quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Avatar, a experiência do ano nos cinemas

Revolucionar é mudar, transformar uma coisa já existente em algo novo ou pelo menos diferente. O cinema em seus mais de 100 anos de história já viveu algumas boas revoluções desde a criação do cinematógrafo pelos Irmãos Lumière, e agora no finzinho de 2009 com a estreia de Avatar, dá o primeiro passo rumo a uma nova era. A afirmação pode soar exagerada é verdade, mas basta entrar numa sala de projeção 3-D para assistir o filme e constatar o óbvio: a mais nova produção de James Cameron é mesmo O filme do ano e provocará reflexos positivamente irreversíveis na indústria ao longo dos próximos.

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    Escrito e dirigido por Cameron (que andava de ‘férias’ depois dos 11 Oscars de Titanic), não é nenhum absurdo dizer que Avatar seja uma produção diretamente influenciada por trabalhos de ficção científica escritos por gente como Arthur C. Clarke (2001 – Uma Odisséia no Espaço). Futurista, fantasioso, mas absolutamente ligado a temas comuns à nossa história e realidade, o filme fala sobre relações entre povos e culturas distintas e sobretudo sobre a relação destes de respeito ou a falta dele com o meio em que habitam.

    Pelos olhos, e principalmente pela mente do ex-fuzileiro paralítico Jake Sully (Sam Worthington de O Exterminador do Futuro 4), Avatar nos leva à descoberta de um mundo totalmente novo na distante Pandora onde os nativos chamados Na’vi entendem, e literalmente se conectam com a natureza que os cerca ao mesmo tempo em que tentam resistir à opressão de humanos exploradores em busca de uma rica e abundante fonte de energia que poderia representar a salvação de uma Terra então devastada. Ou seja, qualquer semelhança com o período de colonização da América Latina por exemplo não é mera coinscidência.

    Em Avatar, os humanos são os grandes vilões de uma trama que se amplifica no romance nascido do encontro de uma guerreira nativa com um improvável (anti?) herói que se volta contra os seus. Só por isso, claro, não dá para dizer que o filme represente aquela revolução à qual me referi lá no início do texto. Contudo, é justamente a partir dessa premissa simples e longe de ser original que o filme ganha força, significado e beleza, graças à evolução da computação gráfica e da tecnologia de captura de movimento, que aliada ao 3-D, proporciona uma experiência inigualável, inesquecível e emocionante dentro da sala de cinema.

    Alardeado como o grande trunfo de Avatar, o salto técnico tão comentado ao longo dos anos que antecederam a chegada do filme aos cinemas, de fato cumpre a promessa e sinaliza o óbvio: efeitos visuais de última geração não podem mais ser elementos acessórios ou de mera distração em grandes blockbusters, mas devem sim atuar como facilitadores para que nossa conexão com a história contada na tela soe mais envolvente e crível.

    O mundo de Pandora e sua gama de magníficos personagens criados por James Cameron e sua equipe traz uma riqueza de detalhes absurda que aliada ao efeito 3-D, nos tira da posição de espectadores para nos colocar na de testemunhas das ações que evoluem na tela. Assim, quando vemos Jake Sully redescobrindo o prazer de poder correr com as ‘próprias’ pernas e mais tarde acompanhamos sua curiosidade com a fauna e flora da floresta local, a sensação é de estar lá, quase como um avatar invisível, mas totalmente integrado àquele belíssimo ambiente.

    O que Avatar fez agora pelo Cinema talvez ainda leve mais alguns anos para ser totalmente entendido por executivos de estúdios, estudiosos e fãs em geral, mas uma coisa já me parece certa: a revolução começou e o modo como iremos assistir filmes daqui para frente mudou para sempre e para muito melhor. Duvida?

    Outras observações:

    - Não comentei especificamente sobre os personagens, mas vale destacar pelo menos dois excelentes trabalhos no filme. Um deles é o da veterana Sigourney Weaver (a eterna Ellen Ripley de Alien), que transforma sua Dra. Grace numa figura complexa, cheia de contradições e por isso mesmo humana, e o da jovem Zoe Saldana (a Uhura do mais recente Star Trek), que na pele da guerreira Na’vi, Neytiri, multiplica por dez o impacto visual e emocional causado pelo Gollum de O Senhor dos Anéis, o primeiro personagem feito 100% em CGI a partir da captura de movimentos.
    - Não que premiações devam ser consideradas como validação da importância de uma produção, mas bem que eu adoraria ver Avatar disputando alguns Oscars como os de melhor filme, diretor, montagem, trilha sonora e, claro, efeitos visuais.

