sábado, 26 de julho de 2008

ARQUIVO X - Eu Quero Acreditar (Comentário)

Mesmo perdendo parte de sua força e essência depois da 6ª temporada (sobretudo por conta da saída temporária de David Duchovny), Arquivo X sempre conseguiu manter-se, pelo menos para mim, como uma das maiores referências televisivas e fonte de inspiração para séries de sucesso de hoje como Lost e quem sabe de amanhã com Fringe. Foi com Arquivo X que descobri a paixão de acompanhar aquelas histórias repletas de mistério, suspense, e claro, dos dramas pessoais de Mulder e Scully, que no fundo - e muito mais do que as conspirações e etc.- eram o verdadeiro núcleo da série. Por isso e infelizmente, só por isso, Arquivo X - Eu Quero Acreditar se salva de um fiasco maior.

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    O clima dos chamados episódios 'monstro da semana' dá o tom no filme que usa elementos sobrenaturais bem dignos aos bons momentos da série. Contudo, a falta de um refinamento maior no roteiro de Chris Carter e Frank Spotnitz (criador e produtor da série respectivamente) é notório, comprometendo de forma definitiva qualquer chance de nos envolvermos a fundo com a história da vez, sobre o desaparecimento de uma agente do FBI e um padre com passado de pedófilo que se diz vidente. É estranho, mas a coisa toda não parece Arquivo X. É como se Chris Carter ao tentar se afastar ao máximo da mitologia da série para tentar atrair um público novo, que não conhecia a série, acabasse não fazendo nem uma coisa nem outra, já que como disse antes, o filme falha em estabelecer uma conexão mais forte com a história que estava contando.

    É não me entendam mal, é ótimo ver Mulder e Scully de volta. Há um claro respeito às características dos personagen e somos prontamente situados ao que aconteceu desde a despedida dos dois da telinha em 2002, porém ao optar por simplesmente nos relebrar quem eles são e como agem (Mulder o crente, Scully a cética), o filme perde a oportunidade de mostrar um maior desenvolvimento e evolução do que aconteceu na vida dos dois durante esses seis anos. Sim, dá para saber que os dois passaram a viver juntos depois da saída do FBI (os shippers não terão do que reclamar) e que Mulder optou pela clausura isolando-se do mundo enquanto Scully dedicou-se a praticar a medicina. E se é interessante ver que os dois ainda seguiam assombrados por fantasmas do passado - ele por Samantha e ela por Emily e claro, William - e encontravam neles motivações para seguirem fazendo de uma forma diferente o que mais sabiam, é uma pena que o roteiro não explore as nuances que esses aspectos trouxeram à relação dos dois.

    No fundo eu não me importo que o filme tenha dispensado conspirações governamentais e alienígenas ou mesmo que tenha usado uma história fraca para reposicionar a dupla nos dias de hoje, mas o que realmente não dá para perdoar é o excesso de personagens coadjuvantes ruins e o desperdício da oportunidade de consolidar a marca Arquivo X como um franquia sólida no cinema, onde Mulder e Scully poderiam ter vida longa. Por isso, apesar da cena final que rola depois dos créditos indicar que a história chegou mesmo ao fim, eu torço para que a coisa não acabe assim de uma forma tão decepcionante, afinal a verdade continua lá fora e merece histórias melhores.

    Cotação:

    Easter Eggs:

    - Note as diversas imagens e recortes de jornal presentes no escritório de Mulder fazendo referência a casos antigos da série, e claro, o famoso cartaz "I Want to Believe".

    - Hábitos antigos realmente não morrem e mesmo depois de seis anos, Mulder segue comendo suas sementes de girassol.

    - Preste atenção em uma rápida aparição de Chris Carter em uma cena do hospital onde Scully trabalha.

    Por Davi Garcia

7 comentários:

  1. !Pode conter SPOILERS!

    Concordo com praticamente tudo.

