Depois do aperitivo dado com o telefilme Redemption (ou A Redenção como será chamado no Brasil), finalmente chegou a hora de começar a degustar o prato principal. Repetindo a experiência de sucesso das temporadas anteriores, o sétimo ano traz logo de cara quatro episódios que armam o cenário para mais um terrível dia na vida de Jack Bauer. Mas, a pergunta que realmente interessa é: 24 Horas cumpriu a promessa de inovar?
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De maneira geral, esse pontapé inicial - que vai das 8 da manhã até o meio dia - é eficiente ao apresentar os novos personagens (alguns deles bem interessantes) e ao amarrar a ameaça terrorista da vez ao que vimos em Redemption. Contudo, ao deixar claro que a embalagem pode ter mudado - a CTU deu lugar ao FBI e Washington substitui Los Angeles como set da ação -, mas o recheio do pacote continua sendo o mesmo, ou seja, um festival de reviravoltas, situações implausíveis, traidores e conspiradores no governo e etc, a estreia mais decepciona do que agrada, ainda que traga Kiefer Sutherland à vontade como sempre no papel que o consagrou.
Dito isso, embora continue sendo uma das minhas séries favoritas, 24 Horas infelizmente não cumpriu a promessa de reiventar sua fórmula. Na verdade, nessa 7ª temporada (e obviamente julgando apenas por este início) ela vem 'apenas' disfarçada com novos ingredientes que não alteram o resultado final. Dessa forma, quando a temporada começa, Jack está sendo questionado por um comitê do Senado sobre seus métodos de trabalho (tortura, coersão...), mas pouco depois do depoimento enveredar pelo caminho dos fins que justificam os meios, ele é requisitado a auxiliar o FBI a capturar o homem que ameaça o sistema de infra-estrutura do país, ninguém menos que Tony Almeida, sim aquele mesmo que pensávamos ter morrido na 5ª temporada.
Honestamente não tenho objeção ao retorno de Almeida, que era até um dos meus personagens favoritos na série, nem muito menos à explicação dada para o fato dele estar vivo. Porém, quando a gente tenta entender a lógica dele ter partido de uma postura de vingança contra o governo para uma de agente infiltrado colaborando com Bill Buchanan e Chloe O'Brien num plano que visa expor (mais) uma grande conspiração nos altos escalões do poder, a coisa fica meio esquisita. Aliás, por falar em Bill e Chloe (os únicos remanescentes do elenco da temporada anterior), como é que sozinhos, eles conseguiram montar aquela estrutura com cara de CTU sem ter apoio? Pois é, lembra quando falei de situações implausíveis ali em cima?
Não me entenda mal, reafirmo que continuo curtindo a série e que ainda a vejo como uma das melhores produções de ação na tv, mas por mais que a fórmula divirta, sua repetição inevitavelmente cansa e torna a história previsível, um pecado que pode ser fatal para 24 Horas que já fora muito criticada na 6ª temporada. A impressão que fica desse começo é que os roteiristas da série deixaram a inspiração de lado e optaram pela reciclagem pura e simples. Faltou uma novidade impactante e uma ameaça realmente autêntica e convincente. Dubako, General Juma e toda aquela história do golpe em Sangala que vimos começar no telefilme não me convence. E por mais que ela esteja intimamente atrelada à conspiração instalada dentro da administração da nova presidenta Allison Taylor (e seus traidores), no fim ela não me soa envolvente.
Como fã da série, me resta torcer para que os próximos episódios saiam da zona de conforto e ignorem as repetições óbvias explorando coisas realmente diferentes e empolgantes. Caso contrário, 24 Horas tende a mergulhar num exercício de mesmice e clichês para lá de desinteressante que infelizmente nem Jack Bauer conseguirá salvar.
Notas:
- Fiquei surpreso ao ver que Roger Taylor (Eric Lively), personagem introduzido no telefilme nem aparece na temporada já que ele teria cometido 'suicídio'. O interessante disso, é que com seu pai, o 1º marido Henry Taylor investigando a verdade por trás de sua morte, inevitavelmente veremos o personagem de Jon Voight, Jonas Hodges assumindo a linha de frente da conspiração da vez logo logo, afinal, como ficara implicado em Redemption, foi ele, com a ajuda de Ethan Kanin, chefe de staff da presidente, quem orquestrou a queima de arquivo que poderia ligá-lo ao golpe em Sangala.