17 comentários:

  1. excelente crítica para um filme excelente
    eu tive o prazer de assistir o filme no IMAX e foi incrivel seguir aqueles insetos passeando numa tela que não conseguia ver o fim
    essa semana assistirei o filme em um cinema 3d "normal" para poder comparar
    mas é inegavel que tudo que vier depois será comparado com Avatar

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  2. Avatar é "o filme".
    Fazia tempo que não me impressionava tanto. Os efeitos foram nota 100, tanto que depois de 1 hora assistindo parecia que via a um filme com atores de carne e osso, em um ambiente fantástico, mas extremamente "familiar". A trama, simples, mas fascinante, com uma mensagem estremamente crítica à nossa sociedade ("imperialismo" cultural, relações com a natureza, etc...).
    Ou seja, tudo que um filme precisa para ser um sucesso.
    Avatar é daqueles filmes que, quando lançar, quero ter a honra de ter um DVD guardado em casa. É como sentir que você viu algo histórico.
    Ih, pode ter certeza ganha vários Oscars fácil, fácil.

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  3. concordo plenamente com a parte de que avatar vai esta começando um precesso revolucionario no mode de se ver cinema.
    fui ver em 3D e é realmente impressionante.
    =D

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  4. Ainda nao vi, mas li muitos comentarios de que so vale por causa do 3D, o filme eh um lixo!

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  5. Davi,
    não se preocupe que vc vai ver o filme ser indicado em todas essas categorias que vc citou: melhor filme, diretor, montagem, trilha sonora e, claro, efeitos visuais!
    filme vai ser indicado, principalmente pq esse ano serão 10 filmes, Diretor tbm vai ser, é impossível a academia ignorar o esforço de 12 anos de cameron, os outros são técnicos, Avatar será indicado para todos os técnicos, só não acho que vá levar os oscars de filme e direção (direção tá mais fácil), o que me deixaria feliz mesmo, é ver a atuação da Zoe Saldana ser indicado, isso vai ser difícil, mas que seria bom seria, minhas impressões: http://bit.ly/4qn2mx

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  6. Vi em 2D mas achei o filme fantastico msmo assim, vou ver de novo, agora em 3D. Concerteza o melhor filme do ano.

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  7. Avatar é O Filme do ano, talvez, é muito bem feito e com certeza fará história, mas o filme tinha que ter um roteiro um pouco melhor. Os clichés estão lá. Para um filme que revolucionará (quem sabe?? Por enquanto só especulação, já que teremos a confirmação somnte daqui uns ano) o cinema, tinha que ser um pouco melhor. Pegando de exemplo filmes parecidos, Matrix e Jurassica Park: revolucionaram e são filmes escelentes com roteiros bons. Faltou pouco para Avatar. Porém chegou perto.

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  8. Excelente crítica desse filme fantástico. Fui ver no cinema também em 3D e é uma sensação única desse revolucionário. Queria pedir sua autorização para postar essa matéria em meu site?
    Caso você autorize, terá direitos e link redirecionado para o seu blog.
    Entre em contato comigo através do email ou no contato do meu site.
    www.conquistadoresde.info

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  9. Creditando devidamente não há problemas em reproduzir o texto ;)

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  10. Acho que nas premiações principais, seria justo "Avatar" concorrer a melhor diretor. SÓ.

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  11. Assisti o filme ontem e foi a primeira vez que assisiti um filme em 3D, Achei muito legal, como vc disse, os efeitos especias gráficos, o visual do filme perfeito. muito legal mesmo.

