sábado, 13 de novembro de 2010

Senna

Quando os créditos finais de ‘Senna’ surgem na tela, o sentimento de nostalgia é inevitável. Não só pela F1 em si, que na época de Ayrton e cia era infinitamente melhor que essa coisa sem graça de hoje, mas sobretudo (e com direito a muitas e inevitáveis lágrimas) pela saudade imensa que o filme desperta desse que, para mim, foi o maior ícone esportivo que o país já teve.

Usando registros, em sua maioria raros, de momentos marcantes da trajetória de Ayrton Senna (com destaque óbvio para sua espetacular vitória no Brasil em 1991), o documentário dirigido pelo inglês Asif Kapadia constrói um retrato empolgante e emocionane do homem que viveu menos do que gostaria – é particularmente doloroso ver o próprio Senna falando sobre planos que tinha para um futuro que não veio -, mas que soube fazê-lo de forma intensa como um herói das pistas instantaneamente transformado em mito depois daquele fatídico 1 de maio de 1994.

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    Fugindo um pouco da estrutura usual que caracteriza documentários sobre personalidades – no filme, todos os testemunhos, memórias e opiniões sobre Senna são dadas através de voice over ou pelo próprio -, o filme tem dentre seus muitos méritos, a coragem de não tenta fazer um retrato imaculado de seu protagonista. Assim, o Ayrton que vemos no filme é, mais do que um cara apaixonado pela velocidade e pela incansável busca da perfeição, um homem que teve que aprender, em meio a erros e acertos, a equilibrar seu talento notório nas pistas com a difícil habilidade política que o mundo da F1 exigia.

    Nesse panorama, a rivalidade entre Senna e Alain Prost (exposto como um piloto de caráter no mínimo questionável em várias passagens) ganha atenção especial, já que é justamente através da relação conturbada e explosiva dos dois que temos a chance de conhecer os bastidores do circo da F1 com tudo de bom e de ruim que ele sempre teve, como dirigentes muito mais fiéis a interesses pe$oais do que ao desenvolvimento pleno (e principalmente seguro) de um esporte que desperta tanta paixão mundo afora.

    Vibrante como registro histórico, Senna é uma bela homenagem à memória da personalidade inesquecível e que por tantos domingos nos fez ter orgulho de ver a bandeira verde e amarela tremulando no alto do pódio após cada corrida vencida com o tema da vitória tocando ao fundo. Que saudade, Ayrton!

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2 comentários:

  1. Ótimo comentário Davi, mais um motivo pra conferir. Não sou da época do Senna, era muito novo quando ele morreu, mas sei o quanto ele foi importante para o país. Concordo com a sua opinião de que ele foi o maior ícone do esporte brasileiro. Verei assim que puder. Abraços.

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  2. Oi Davi,

    Quando o Senna morreu eu morava nos Estados Unidos e nem acreditei quando meu amigo e filho do diretor de Interlagos na época me ligou chorando para avisar sobre o falecimento dele.

    Nunca fui de assistir corridas, não acho a menor graça, mas minha família assistia aos domingos e me peguei sentindo falta depois de ouvir ainda deitado na cama a música da vitória ou minha mãe dizendo ao meu pai a posição do Senna em alguma volta.

    Mas a pessoa que o Senna era é algo de sensacional, um homem com o dinheiro que ele tinha ajudar os outros sem que ninguém soubesse (as ações de caridade só foram descobertas anos depois de sua morte) é o legado mais importante que ele deixou, mais ainda que suas vitórias nas pistas.

    Abraços.

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