quinta-feira, 3 de julho de 2008

A falibilidade de 9MM: São Paulo


Com muito mais acertos do que erros, 9MM: São Paulo, encerrou sua curta jornada de 4 episódios essa semana. Embora boa parte da crítica tenha caído de pau em cima da minissérie classificando-a precocemente como um equívoco, posso dizer que me convenci de que a série conseguiu fazer um retrato bem contundente de uma realidade podre e aparentemente impossível de ser modificada nas esferas de poder. E se isso parece pouco, justiça seja feita e reconheçamos que 9MM tem no mínimo o mérito de ter rompido com a lógica acomodada das produções nacionais.

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    É óbvio que a direção por vezes canhestra aliada aos cortes de cena exagerados e atuações amadoras demais em algumas situações, atrapalharam uma maior evolução e até conexão com a história, mas ao conseguir refletir um pouco de tudo aquilo que a nossa sociedade tenta ignorar ou esconder, a minissérie emulou bons aspectos de produções sob as quais se inspirou como 24 Horas (nas cenas de ação, que claro não são tão elaboradas como as da série de Jack Bauer) e The Shield (na linguagem crua da polícia) e que foram inclusive referenciadas em algumas situações.

    Horácio, 3P, Eduardo, Luisa e Tavares

    No quarto e último episódio exibido este ano (outros 9 estão prometidos para 2009) 9 MM explorou todos os aspectos da tão propagandeada realidade da polícia. Vimos o delegado Eduardo procurando facilitações com o ex-sogro deputado e uma curta mas curiosa discussão sobre a meritocracia, novas evidências de que Horácio (talvez o personagem mais contundente da série) busca meios de fugir às regras para limpar a sujeira necessária aos olhos dele para fazer 'justiça', enquanto Luisa, presa às regras, acredita que tudo pode ser resolvido pela burocracia representada nesses episódios pela corregedoria da polícia que no fim parece só existir para dificultar o trabalho que efetivamente devia ser feito. Por outro lado, o detetive Tavares representa aquele sujeito saído da periferia e que ao se dividir entre as origens e o dever, acaba pagando o preço da indecisão, palavra que o novato 3P desconhece ao abusar da intempestividade que a seus olhos seria o único caminho de se resolver as coisas.

    No fim das contas 9MM não é uma série essencial, mas ao explorar a falibilidade do sistema e evidenciar as camadas do engendrado mecanismo que controla todos os meios de poder, a produção consegue de forma criativa e inovadora para os padrões brasileiros, mostrar que o trabalho sério nesse cenário se torna uma missão quase impossível quando a intenção é cumprir a lei usando a lei.

    "Que porra que somos nós? Nóis é polícia"

3 comentários:

  1. Davi, algumas coisas parecem do filme Tropa de Elite...

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  2. Concordo Rafa, há uma forte semelhança, mas quando pensamos em produção para tv, temos que reconhecer que há um ineditismo na iniciativa, não acha?

    Abraço!

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  3. Bom, esta série conseguiu me convencer a deixar de lado o preconceito pela produção nacional e, pelo menos assistir o epsódio piloto.

    Embora eu tenha gostado bastante dos personagens e de algumas atuações, a série não me conquistou, principalmente, por algumas cenas que foram mal escritas e pelo linguagar muito ofensivo.

    Fico apenas no epsódio piloto, mas aguardando o surgimento de outra série com as mesmas qualidades boas desta.

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