- Com a entrada da agente do FBI Renee Walker, há uma indicação de que a série pode explorar mais a questão dos fins que justificam os meios e toda a discussão sobre os limites aos quais os envolvidos num trabalho como esse deveriam se submeter, o que pode ter um resultado interessante.
Caro Davi,
ResponderExcluirEu sei o que o blog trata de assuntos e notícias pertinentes à séries, mas seria de bom tom avisar sobre a existência de spoilers no conteúdo da matéria, a fim de que desavisados não sejam pegos de surpresa com as novidades da sétima temporada.
Acredito que qualquer julgamento sobre a reinvenção ou não da série, ao quarto episódio, seria demais prematura. 24 horas é uma série onde o conjunto, o contexto da estória conta mais do que alguns episódios isolados. Portanto creio que devemos dar tempo à série.
24 horas é uma série de ação que nos conta o decorrer de um dia de um agente chamado Jack Bauer. Ela tem a premissa de nos contar em "tempo real" os acontecimentos em um período de 24 horas.
Tendo a liberdade de me utilizar de suas palavras: "...um festival de reviravoltas, situações implausíveis, traidores e conspiradores no governo e etc." A série é assim. É a formula utilizada. É como pedir para plantão médico mudar um pouco a sua fórmula, já cansamos de assistir doentes e cirurgias. Repito: creio ser necessário darmos o tempo necessário aos roteiristas nos contarem a estória.
Durante toda a nossa história, nós, brasileiros, sempre tivemos uma certa tendência a querermos tudo resolvido nas primeiras horas ou nas primeiras páginas. Mas devemos saborear todo o contexto da narrativa. por isso nosso povo não gosta dos chamados "livros grandes", publicações com mais de 500 páginas. É mais confortável apenas sentar e engolir o que personagens rasos como um pires vão fazer na novela das oito.
Perdoe-me o desabafo. E parabéns pelo blog.
Abraços
Leandro Nascimento
Leandro, me desculpe, mas há um aviso bem no início do post indicando que o texto trata dos 4 primeiros primeiros episódios da 7ª temporada, o que já considero suficiente para que a pessoa decida se deve ler ou não antes de assistir. Essa sempre foi a política do blog e tem funcionado bem :)
ResponderExcluirQuanto à minha crítica a esse início, não tem nada a ver com falta de paciência ou pressa, afinal, acompanhando a série desde o início, tenho plena consciência de que nada pode ou deve ser resolvido num piscar de olhos. Minha insatisfação se deveu mais ao fato de insistirem em repetir uma fórmula. Não queria nada radical demais, apenas coisas novas e não apenas situações que já vimos antes (conspiradores no governo, agente traidor infiltrado em um órgão federal, Bauer fingindo ter trocado de lado para se infiltrar numa organização criminosa/terrorista e por aí vai).
E sim, darei tempo para que a temporada se estabeleça e sinceramente acredito que isso deva acontecer, até porque como fã, é justamente o que mais quero.
Abraço e obrigado pela sua crítica/ comentário.
Eu que agradeço, Davi. Hoje em dia são raros os blogs que mantêm a proposta original: interatividade com o leitor. Sem medo dos comentários, sem receio de opiniões.
ResponderExcluirAcredito que em outros sites o comentário seria simplemente moderado e ignorado.
Portanto, novamente, obrigado pela resposta.
E vamos acompanhar uma das melhores séries de ação já exibidas.
(se for melhor do que a sexta temporada, já paga o torrent rsrsrs)
Abraços e sucesso
Davi, eu tô tentando resistir a curiosidade e pretendo baixar semanalmente 24, mas só assistir tudo dez uma vez quando sair tudo (acho q a série funciona melhor assim, ver em maratona). Eu vi 24: Redempetion, mas quem nao viu... fica sem entender um pouco da trama da 7° temporada?! Abraços!
ResponderExcluirRafa, boa sorte com seu plano hehehe. Eu realmente não aguento esperar para ver tudo numa mega maratona, mas concordo que é bem divertido (fiz isso quando revi a 5ª temporada).
ResponderExcluirSobre o Redemption, ele não é essencial para entender esse início da trama da temporada, mas definitivamente ajuda a dar uma perspectiva melhor sobre o que vai sendo dito e mostrado.
Abraço!