    E adiciono: faltou produção no filme. os poucos efeitos presentes foram muito mal feitos, alguns episódios de "monstro da semana" da série já tiveram efeitos melhores que os do filme.

    A história foi bem menos elaborada que muitos episódios de "monstro da semana", além de ser confusa.
    ao fim da exibição eu ainda não havia entendido o que o "dr.frankenstein" fazia com as pessoas o_õ

    mas enfim, o filme é realmente um belo presente de Chris Carter e cia. para os fãs, o pouco que foi mostrado dos dramas pessoais foram realmente bons, como o jeito que Scully lida com a perda de William e até mesmo de Emily, tentando salvar a vida do menino no hospital. E Mulder ainda preso ao passado com a abdução de Samantha.

    Acho que Chris Carter deve ter algo contra a igreja católica, as "mensagens subliminares" no filme não foram nada subliminares pra falar a verdade, o Padre pedófilo, o hospital católico impedindo que Scully trate do menino e que faça o tratamento com células tronco, enfim, foram vários.

    Um dos melhores momentos do filme foi quando Mulder e Scully vêem a foto de George Bush ao lado da de J. Edgar Hoover no FBI e a música tema da série toca, hilário!

    Terminando então, uma cena que me deixou realmente irritado com a falta de produção, foi a cena pós créditos, onde antes de mostrar Scully e Mulder, a câmera nos mostra somente o mar com uma música tocando ao fundo, nessa cena pode-se ver nitidamente a sombra do helicóptero que filmou a cena sobrevoando o mar, um baita deslize da produção =/

    Infelizmente não foi dessa vez, espero que Arquivo X consiga renascer das cinzas desse filme e dar um fim digno à história.

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  2. Nunca fui um expectador assíduo de arquivo x, mas vi grande parte dos episódios, inclusive o final.

    Não vi o filme, mas penso que sua realização, tantos anos depois do fim da série, foi totalmente equivocada. Pior ainda foi o caminho que escolheram, de deixar de lado o tema central da série e partir pra um casinho qualquer que poderia ser contado por qualquer outro filme.

    Pra mim, se arquivo x tinha que voltar tantos anos depois, que fosse pra mostrar como Molder se comportaria diante da inevitável invasão alienigena que anunciaram que ocorreria em 2012, no episódio derradeiro da série "A Verdade"

    Seu eu fosse fã de arquivo x, estaria profundamente chateado, pois a impressão que dá é que pegaram "uma marca famosa" pra carregar um filmezinho qualquer. E o pior é que foi o criador original da série.

    Tomara que damon lindelof e jj abrams não façam isso com Lost, da qual sou muito fã

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  3. Já que o filme é meia-boca resolvi rever Batman.

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  4. SPOILERS!

    Não gostei do filme, e tenho mesmo pena que tenha sido assim. O meu sentimento não é tanto pelo que é, mas pelo que não é...

    - o caso: estamos a falar dos ficheiros secretos! lembram-se dos teasers no princípio de cada episódio? Seguíamos atentamente as personagens, e sabíamos cá dentro que algo estranho, inexplicável lhes ia acontecer... e acontecia mesmo. Havia sempre algo sobrenatural, algo para lá da realidade, algo que nos dava o conforto de sabermos que estávamos a lidar com o paranormal. E este filme? Temos umas experiências médicas e um médium que vêmos a chorar sangue uma vez, e que de resto andamos todo o filme sem saber se é autêntico ou não. Sinceramente, depois de 6 anos de espera, ansiava por algo mais profundo e misterioso, algo assustador, estranho e pertubante.

