quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Opiniões sobre o telefilme '24 Horas: Redenção' se dividem. Uma diz que é bom, a outra que é ruim. E agora?


Faltando pouco mais de uma semana para a exibição do telefilme 24 Horas: Redenção na Fox americana, me deparei com duas opiniões bem distintas sobre a produção que promete matar as saudades de quem curte as aventuras de Jack Bauer (Kiefer Sutherland), que está fora da tv desde maio de 2007. Os dois textos abaixo - um do IGN e outro do UGO -, trazem argumentos bem interessantes que ora servem para aumentar as expectativas, ora para diminuí-las. É óbvio que nem um nem outro deve ser encarado como veredicto absoluto para a qualidade do telefilme, já que cada fã deve ser capaz de formar sua própria opinião sobre a produção, mas de qualquer forma, ambas servem como um belo aperitivo para matar um pouco mais a curiosidade de quem está contando os minutos para voltar a ver Bauer em ação. Se esse é seu caso, e você não se importa com os spoilers (que são mais específicos na opinião negativa), siga a leitura.

A opinião positiva

    Para Brian Zoromski do IGN, '24 Horas: Redenção' é uma experiência única e bem-vinda quando comparada com a exibição tradicional da série. Ocorrendo em grande parte no país fictício de Sangala, encontramos um Jack Bauer em busca de um sentido para a vida e que andou viajando pelo mundo fugindo de uma intimação para se apresentar num subcomitê do senado americano. O início do filme apresenta um pouco de salto temporal, mas a maior parte da trama ocorre no formato de tempo real da série (logo no início é dito que os eventos ocorrem entre 15 e 17h). O fato de estarmos vendo Jack Bauer em um cenário diferente daquele de Los Angeles é uma mudança de ritmo renovadora, já que numa temporada normal é praticamente impossível para Jack estar em outro lugar que não seja os EUA (com exceção de algumas curtas viagens ao México tempos atrás).

    Redenção conta a história de Jack no meio de um golpe militar em que um tirano chefão de milícia tenta 'recrutar' crianças para transformá-las em soldados. Jack esteve trabalhando como missionário com seu antigo colega Carl Benton (Robert Carlyle) e eles tem um grupo de crianças sobre seus cuidados, que se tornam alvo da milícia. Há algumas cenas de ação muito boas aqui; do tipo que os fãs da série já se acostumaram a esperar, com Jack Bauer essencialmente se tornando o exército de um homem só. Ele está praticamente bem solitário dessa vez. Não há CTU, não há ninguém dando reforço; é apenas Jack se virando sozinho, avaliando a situação e enfrentando o inimigo. É quase um Duro de Matar na África sem as piadinhas de Bruce Willis.

    Intercalada com a ação em Sangala, há uma série de cenas em Washington que nos introduz a vários personagens que também veremos quando a 7ª temporada estrear em janeiro. Tomando posse como presidente dos Estados Unidos durante Redenção está Allison Taylor (Cherry Jones); também conheceremos o marido dela Henry (Colm Feore), o filho Roger (Eric Lively) e a filha Olivia (Sprague Grayden). Nesse interím também conheceremos um homem que está orquestrando coisas bem ruins; um homem que Jack provavelmente irá encarar em algum ponto do sétimo dia: Jonas Hodges, feito pelo veterano Jon Voight.

    Como muitos episódios de 24 Horas, Redenção também tem sua fatia de diálogos tolos e cenas paradonas (a maioria ocorre em Washington), mas elas são bem balanceadas com as sequências de ação e algumas poucas cenas emocionais envolvendo Jack, permitindo que Kiefer Sutherland mostre todo seu talento deixando o lado humano de Jack Bauer surgir. Há uma penca de personagens que ficaremos felizes de não voltar a ver, já que eles parecem confinados ao telefilme e não devem aparecer na 7ª temporada. Dentre eles há um garoto chato, um oficial da Nações Unidas que foi feito para parecer o maior covarde de todos os tempos, e um empregado 'mala' da embaixada americana em Sangala.

