesse gerado em torno da série (nos EUA ela foi uma das mais baixadas no iTunes).
O mais divertido de Gossip Girl é que ela não se propõe a refletir com exatidão o que é ou como funcionam os bastidores da elite, mas sim evidenciar com uma linguagem objetiva que por trás do dinheiro e do luxo escondem-se os piores segredos e as maiores angústias de cada um daqueles jovens personagens. E se falei em clichês de séries teens lá no início, vale citar que há aqui, claro, o bonzinho ingênuo que parece não se deixar contaminar pelo ambiente que o cerca (Dan Humphrey), um que precisa encarar a maturidade antes dos amigos (Nate Archibald), a garota mimada, manipuladora e vingativa (Blair Waldorf), uma que não perde a oportunidade de se humilhar em nome de uma chance para entrar no seleto clubinho da elite (Jenny Humphrey), o mau caráter conquistador (Chuck Bass) e por fim, a protagonista da série (Serena va der Woodsen, a bela atriz Blake Lively) que cumpre com perfeição o papel de heróina boazinha e simpática mas com podres no passado e problemas na família.
Quem olha a série de fora e julga sem conhecer, deixa de descobrir que além de entreter, no fundo Gossip Girl retrata as consequências que a desestruturação familiar provoca/provocou em cada um daqueles jovens. Todos eles, sem exceção, sofrem ou sofreram em maior ou menor grau os impactos de separações dos pais ou mesmo traumas de uma criação onde carinho e respeito eram as últimas lições aprendidas. Blair e Chuck, os vilõezinhos da trama, se é que podemos chamá-los assim, são belos exemplos do que cito e ao mesmo tempo dois dos personagens que considero mais interessantes na série. A complexidade da dupla vai além das barreiras de uma elite interessada apenas no supérfluo, apresentando uma química que funciona perfeitamente no divertido jogo de amor e ódio vivido entre os dois ao longo da temporada. É interessante perceber que mesmo quando o tigre parece querer mudar suas listras, não o faz por puro capricho como sustenta a Gossip Girl em uma sequência do final da temporada. Ao mesmo tempo é divertido ver que o choque de diferenças entre Serena e Dan é o que os atrai. Os dois são o reflexo de um antigo relacionamento vivido entre seus pais (Lily van der Woodsen e Rufus Humphrey) e vê-los tentando não repetir os erros do passado de seus progenitores, é um dos aspectos que faz da série uma diversão genuína que consegue trazer temas relativamente espinhosos à discussão sem torná-la pretenciosa e exagerada demais.
Não sei que rumos a série tomará na próxima temporada, mas acredito que tal qual já ocorreu com outras do gênero, Gossip Girl possa ter uma vida relativamente longa se seguir a linha que introduziu nessa boa temporada de estréia.
Cotação da 1ª temporada: 8,5
A série me surpreendeu. Gosto de séries teen, mas o conceito da "garota fofoca" não me atraía. Quando vi, o que mais gostei foi justamente a narração. O tom ácido e cômico é muito interessante. Enfim, me deixei levar e me divirto muito.
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