domingo, 22 de março de 2009

Battlestar Galactica: Comentários sobre o final da série

Com óbvios spoilers para quem ainda NÃO viu o último episódio
da série
exibido no dia 20 de março nos EUA.

Existem aqueles que acreditam que a vida aqui começou lá fora, nos confins do universo, com tribos de humanos que podem ter sido os antepassados dos egípcios, dos toltecas ou dos maias. Que eles teriam sido os arquitetos das grandes pirâmides ou que teriam feito parte das civilizações antigas de Lemúria ou Atlântida...

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    É sempre duro dar adeus à uma série que desperta paixões e levanta tantas questões atuais e relevantes como Battlestar Galactica fez, por isso não foi à toa que levei algumas boas horas para conseguir escrever esse texto. Daybreak – título do último episódio - , premiou os fãs com um final cheio de tudo que a série sempre teve de mais atraente: cenas de ação e batalhas empolgantes, diálogos ricos e repletos de significados, e muita, mas muita emoção. Também não faltaram choques e surpresas, principalmente por conta de um final que se liga totalmente a um grande mito da humanidade que muitos julgam ser a grande verdade das nossas origens. Depois de quatro temporadas, a série se despediu reforçando a grande questão levantada ao longo da trama: tudo isso aconteceu antes, e tudo isso vai acontecer novamente?

    Escrito pelo produtor executivo Ronald D. Moore (o cabeludo que aparece no último ato do episódio lendo a revista na banca), o final de três horas da série respondeu várias questões, mas deixou algumas em aberto dando espaço para interpretações e reflexões. Isso, é claro, acabou despertando a fúria de muita gente que julgava ser fundamental que todas as pontas soltas lançadas no curso da história da série fossem devidamente amarradas. Obviamente, há de se respeitar opiniões, mas para uma série que nunca mastigou explicações ou explorou obviedades, o final excelente.

    E daí se não tivemos uma explicação minimalista para o que aconteceu com Starbuck e o que ela era (o principal ponto de discórdia nos fóruns e blogs dedicados à série)? O que me parece falho no julgamento enfurecido de alguns fãs é que independentemente da resposta que fosse dada, muitos continuariam insatisfeitos da mesma forma. Como muita coisa na vida, há certos mistérios para os quais não existe uma resposta. Com isso em mente, posso dizer com muita tranquilidade que particularmente gostei que tenham deixado essa ponta solta para que reflitamos e imaginemos o que ela era afinal. E para mim, ela era o elo de ligação da força maior invisível, mas sentida por todos que Baltar cita numa das melhores cenas do episódio, aquela na sala de comando em que humanos e os cylons tiranos liderados por Cavil decidem dar uma chance à trégua. No fim, a missão da inesquecível Kara “Starbuck” Trace era levar os últimos humanos e cylons rebelados à verdadeira Terra, à nossa Terra e não àquela destruída por uma hecatombe nuclear, e se ela era ‘simplesmente’ um anjo ou não, fica à critério de cada um.

    Ao explorar abertamente a ideia defendida no livro “Eram os Deuses Astronautas?”, o final da série (e da saga dos últimos humanos do universo), surpreende ao homenagear a original produzida em 1978 cuja abertura tinha a narração que reproduzi no início do texto. De todos os possíveis finais, e apesar das dicas, eu jamais imaginara que Ron Moore e cia fossem de fato trilhar o caminho de ligar a história daqueles personagens à nossa. E querem saber? Por mais que alguns digam que esse final não foi original e etc, vou para sempre bater palmas para os caras que ousaram ao longo de cinco anos, construir entretenimento de altíssima qualidade, levantando questões que falavam de política, religião e filosofia como nenhuma outra série jamais fez.

    Battlestar Galactica se despede, mas deixa em mim a certeza de ter experimentado uma viagem rica, divertida e que fez pensar. Afinal, estamos ou não fadados a repetir ciclos? As guerras de egos, o egoísmo, o consumo desenfreado e o distanciamento e consequente isolamento do homem cada vez mais refém da tecnologia serão os nossos “cylons”? A resposta para isso eu não sei, mas se uma série de ficção científica provoca tamanha reflexão, não preciso de outras provas para concluir que sua importância para a história da tv será inegável. Obrigado BSG. Sentirei saudades.

    Outras observações:

    - Muito bacana ver as cenas de batalhas envolvendo os centuriões cylons que conhecemos nessa versão da série e aqueles da série clássica.

    - Outro momento muito interessante ainda ligado à série de 78, foi aquele em que Sam lidera a frota na direção do sol ao som da música tema da produção clássica criada por Glen Larson

    - Belíssima a tomada que mostra a chegada da frota à Terra e a descida de todos na África (não foi lá que encontraram a ossada mais antiga do homem?)

    - Foi difícil conter as lágrimas na cena que marcou a morte e posterior despedida entre Adama e Laura Roslin, cortesia do excepcional trabalho de Edward James Olmos e Mary McDonnel respectivamente.

    - A série acabou, mas é bom lembrar que ainda teremos pela frente o telefilme “O Plano”, que será, como o próprio título já indica, focado nos bastidores do grande plano de extermínio perpetrado pelos cylons e que culminou na hecatombe que dizimou grande parte das 12 colônias.

9 comentários:

  1. Battlestar se despediu de forma maravilhosa, e para mim eles conseguiram sim explicar tudo, inclusive a natureza da Kara, que destinada a levar a umanidade ao seu fim, nem mesmo a morte a impediu, fazendo com que ela voltasse para cumprir o seu destino....