    O verdadeiro objetivo de Redenção parece ser o de fazer a introdução para novos personagens e a situação em Sangala, e isso não é uma coisa ruim. Ao apresentar novos personagens, mostrando uma nova presidente, um vilão, e alguns bons coadjuvantes, a 7ª temporada de 24 Horas pode entrar direto na história que envolve tudo isso. 24 Horas: Redenção atiça nosso apetite mais uma vez para ver Jack Bauer fazendo justiça. Que venha o sétimo dia.


A opinião negativa

    Rene Rosa do UGO, começa seu texto destacando que os primeiros minutos de Redenção que mostram a milícia de Sangala recrutando/sequestrando crianças para seu exército, não ocorrem em tempo real pela primeira vez na história da série e segue sua análise dizendo o seguinte: o ritual de iniciação entre os soldados veteranos e os 'novatos' é um pouco assustadora, refletindo parte da triste realidade do mundo em que vivemos. Infelizmente, justamente quando a cena poderia ser impactante, o clima se quebra quando as crianças começam a cantar uma música num inglês bem 'macarrônico' por tempo demais.

    Quando Jack aparece rapidamente entendemos o significado do título dessa produção. Um jovem garoto está mexendo em sua bagagem e encontra uma echarpe indiana quando Bauer entra no quarto. O garoto iria levá-la e diz a Jack que a peça era "bonita para uma garota." Jack então em tom quase depressivo fala para o garoto que iria levar aquilo para sua filha, Kim Bauer, quando voltar para casa. O garoto então pergunta quando isso ocorreria e Jack lhe diz nunca e em seguida fala para ele levar a echarpe. Por que diabos o garoto quer essa echarpe? Bem, vamos chegar lá daqui a pouco.

    Logo em seguida é revelado que Jack está vivendo como missionário tentando se redimir das transgressões de seu passado enquanto ajuda Carl Benton, um antigo amigo das Forças Especiais que agora cuida de crianças africanas que precisam de ajuda. Essa introdução sobre a nova vida de Jack Bauer é o exato momento em que algumas coisas bem convenientes começam a surgir. Primeiro: quando o amigo de Bauer é apresentado como um ex-soldado, você sabe logo de cara que ele vai lutar com alguém em algum ponto e isso convenientemente explica como ele sabe atirar e derrubar alguns oponentes. Em segundo lugar, as únicas crianças que eles cuidam são garotos. Não há nenhuma menina à vista, o que te leva automaticamente a assumir que eles vão ser sequestrados pelos milicianos. Em terceiro, a conviniência que mais incomoda tem a ver com aquele garoto idiota e sua irritante obsessão pela echarpe. Não tenho a menor idéia do porque ele queria tanto aquele negócio e nenhuma explicação é dada, mas seja lá qual for a explicação, a verdade é que seu egoísmo estúpido acaba levando alguém à morte.

    Sei que pode parecer que estou sendo severo demais nisso, mas realisticamente, esse episódio estendido não precisava existir. Honestamente qualquer coisa importante que surja de 24 Horas: Redenção poderia ser inserido dentro de um episódio normal. Portanto o que acontece de verdade nesse telefilme?

    O que essa história toda faz é proporcionar um caminho para que Jack Bauer ajude inocentes, seja capturado ao salvar algumas crianças, saia de herói e pego pelo governo americano de novo. Sim, basicamente é isso. Resumidamente, Jack é torturado pelos chefões da milícia que pegam as crianças, escapa, mata a maioria deles, se reune com seu amigo para ajudar a levar as crianças para a embaixada americana para que eles possam ficar em segurança durante uma evacuação. Bauer no entanto não pode fazer o percurso completo porque se o fizer, será pego pelas tropas já que fora intimado para ser julgado sobre o uso excessivo da força durante ações anteriores. É nesse momento que o garoto 'mala' deixa cair o artifício estúpido da trama (sim, a echarpe) e corre de volta para pegá-la, fazendo com que Carl Benton o siga para protegê-lo. Ao fazê-lo, Carl pisa numa mina terrestre e percebe que não pode se mexer ou tudo explode. Aí é claro que ele fica de herói e diz a Jack para pegar as crianças e levá-las em segurança enquanto ele atrai os milicianos para perto quando então explodiria tudo.