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  12. Acho um absurdo chamarem de filme do ano Avatar sendo que ele saiu no mesmo ano que A Fita Branca, Abraços Partidos, Thirst, Anticristo e outros filmes de grandes cineastas.
    Avatar é um belo de um cocô enfeitado. A mesma história de Pocahontas, contada da maneira mais óbvia possível (não foi nada difícil deduzir sempre o "próximo passo" da história. as lutas foram óbvias, o desenrolar foi infantil, a complexidade foi mais rasa do que um episódio de desenho de segunda...). O filme só possui todo o destaque que tem por causa dos efeitos especiais e pela tecnologia 3d. Parabéns ao Cameron, um avanço de tecnologia. E nada mais. Ele não soube contar uma história de maneira interessante, apenas entulhou de efeitos uma criancice (de efeitos e de marketing, diga-se de passagem) e aí se fez "o filme do ano". Nem mesmo as idéias foram originais. A conexão com os Avatares foi igual ao que acontece em Evangelion, os robôs enormes são iguais aos de FF6 assim como a aparência dos bichos todos, muito próxima a inimigos pequenos de Final Fantasy.

    Agora, que o filme vai causar mudanças, isso é sim esperado. Mudanças pra pior, creio eu. Agora temos mil possibilidades de enfeites para todas as porcarias que são produzidas ano após ano. O 3D no máximo vai criar uma "nova categoria" de filmes ou seja lá que nome vão dar para esse tipo de nova mídia. Quem gosta de pagar 30 reais pra ir num IMAX ver explosões e correrias em 3D, mando meu abraço e desejo boa sorte. Aos que gostam de ver cinema, procurem os filmes que citei no começo do comentário.

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  13. Luvizotto, respeito a opinião de quem não gosta ou simplesmente prefere achar que toda novidade é porcaria. Até entendo os puristas que preferem o cinema que se sustenta apenas por uma narrativa bem construída e etc, mas se me permite a franqueza, criticar Avatar e falar que Abraços Partidos foi um grande filme de 2009 é no mínimo incoerente. Aquele filme é um dos maiores porres que já vi na vida e certamente o mais fraco do Almodovar. Sobre os outros dois não opino porque não vi.

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  14. Davi, concordo com você que Abraços Partidos não é um dos grandes filmes do Almodovar, mas mesmo assim ele tem uma narrativa muito mais fluida e criativa (justamente por ABUSAR dos clichês) do que Avatar.

    Meu problema não é com a novidade. Na hora em que eu escrevi meu comentário eu estava puto da vida então pode ter ficado uma impressão de que sou um velho louco cinéfilo de 80 anos, mas o que eu queria dizer, basicamente, é que ok, Avatar é um avanço tecnológico. E só. E infelizmente ele abre muito espaço pra filmes que serão apenas isso: efeitos sobre efeitos pra encobrir a falta de criatividade. É o que já acontece com filmes tipo O Atirador ou Duro de Matar 4, em que tudo explode a cada 2 minutos porque não existe filme a se mostrar, apenas efeitos. E agora tudo isso será em 3d, ou seja, nada mudou, só o suporte.

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  15. Nao assiste ainda e sinceramente nao estou empolgado a fazer...

    Gosto de efeitos, mas nao somente...

    acredito que deva ser um filme legal de se assistir, mas nao de se admirar...

    Mas como nao assisti ainda e so achismo msm..

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  16. Eu prefiro bons roteiros a bons efeitos. Mas sou minoria. Acho o roteiro de Avatar muito ruim sim, mas se fosse intrincado como Matrix (aliás os dois se parecem muito), afugentaria público e talvez impedisse um contato mais emocional com o filme. Avatar foi feito pra deslumbrar e não para disputar espaço com Kubrick. O q tb acho válido, outro mérito do filme, foi o simplificar (talvez pq isso hj já seja clichê), a ficção científica. Deita-se e a mente conecta-se com outro corpo, e a explicação é completamente visual, não é dito de forma didática. O filme é simples, entretanto não dá pra exaltar a simplicidade dele pq ela é totalmente arquetípica; mas não dá pra condená-lo. A linha q foi seguida é de trazer o modus operandi do scifi (a marca do Cameron) pro público de Titanic, e isso q aconteceu. Não é o melhor filme do ano (pra mim foi Bastardos Inglórios) mas tem seu valor. Mostra q dá pra falar de preservação ambiental sem destruir a torre Eiffel ou o Cristo Redentor como fazem outros diretores.

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  17. Davi, como sempre, excelente comentário :)

    Esse filme eh demais.
    Michelle Rodrigues eh fera!

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