Abaixo a tradução de um ótimo texto para aqueles que ainda tem dúvidas se devem começar a ver Battlestar Galactica e um excelente aquecimento para os que, assim como eu, estão contando os segundos para que a noite de sexta-feira dia 16 chegue logo.
Text por James Poniewozik publicado originalmente na Revista Time
Muitas sagas de ficção científica e fantasia são guiadas pela busca de Uma Grande Solução: um único objetivo que, se atingido, conserta tudo. Alguém joga um anel em um vulcão e Sauron é destruído. Alguém mata o imperador e o equilíbrio da Força é restaurado.
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Em Battlestar Galactica, a relevante e sombria reimaginação da série espacial de 1970, a tal 'Grande Solução' somos nós, isto é, a Terra. Em algum lugar no espaço, alguns milhares de humanos escaparam de um genocídio perpetrado pelos Cylons, uma raça de robôs criadas pelos humanos e semelhantes a eles. Os sobreviventes são guiados pela busca de um planeta - o nosso - no qual uma antiga lenda diz que a '13ª tribo' de homens se estabeleceu muito tempo atrás.
Tenha cuidado com o que você deseja. Ano passado, na metade da quarta e última temporada de BSG, a frota aterrisou na Terra para encontrar tudo destruído por uma aparente hecatombe nuclear. É como se Moisés tivesse cruzado o deserto apenas para descobrir que a terra prometida não existisse. O foco da estratégia de sobreviência da humanidade e a mitologia religiosa instantaneamente se transformou em cinzas.
Agora, retornando com seus 10 últimos episódios, BSG faz a tradicional pergunta: o que acontece depois que a grande solução se revela um monte de nada?
BSG começou com uma premissa bem definida de ficção científica: uma saga espacial que envolvia uma fuga e uma perseguição, mas tudo bem cru. Não havia robôs simpáticos à la Star Wars ou alienígenas sexy à la Star Trek. Seu universo é sujo. As naves são desconfortáveis. Os humanos carregam armas que atiram balas; eles também comem algas processadas recolhidas de planetas inabitados. E eles ainda por cima criam expressões novas - frak é a versão BSG para aquela palavra que também começa com F.
E isso não significa que BSG seja chata; ela é intensa, poética, e até engraçada. ("A boa notícia é", diz um político calculando como dar a notícia sobre a Terra, "o preço dos terrenos estão baixos.") Mas, é uma aventura de exaustão, não de empolgação.
O que manteve a diáspora seguindo em frente nessa implacável busca é a promessa da Presidente Laura Roslin (Mary McDonnell), uma burocrata que se torna líder depois que o governo é vaporizado e que acredita ser uma profeta destinada a liderar a humanidade até o lar. O que mantém o público seguindo a série é o jogo de gato e rato com os Cylons, que podem se esconder entre e se misturar com os humanos. (Esses robôs pelo menos, são sexy)
Lançada com uma minissérie em 2003, BSG evolui para um conto sci fi da guerra contra o terrorismo. Por conta da habilidade dos cylons se passarem por humanos - alguns acreditam que eles são humanos - a frota entra numa paranóia que à la pós 11 de setembro, via uma célula terrorista adormecida em cada passageiro. Isso também dramatiza o perigo do extremismo religioso: os cylons são monoteístas que enxergam seus criadores humanos (que são politeístas) como pagãos.
Os paralelos foram desconfortáveis. O Almirante William Adama (Edward James Olmos, bem diferente do sereno Lorne Greene da versão da série nos anos 70), é um homem sem medo de transgredir regras civis quando enxerga uma ameaça à segurança; Roslin não tem o apoio de todos que assegurem sua liderança na busca pela Terra. Na 3ª temporada, quando a humanidade viveu sob um regime de ocupação cylon - parecida com a dos EUA no Iraque -, que não queria exterminar os sobreviventes, mas sim 'reformá-los', alguns personagens se tornaram terroristas em ataques suicidas contra os cylons e seus colaboradores humanos.
Como 24 Horas, BSG testa a moral e a racionalidade de uma era de medo. Roslin é idealista, mas possivelmente cega pela crença, Adama é autoritário, mas quase sempre certo por ser assim. Até a aventureira pilota Starbuck (Kate Sackoff) é tão instável quanto heróica. Os cylons, por sua vez, provam ser uma sociedade fascinante, assombrados pela dúvida e divididos pelo debate sobre sua missão religiosa.
Em seu episódio de retorno, revelações perturbadoras sobre o passado da Terra surgem rapidamente à medida em que os humanos (agora aliados com um grupo de cylons) pensam sobre o que fazer. No processo, BSG muda o foco saindo do contemporâneo para o que independe do tempo, levantando questões sobre a natureza da humanidade à medida em que os protagonistas são forçados a redefinir seus propósitos. Será que a humanidade pode se salvar, não por terminar uma busca, mas por entender as ameaças de sua própria criação? À medida em que essa brilhante saga chega ao fim, os humanos são forçados a reconhecer que a grande solução não está lá fora nas estrelas, mas sim em si mesmos.
Belo texto! Reflete bem essência dessa série.
ResponderExcluirE ai David tem um palpite sobre o último Cylon a ser descoberto -se for o último - e qual a importância que ele terá para o desfecho da série?? 2 dias intermináveis
O melhor e mais conciso texto sobre Battlestar Galactica, ever
ResponderExcluirParabéns!
E quanto ao palpite? Quem será o 5º Cylon?
André e Leandro, eu confesso que já tive várias suspeitas, mas no fim acabo concluindo que não tenho a menor ideia de quem pode ser o último cylon e estou bem assim. Pelo menos dessa vez acho que vou preferir ser surpreendido com a revelação e torço honestamente para que ela não vaze antes da hora.
ResponderExcluirSobre a importância da identidade dele, não tenho a menor dúvida que deverá desempenhar um papel fundamental para o desfecho da história. Minhas maior expectativa com relação à esse cylon final, é que ele possa refletir exatamente o que o texto do Poniewozik sugere, ou seja, que ele ajude a apontar o entendimento sobre o que os humanos realmente buscam nessa história.
Falta 1 dia \o/
Abraço!
Interessante! Deu até vontade de assistir essa série.
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