sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Greve de atores? As chances existem, mas eu duvido que ela ocorra

A essa altura você deve ter lido que a possibilidade de uma greve de atores existe, certo? Depois de mais de quatro meses longe da mesa de negociação, o SAG (sindicato dos atores) e a AMPTP (Aliança das produtoras de filmes e tv) se reuniram na última semana, mas mais uma vez não chegaram a um acordo. O fracasso deve gerar em dezembro uma votação entre os cerca de 120 mil atores sindicalizados para definir se há ou não apoio para uma paralisação que poderia comprometer o futuro de vários filmes e de boa parte da atual temporada de séries. A situação está feia e uma nova greve à essa altura sem dúvida nenhuma provocaria um verdadeiro caos na indústria, mas indo contra a maré, faço uma aposta pessoal de que a ameaça vai ficar só nisso mesmo e que em 2009 continuaremos acompanhando as temporadas já em exibição, bem como as que estão prometidas para estrear, como Lost, por exemplo.

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    Para que uma greve possa ser iniciada, o SAG precisa ter pelo menos 75% dos votos favoráveis de seus cerca de 120 mil membros e depois disso ter a aprovação do conselho diretivo nacional da entidade. As reivindicações do SAG são basicamente as mesmas da WGA (sindicato dos roteiristas), ou seja, aumento na porcentagem de vendas de DVD, participação nos lucros gerados pela mídia online e etc.

    Matéria do TV Guide revela que num encontro das estrelas mais respeitadas de Hollywood - incluindo Jack Nicholson, Warren Beatty e Meryl Streep - a maioria deles encorajou o presidente do Screen Actors Guild (SAG) a dar prosseguimento ao processo de votação sobre uma possível greve de atores. Já um texto do TV Week aponta a tentativa da AMPTP em desqualificar a ameaça de greve dizendo o seguinte:

    "A última mensagem do SAG a seus membros falha em três pontos: explicar porque merece mais que todos os outros segmentos da indústria; justificar porque os membros deveriam apoiar uma estratégia fracassada de negociação entrando em greve num momento de grave crise econômica; e explicar porque faria sentido entrar em greve se os membros perderiam mais durante os primeiros dias do que poderiam esperar ganhar."

    As motivações da AMPTP para dizer isso podem até não serem as mais corretas, mas que elas fazem perfeito sentido não dá para negar. No meu entendimento, uma greve agora efetivamente não resolveria nada e só provocaria um abalo econômico ainda mais grave do que aquele produzido pela greve dos roteiristas que estima-se, tenha causado mais de US$2,5 bilhões em perdas na economia só da Califórnia onde grande parte dos filmes e séries são gravados. Fora isso, embora os grandes nomes do sindicato de atores apoiem uma iniciativa de greve, é bom lembrar que mais de 90% dos membros do SAG não ganham salários milionários que lhes permitam ficar meses sem trabalhar. Além disso, creio eu que os mais politizados da categoria entendam que uma greve deles paralisa uma indústria inteira que gera milhares de empregos diretos e indiretos. Qual seria a saída para essa situação então? Baixar a cabeça e aceitar os termos da AMPTP? Óbvio que não. Bastaria que neste momento, o SAG exigisse que o contrato fosse renovado nas bases que a AMPTP propõe, mas apenas por mais um ano, quando então as duas partes voltariam a conversar. Pode parecer uma opinião simplória demais (e é), mas é a que mais colocaria panos quentes numa situação que já é explosiva demais como bem ressaltou o Ale Rocha do Poltrona.

    Mas, e se a greve ocorrer, que séries estariam a salvo e quais estariam em perigo?

    Para responder isso recorro a um artigo do LA Times apontando que séries como "Gary Unmarried," "Rules of Engagement," "90210" e "Til Death" são cobertas pelo AFTRA (sindicato de atores de tv e rádio que se desentendeu com o SAG e fechou seu próprio acordo com a AMPTP) e continuariam normalmente. Com relação a grandes séries como CSI por exemplo que são geridas sob o contrato do SAG, na maioria dos casos a situação parece tranquila, já que boa parte delas começou a produção bem cedo e já tem cerca de 15 a 17 episódios prontos sendo ainda capazes de terminar de gravar toda a temporada antes que uma greve começasse. 24 Horas, por exemplo é uma dessas séries. Tendo sido a mais prejudicada pela greve dos roteiristas (que provocou o cancelamento de sua exibição em 2008), a produção da 7ª temporada começou ainda em 2007 e hoje já há cerca de 18 episódios prontos. Por outro lado, se uma greve começasse em janeiro, Lost seria uma que correria sérios riscos de ter a 5ª temporada comprometida, já que até meados de janeiro, apenas 11 ou 12 episódios de um total previsto de 17 estariam prontos.

2 comentários:

  1. Sem tirar que a crise americana afetou a indústria e só pioraria a situação.
    Acho que a greve não sai não.

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  2. O jogo é pesado. O SAG é duro na queda. Não quer saber de conversa.

    Mas os estúdios também não deixam por pouco. Ameaçaram lançar as novas séries previstas para 2009 com cobertura do AFTRA. Isso é um tiro no SAG. Os dois sindicatos são concorrentes e muitos profissionais podem deixar uma associação e se filiar a outra.

    Confesso que acompanhar esta briga pelos sites e blogs é mais divertido do que muita série nova chinfrim, risos.

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