Difícil dizer porque demorei tanto para ficar em dia com
Sons of Anarchy.
Vi o episódio Piloto assim que a série estreou em setembro de 2008 e de cara gostei do elenco, achei a premissa excelente, mas por um desses mistérios inexplicáveis da vida, acabei não acompanhando a produção com a fidelidade que ela merece. Vacilo desfeito, depois de uma maratona empolgante posso dizer com convicção:
Sons of Anarchy faz parte do seleto grupo de séries que todo mundo tem que assistir.
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Hamlet sobre duas rodas, máfia sem italianos ou simplesmente uma história sobre um clube de motociclistas foras da lei... Definições reducionistas não faltam para a série criada por Kurt Sutter (ex-produtor de The Shield) que acaba de estrear sua 3ª temporada nos EUA pelo Fx, mas não se engane, há muito mais na série do que impressões superficiais possam indicar.
Sim, é verdade que Sons of Anarchy emula muito de uma das obras mais famosas de Shakespeare para contar a saga de Jax Teller (Charlie Hunman), um jovem motoqueiro idealista dividido pelo conflito de sua paixão pelo clube e por seus membros e pelas dúvidas que cercam os rumos que o grupo tomou sob a liderança de seu padrasto, Clay Morrow (Ron Pearlman). Contudo, mais do que isso, a série trata sobre a tênue linha que divide o certo do errado estabelecendo um panorama bem turvo e complexo sobre as relações de poder, família e negócios que a trama explora.
Em Sons of Anarchy, os mocinhos e a lei muitas vezes viram vilões e estes, contraditoriamente, quase sempre se confundem, nos dilemas dos membros do clube de foras da lei, em mocinhos improváveis. Traçando um paralelo, em muitos aspectos dá até para dizer que a série se pareça bastante com Sopranos. Há todo um código moral em jogo sendo respeitado pelos membros do SoA tal qual ocorre na máfia, mas diferente dela, aqui as mulheres não representam apenas figuras periféricas, e assumem posturas muito mais pró-ativas do que reativas, algo que fica evidente, por exemplo, com Gemma (a excelente Katey Sagal), esposa de Clay e mãe de Jax ou com a médica Tara (Maggie Siff).
Enquanto as duas primeiras temporadas concentraram-se na construção do conflito que colocou em risco a própria existência dos SoA como grupo, quer seja através da crescente rixa entre Jax e Clay, ou das disputas de poder com um clube rival (os Mayans) e também com um grupo radical ligado a nacionalistas, o terceiro ano deve mostrar o processo de reconstrução de uma relação mais fortalecida entre os membros do SoA ou sua ruptura definitiva.
Em “So”, episódio que abriu a 3ª temporada nessa terça-feira, 7 de setembro, os dois grandes cenários se concentram na busca pessoal de Jax pelo filho sequestrado, um dos ganchos do final do segundo ano, e em Gemma, que depois de matar sua sede de vingança, vivencia a experiência de ficar foragida da justiça depois de cair numa armadilha da amoral agente Stahl. Fora isso, a vingança e a disputa de territórios continua evidente culminando num final de episódio chocante e que parece dar uma certeza incosteste para os rumos da temporada: tudo pode acontecer e ninguém está a salvo.
Se você ainda não assiste Sons of Anarchy, tá esperando o que para começar?!