    - a história: acho q o filme é mais um policial, e os ficheiros secretos são mto mais do que um policial. Mas mesmo analisando o filme como um policial, também não é um policial bom, com uma história bem estruturada, que nos prenda a atenção. Não existe mistério, não existe suspense... E, pode ser de mim, mas não cheguei a perceber o que é que os russos andavam a fazer... a fazer transplantes de membros e cabeças de cães e de humanos. Sim, mas para quê? Com que finalidade? E o casal homossexual de russos, eram os líderes? Mas porquê? Acho que estas questões nem chegam a ser mal explicadas, parece-me é que nem são explicadas de todo... enquanto que a série apresentava-nos alternativas, mas deixava-nos sempre na ambiguidade, na dúvida... Se este filme não tivesse a marca Ficheiros Secretos, seria um filme que provavelmente nem veríamos, e se por acaso víssemos, esqueceríamo-lo com facilidade...

    - a "realização": a série deu-nos cenas inesquecíveis, que mesmo hoje, passados mais de 15 anos desde que foram feitas, continuam a assustar-nos quando pensamos nelas no escuro da noite. Quem é que não se arrepia quando os aliens aparecem à janela no Duane Barry? E quantos dos vossos amigos é que ainda hoje olham desconfiados para uma sanita e se lembram do Tooms? E este filme, teve cenas dessas? Não. Teve algumas cenas com bastante potencial, como o sentimento de claustrofobia quando a prisioneira está dentro daquela caixa com buracos, ou quando ela escapa pelo túnel e aparece o cão de duas cabeças a correr... mas são mal exploradas, parece-me.

    - o que está entrelinhas: sim, concedo que o filme apresentou algumas questões interessantes... o facto dos criminosos sexuais viverem todos juntos, a dualidade fé-racionalidade, etc... mas, e depois? O Jack e o Locke andam há anos a discutir a dualidade fé-racionalidade! Depois de séries como Lost, a BSG re-imagined ou o primeiro Matrix, acho que a fasquia está mais elevada, e que a reflexão proposta pelo filme fica aquém do que hoje já é habitual em tv e cinema. E os ficheiros secretos são conhecidos por terem mudado o paradigma da televisão...

    Conclusão... reitero o que disse no princípio, tenho mesmo muita pena que o filme tenha sido assim... sobretudo porque o CC tinha dito que ia ser uma história cativante, para tentar re-acender o franchise, e quiçá despoletar uma saga cinematográfica... Penso que o que se passou foi excesso de confiança. Confiou que o nome Ficheiros Secretos ainda iria arrastar multidões, e que não necessitava de fazer mto para o filme ser um sucesso. E bem, isso já não é verdade. Como é que é possível que o primeiro poster tenha saído tão pouco tempo antes do filme? "Nós" sabíamos que ia sair um novo filme de ficheiros secretos, mas a maior parte das pessoas não. Mesmo nos blogs e sites de cinema o filme passou despercebido... porquê? Porque os ficheiros secretos já não são um hype e porque a campanha para o filme foi fraca. Se em vez de andar a soltar fotos falsas fizessem um marketing viral (eu não aprecio, mas q dão resultado dão...) o filme seria um sucesso maior, o que seria bom para todos... E se o estreassem no inverno, pelas férias de fim de ano, o filme ainda faria melhores resultados. É o verão, as pessoas querem ver filmes divertidos, ou de acção, ou pelo menos emocionantes (o que este não foi). É um gosto generalista, não somos obrigados a concordar com ele, mas se tivessem tido isso em atenção e tivessem estreado o filme no inverno (em que sabe melhor ver um filme de terror numa tarde/noite chuvosa, ainda por cima passando-se o filme todo na neve), o sucesso seria maior, e o caminho estaria aberto para mais filmes... Mas assim...

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  5. Gostei muito das opiniões aqui expostas.
    Por mais que CC dissesse que seria um filme para qualquer um, ele é, essencialmente para fãs. E mesmo os fãs reclamaram. Merecíamos um roteiro melhor, mas...

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  6. Gostei do filme mais por rever a dupla Mulder/Scully, do que pela estória, muito fraca por sinal...

    Mas a overdose de nostalgia, me fez pegar um episódio qualquer da 5ª temporada, acho que episódio 09... de misteriosos assassinatos envolvendo as árvores de um região...

    O episódio não é dos melhores da série... mas com certeza muito superior à do filme...

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