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Embora traga o mesmo clima da série e explique o que aconteceu com Bauer desde o final da 6ª temporada - ele estava tentando se manter à margem do governo americano que, apesar de todos os seus sacrifícios, o intimira a prestar esclarecimentos sobre suas ações do passado -, a produção de uma maneira geral tem um ritmo irregular que não traz o mesmo senso de urgência constante visto nos episódios da série, além de apresentar certas incongruências (mais sobre isso logo abaixo). Isso porém, não diminui o peso de uma história simples, mas que reflete com singular clareza, uma triste realidade que assola muitos países da África: a da guerra comandada por ditadores inescrupulosos e guiados pela sede de poder e que não se importam em usar crianças inocentes para fazer seu trabalho sujo.
Quando Redemption começa, Bauer está em Sangala, um país (fictício) da África onde está colaborando com Carl Benton (Robert Carlyle), um antigo amigo das Forças Especiais que montou uma escola no lugar para ajudar crianças em sua maioria orfãs de guerras e massacres a terem uma chance de encontrar um caminho digno. Nesse cenário de tantas mazelas, enxergamos em Jack a fragilidade emocional e a dor que as diversas decisões impossíveis que fora obrigado a tomar durante anos lhe impuseram. E ao dizer isso, vale destacar que Kiefer Sutherland continua convencendo como o homem que fica ano após anos cada vez mais atormentado por causa de seu trabalho, o que não deixa de ser mais um aspecto interessante da série, já que apesar de seus diversos feitos incríveis, não tentam vender Bauer como um sujeito imune às consequências do que faz.
Com mais armas do que soldados, não demora muito para que a milícia comandada pelo general Juma (Tony Todd) e seus asseclas passe a aliciar e a sequestrar garotos para seu exército usando o discurso de que era necessário tomar o poder do país e combater o imperialismo ianque que tanto lhes oprimia. O detalhe propositalmente omitido no discurso, é que o principal financiador da guerra que eles iriam iniciar era justamente um ianque (Jonas Hodges, personagem do veterano Jon Voight) cujos interesses escusos só conheceremos na 7ª temporada. Sendo assim, com as crianças em perigo, e com o burocrata da embaixada americana (Frank Trammell, papel de Gil Bellows) pouco interessado em ajudar (a não ser que Bauer atendesse à intimação do governo americano), não demora muito para que o atormentado herói deixe de lado o estilo bom samaritano e volte a fazer o que sabe melhor: eliminar vilões aos montes e de um jeito que só ele sabe.
Nessa parte, a produção ganha em adrenalina e nos lembra porque 24 Horas continua sendo a melhor série de ação da tv. Pena que intercalada a essas sequências, estejam cenas que mostram alguns dos momentos que antecedem a cerimônia de posse de Allisson Taylor (Cherri Jones), a nova presidente americana. E não me entenda mal. Sei que para funcionar como um prólogo para a 7ª temporada, era mais do que necessário que víssemos pelo menos um pouco do que andava acontecendo em Washington. E se foi bacana rever Tom Lennox (Peter MacNicol) mesmo que brevemente, causa certa estranheza que faltando poucas horas para entregar o cargo à nova moradora da Casa Branca, o então presidente Noah Daniels (Powers Boothe) tivesse tempo ou mesmo interesse em chamar a atenção de Allison Taylor para um golpe de Estado que tomava forma em Sangala, um país ao qual ele mesmo se refere depois como sendo dispensável para o governo americano, já que ele não teria nenhum recurso natural que pudesse render interesse econômico dos EUA. Isso de certa forma, pode até funcionar direitinho como uma crítica sutil à verdadeira política recente dos EUA e é bom lembrar que a série já fez isso outras vezes, mas a situação não me pareceu muito plausível para aquele momento especificamente, a não ser, claro, que Daniels já estivesse de certa forma sendo influenciado por Jonas Hodges, ao que duvido.
Apesar dos pequenos equívocos (o interesse obsessivo do garoto Willie com o lenço fica ainda mais irritante quando vemos o que ele provocou), 24: Redemption é uma boa mostra de que a série tem potencial para explorar histórias isoladas. No fundo não há nada de tão original na produção que insiste em não abrir mão de repetir os mesmos elementos já tão explorados dentro das temporadas, isto é: Bauer sendo torturado, vilões aos montes sendo eliminados por ele, outro grande vilão com ligações, influência e acesso nos mais altos escalões do governo, um presidente com boas intenções e muita, mas muita ação.
A tal Redenção do título pode até não ter chegado para Jack Bauer ainda, mas para quem tava louco de saudade e curioso para conferir o retorno desse icônico personagem, 24: Redemption rende momentos de ação empolgantes e alguns bons momentos que até emocionam pela sinceridade do gesto, o que certamente não é pouco para uma produção que se vende com tiros e explosões.
Notas:
Tony Todd, o General Juma, já participou de 24 Horas antes como um detetive que apareceu em um episódio da 3ª temporada.
Eric Lively, ator que faz Roger Taylor, o filho da presidente Allison, é irmão da atriz Blake Lively, a Serena de Gossip Girl. Aliás, sobre o personagem de Lively, dadas as indicações da trama do telefilme, aposto desde já que em algum ponto da 7ª temporada iremos vê-lo como refém de uma situação crítica, ou mesmo como alguém que vai entrar de cabeça na ação.
Qual foi a contagem de 'vítimas' do Jack no telefilme? Alguém se arrisca ou prefere esperar pelo registro do BauerCount.com ?
E aquele lenço do garoto Willie, onde foi parar? Alguém viu? :p
Ainda tô esperando a legenda pra entender melhor...ANCIOSO!!
ResponderExcluirAcho que vou assistir com a legenda em inglês mesmo, ver o que dá pra entender. Ainda nao pude ler o post completo...
Boa análise. Só discordo em um ponto. Gostei das cenas em Washington e achei que o ponto alto do filme foi o embate entre Allisson Taylor e Noah Daniels. A sexta temporada, ao meu ver, acertou em incrementar o debate político na série. Nestes tempos de mudança (será?), a sétima temporada poderá ganhar muito com isso.
ResponderExcluirNo geral, eu gostei bastante.
ResponderExcluirAchei, apesar dos altos e baixos, que o telefilme cumpriu o "prometido". Uma bela introdução para o que veremos na 7ª temporada.
Esse tal de Willie foi irritante mesmo, pensei que seria exagero o comentário de Rene Rosa do UGO, quando comentou sobre o garoto.
Foi ótimo aperitivo.
Valew