Comentários de HEROES 3x05 "Angels and Monsters"

Episódio exibido no dia 13 de outubro nos EUA

Depois do episódio esquizofrênico da semana passada, Heroes deu uma pausa nas visões catastróficas do futuro e nos paradoxos temporais inexplicáveis para se concentrar em alguns dos seus vários pontos soltos da trama. Em Angels and Monsters, foram feitas algumas revelações interessantes sobre a Companhia e seus experimentos. Ainda assim, falta muito para que tantos furos e histórias inacabadas, ou esquecidas ao longo das temporadas, tenham um desfecho ou uma explicação no mínimo honesta.

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O episódio 3x05 Angels and Monsters  retomou a história dos fugitivos do Nível 5 através de Claire e sua estúpida idéia de dar sentido à sua vida lutando contra vilões, aproveitando-se do fato de não poder morrer ou mesmo sentir dor. Mas, como ela pretende vencer o inimigo? Apanhando infinitamente até que ele canse de bater e desabe? Para esse propósito, o poder dela não tem nenhuma serventia. Para vencer o inimigo é preciso derrubá-lo. E convenhamos, se a Claire do futuro parecia bem mais segura com relação a isso, a do presente em nada aparenta uma heroína. Ao contrário, volta e meia é ela quem se mete em confusão e precisa ser salva. E por que ela escolheu ir atrás justamente da única pessoa que poderia fazer com que ela desaparecesse da face da Terra num vórtice de espaço-tempo? Aliás, vale ressaltar que esse foi um dos “poderes” mais legais que apareceram na série. Pena que vimos tão pouco de Canfield.  Enfim, essa situação serviu apenas para que Claire percebesse que nem todo mundo, apesar de parecer, é necessariamente vilão, e que Bennet é capaz de tudo, até trair e matar, em prol da sua família (ou dos seus interesses?).




A melhor parte do episódio ficou por conta do trio Tracy, Nathan e Angela. Eu sempre reclamei de duas coisas em Heroes: do excesso de personagens e do fato deles viverem em crise existencial por causa de seus poderes. Mas, com a revelação de que alguns não nasceram assim, é muito justo que esses conflitos internos venham à tona. Uma coisa é ter que se resignar com o destino, se conformar com o fato de ter nascido com uma habilidade que o faz diferente do resto da humanidade, outra é ser fruto de experiências. Tracy, Nikki e Barbara receberam seus poderes artificialmente através de uma vacina, cuja fórmula foi dividida e é centro da trama nesta temporada. E segundo Angela Petrelli, Nathan também. Isso cria um cenário interessante. Ele estava crente que era um escolhido, predestinado por Deus para realizar alguma missão, quando na verdade é só um experimento de laboratório, criado pelos próprios pais. Está aí uma situação curiosa e que pode provocar rupturas, não só no relacionamento entre os personagens, mas também na forma como cada um percebe a si mesmo e naquilo que acreditam.

E a outra revelação do episódio, mas que todo mundo deve ter pensado “eu já sabia”, é que Arthur Petrelli está vivo e tem como aliado Maury, pai de Parkman. Isso explica a presença do falecido Linderman, que na verdade é uma ilusão criada por ele para manipular e recrutar os heroes, com a ajuda de Daphne.
Por mais que inventem uma explicação mirabolante para o fato de Hiro ter enfiado uma espada em Ando, nada vai salvar os dois do ridículo se não mudarem o tom do roteiro. É praticamente Debi & Lóide. A história dos dois é exatamente a mesma desde a primeira temporada: ter uma visão apocalíptica do futuro, repetir incessantemente que um herói precisa fazer o que for necessário para salvar o mundo, cometer um ato muito estúpido que favorece o inimigo, continuar fazendo coisas idiotas até que, sem querer, salvam o mundo. O poder dos dois juntos é na verdade “salvar o mundo sem querer fazendo coisas estúpidas”.  Existe uma diferença entre o engraçado e o ridículo. E eles deixaram de ser engraçados faz tempo. E não posso deixar de reclamar do núcleo mais chato de todos os tempos, Mohinder e Maya. Tenha dó, já não bastava os dois serem insuportáveis sozinhos, precisavam unir forças para nos entediar até a morte?  A única coisa que eu espero é que a história de Mohinder não caia no clichê “virar um vilão, se arrepender por ter matado a amada, encontrar a fórmula que remove os poderes, voltar ao normal e salvar o mundo”. 
Ainda assim, esse episódio provou que quando Heroes deixa de lado as viagens no tempo e seus paradoxos inexplicáveis, e se concentra nas disputas de poder, nas tramas conspiratórias e na exploração da origem dos heroes (e conflitos decorrentes), consegue ser mais muito mais interessante e bem menos irritante.