    Jack então precisa levar as crianças em segurança sozinho sabendo que o único jeito de lhes garantir asilo político é se for com eles. E antes de tudo acabar, vemos um pequeno acontecimento em Washington que pode levar a coisas maiores na série. Um amigo do filho da presidente é morto no dia da posse quando descobre que seu chefe está financiando um conhecido terrorista (o personagem de John Voight). De alguma forma, agora sabemos que o filho da presidente estará envolvido na grande trama do 'Dia 7'.

    De uma maneira geral, a trama de 24 Horas: Redenção é claramente uma tentativa de explicar o gap entre a 6ª e a 7ª temporada os mais rápido possível. Pena que não faça justiça à série. O fato de ter sido escrito e filmado depois do início da temporada que ele precede, limita muito o que poderia ter sido feito. Apesar disso, espero que por ter assistido esse telefilme eu tenha alguns momentos "Ah sim, isso tem a ver com o que mostraram antes" durante a nova temporada. Não me entendam mal, há alguns bons momentos de Jack Bauer nesse telefilme, mas infelizmente os ruins pesam mais. Talvez por gostar tanto dessa série, eu tenha me desapontado, mas depois da longa espera, será que eles não deveriam ter feito algo mais instigante em vez de algo apenas razoável?


24 Horas: Redenção será exibido no dia 23 de novembro nos EUA e provavelmente em janeiro no Brasil

4 comentários:

  1. Eu ia ler até você avisar que tem spoiler hahahaha.

    Vou esperar, depois que eu assistir volto aqui e vejo se concordo com os textos.

    vlw Davi

    abs!

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  2. Olha, Davi, só por você se dispor a traduzir esses textos relativamente grandes, já mostra o quanto você se importa com os fãs deste blog(e creio que esse deve ter sido o primeiro site brasileiro de séries a noticiar isso). Por isso mesmo, cada vez gosto mais do Dudenews. Tenho vindo aqui com cada vez mais frequência, embora praticamente não comente, mas tentarei fazer isso com mais frequência, pois eu sei o quanto esse feedback deve ser importante pra vocês.

    Quanto ao texto sobre o telefilme, confesso que só li sobre a parte positiva pra evitar os spoilers. E, apesar de fã da série, não tenho muitas expectativas não. Se a idéia for basicamente mostrar Jack ajudando criancinhas na África, creio que não será nada demais. Mostrar o quanto Jack é altruísta e bondoso não é nenhuma novidade. Essa é uma característica que já estamos cansados de ver. Espero, portanto que a trama presidencial agrade, porque não acho que as "aventuras de Jack Bauer na África" farão isso.

    Grande abraço.

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  3. Tá certo Kbssa :p

    Obrigado pelas palavras e principalmente pela visita, Rodrigo :)

    Sobre o telefilme, confesso que estou ansioso para ver, mas não crio expectativas demais. Qualquer coisa de 24 Horas já vale muito pela ação desenfreada e pelo contínuo clima de conspiração e não há escorregões que acabem com isso. Além do mais, mesmo que saibamos que Jack é um sujeito altruísta, imagino que vai ser bem interessante vê-lo atuando em um cenário diferente, o que por si só já seria um grande atrativo independente da história contada.

    Abraço!

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  4. Pensei em não ler a opinião negativa, mas como sempre não consigui...

    Realmente essa segunda parte do texto conta tudo do Telefilme, mas também é a que expõe as questões mais relevantes.

    "O fato de ter sido escrito e filmado depois do início da temporada que ele precede"...não sabia dessa informação até ler o post e achei estranho. De qualquer forma, desde que soube do Telefilme o considerei um risco. Espero que as "falhas" relatadas não manchem a 7ª temporada, pois mesmo achando um risco, confesso que também estou ancioso pra ver Jack Bauer em um cenário diferente.

    Valew

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