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  2. Não gostei do fim da Starbuck, mas não foi pela falta de respostas. Ao contrário: fazer a moça sumir no vento é tirar a possibilidade dela ser qualquer coisa explicável pela ciência.

    O Ron Moore disse em entrevista que o objetivo era fazer o final dela ambíguo. Mas cadê a ambiguidade quando alguém some no vento?

    A religiosidade/sobrenatural sempre esteve presente na série, claro, mas aí forçaram a mão.

    Tirando isso, foi um bom final de série, acho. Espero não mudar de opinião depois de rever :)))))

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  3. Davi,sabia que vc. era fã de BSG,e estava procundo um blog com algum comentario sobre o final.Só assisti ontem e não gostei .aliás fiquei revoltada,cheguei mesmo a desejar que tivesse acabo no ep. 10,seu ótimo texto me fez ver algumas coisas de forma um pouco diferente.É verdade que não entendi muita coisa do 11 para frente,vou rever os eps...BSG sempre tratou de coisas importantes para a humanidade,mostrando inclusive,principalmente, nosso lado mais predador,por isso achei o final muito capenga,não creio que os 38 mil últimos sobreviventes da humanidade,mais uns tantos cylons,abririam mão de sua tecnologia para viver em cavernas.Sim porque pelo que vi eles chegaram na terra pré linguagem,então muiiito tempo antes de piramides e o que seja,se nem comunicação verbal existe,como é que essa"cultura" vai ser semeada no DNA da humanidade que estar por vir.Meu irmão acha que eles abririam mão, sim, em troca do fim da guerra com os cylons,mas nem isso aconteceu,os cylons humanoides estavam lá com eles e os totalmente máquinas foram caçar um mundo para chamar de seu e, com certeza, um dia voltarão para caçar uns humanos.38 mil humanos modernos e nus(sem arma,sem tecnologia,cansados de guerra) no mundo pré histórico sobriveveriam 10 mim,até o primeiro encontro com um nativo terrestre,ou exterminariam os terrestres com uma gripe,sarampo.Eu nem espero que filmes de sci-fi,sejam densos e realistas como era BSG,mas esse final para mim foi totalmente decepcionando,nem vou comentar sobre Starback, e Lee , por que ai não tem nada que salve,na minha opinião.D e q.q. forma muito legal o seu texo.

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  4. É Davi, se prepare! Ano que vem é a vez de Lost.

    Já se imaginou escrevendo o último post sobre um episódio da série??

    Vai ser duro!

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  5. Final Maravilhoso? Sim
    Final Excepcional? Sim
    Final Grandioso? Sim
    Final Perfeito? não. Quase meus caros!
    Era notório que esse grande série tinha um enfoque espiritual e dramático além de ficção científica.
    Durante toda a série eles fizeram essa mistura de forma perfeita. Agora não! Não há licensa poética que suporte o final de Starbuck(Ela explodiu com seu viper o corpo foi para terra dos cylons lá Deus fez seu anjo a cara e semelhança e memórias da stabuck, Deus construiu um VIPER novinho em folha para ela e ela voltou para finalmente encontrar a nossa terra e desaparecer) essa foi a única falha desse episódio.

    Agora as coisas boas:
    1- Maior batalha espacial que ja vi na minha vida!Tem que ganhar o Emmy de melhor efeitos especiais não acha Davi?

    2- Versões obsoletas dos Cylons que tinham aparecido no telefilme RAZOR

    3- Galactica mesmo aos pedaços conseguiu chegar a terra. Quando vi a nave quase se dividindo ao meio eu dei um pulo do meu sofá hehe.

    4- O encontro dos tripulantes com os Homo Erectus ou Homo Sapiens num sei dizer

    5- Mensagem final de Baltar( Anjo) caprica ( Anjo) mostrando nossos robozinhos e uma mensagem de esperança.

    Não se esqueça Davi que além do filme teremos "Caprica" confirmado para 2010

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  6. Adorei o final não pela perfeição ou respostas dadas (ou não) mas porque fechou uma obra, que acho magnifica.

    Em tempos onde as ´series são obrigadas a "agradar" ao público, BSG estava lá do seu jeito, quem quiser gostar que gostasse daquele jeito.

    Eu confesso: chorei no final!

    PS: a UNIVERSAL poderia criar vergonha na cara e lançar essa metade da temporada num dvd decente, com extras e som de qualidade.

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  7. BSG terminou, infelizmente. Emocionante e inteligente em todo o desenvolvimento da história. Por um momento cheguei a pensar que haveria uma ligação dos doze modelos e Baltar com os doze apóstolos e Jesus, respectivamente.
    O final da Starback não precisaria ser tão misterioso, deixando uma lacuna na história, mas a história da raça humana é mesmo cheia de lacunas. Uma séria brilhante.

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  8. BSG terminou, infelizmente. Emocionante e inteligente em todo o desenvolvimento da história. Por um momento cheguei a pensar que haveria uma ligação dos doze modelos e Baltar com os doze apóstolos e Jesus, respectivamente.
    O final da Starback não precisaria ser tão misterioso, deixando uma lacuna na história, mas a história da raça humana é mesmo cheia de lacunas. Uma séria brilhante.

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  9. Mais emocionante , poderoso e atraente será a segunda temporada para estrear neste mês de abril 17 anos.

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