Exibido no dia 9 de outubro nos EUA
Quando vi a primeira versão do piloto americano de Life on Mars que vazou em junho, critiquei a falta de inventividade da série por ter caído na armadilha de se limitar a copiar o conceito da produção original sem expandí-lo. Outros grandes pecados evidenciados naquele piloto, vinham do fato da história se passar num ambiente (Los Angeles) que tirava o ar soturno da série inglesa, além da diminuição da força e até mesmo descaracterização daqueles personagens marcantes. Daí veio uma mudança de produção (David E. Kelley então produtor abandonou o projeto), renovação de elenco com a entrada de Harvey Keitel e Michael Imperiolli e uma mudança de locações, saía Los Angeles e entrava Nova Iorque, uma cidade cujo passado combina muito mais com o mote e o clima da série matriz. Restava portanto saber se esse novo piloto conseguiria superar os equívocos cometidos antes lançando bases sólidas para uma releitura daquela bizarra história envolvendo o detetive Sam Tayler além de expandir o conceito de forma original. Por isso, fiquei muito surpreso quando vi esse novo piloto, que embora ainda não escape de copiar várias sequências da versão inglesa (e isso é compreensível para dar início à história), acerta o tom com um ritmo mais cadenciado e com personagens bem mais bem desenvolvidos e interessantes.
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A história continua sendo a mesma. Sam Tyler (Jason O'Mara) é um detetive do presente investigando um caso que envolve um serial killer e que após sofrer um acidente acorda em 1973. Lá ele precisará se adaptar à uma realidade bem diferente da que estava acostumado e terá que ganhar seu espaço no meio de policiais com métodos pouco ortodoxos como o durão Gene Hunt (Harvey Keitel rivalizando com a intepretação original de Philip Glenister) e o sarcástico Ray Carling (Michael Imperioli de The Sopranos) que na versão americana ganha mais detaque que naquela da tv inglesa. A também doce Annie, ganha uma boa retratação com Gretchem Mol (substituindo Rachelle Lefreve que atuou no piloto anterior) que equilibra bem aquele o conceito da mulher frágil que busca seu espaço numa sociedade machista. E se antes não me simpatizei com o trabalho de Jason O'Mara (o único sobrevivente da limpa no elenco) como Sam Tyler, agora posso dizer que ele conseguiu equilibrar mais a dose reflexiva e explosiva que transformam o protagonista numa figura complexa e ao mesmo tempo carismática.
Isso tudo porém, talvez não funcionasse se a ambientação do ano de 1973 não fosse bem feita. E para nossa sorte, o trabalho de produção da série é digno de palmas já que ela traduz com muita eficiência o clima daquela década. Todas as cenas da Nova Iorque de 1973 convencem e imediatamente nos conectam ao mesmo desespero e à mesma dúvida que toma conta de Tyler tentando entender o que lhe aconteceu (a cena em que ele contempla as torres gêmeas é repleta de sutilezas que exprimem bem esse sentimento). Igualmente curioso, é notar que também existam indicações de que o cenário da época envolvendo escandâlos políticos (o Watergate) ou mesmo o impacto que a longa guerra do Vietnã provocou na sociedade, também devem ser incorporados à trama que tem como maior desafio encontrar um caminho novo e que consiga convencer a audiência de que o mistério sobre o que está acontecendo com Sam Tyler (ele viajou no tempo, está sonhando ou num coma?) possa ter outras camadas tão interessantes e criativas quanto aquelas da série inglesa.
Life on Mars US começou bem, reunindo ingredientes que tem tudo para render uma boa receita. Resta saber se os responsáveis por essa versão terão coragem de explorar algo inédito como explicação para tudo ou cederão à tentação de copiar o chocante desfecho da original. A resposta para isso ainda não tem data para acontecer, mas até lá pretendo acompanhar a série, e você, pretende fazer o mesmo?
Rapaaz, nem tava animado pra ver Life On Mars, mas depois do comentário de vocês me deu vontade de ver até a outra versão.
ResponderExcluirOnde eu acho pra baixar as duas?
Eu gostei do novo piloto (o outro que vazou era sofrível).
ResponderExcluirE a referência às torres gêmeas não é meramente visual.
Maiores detalhes sobre minha opinião aqui: http://www.fotolog.com/rafabauer/32051133