terça-feira, 13 de abril de 2010

E as séries da Globo, hein?

Consagrado lá fora, o formato de séries ainda engatinha na grade das emissoras brasileiras majoritariamente dependentes das novelas, uma opção que rende muita audiência, sem dúvida, mas que criativamente já se mostra desgastada há tempos. Uma mudança de rumos nesse panorama certamente não acontecerá tão cedo (se é que acontecerá algum dia), contudo, não deixa de ser positivamente curioso ver que a principal emissora do país tenha iniciado o mês de de abril com 5 séries em sua grade. Pena que 3 delas (justamente as novas) sejam tão fracas.

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    O domingo 4 de abril, marcou a estreia de 'S.O.S. Emergência', série cômica capitaneada por Ney Latorraca e que se passa dentro de um hospital repleto de profissionais caricatos sempre prontos para provocar vergonha alheia agindo das formas mais absurdas possíveis. Soa familiar? Pois é, se você pensou na moribunda ‘Scrubs’ (NBC/ABC) não está longe de entender o que é essa série, que se ganha o mérito de explorar uma ambientação diferente na produção nacional, perde por conta de seus personagens ruins que forçam a barra na hora de fazer rir com piadas batidas e sem graça.

    A terça, 6 de abril, trouxe a estreia da 2ª temporada de ‘Força Tarefa’, que mais madura e com cenas de ação mais bem trabalhadas e convincentes, desponta como uma boa aposta da produção nacional para o gênero policial. Comandada por José Alvarenga Jr., a série protagonizada por Murilo Benício acerta ao se aprofundar no desenvolvimento da vida pessoal de Wilson, que agora precisando lidar com a gravidez de sua namorada, terá mais um elemento de pressão importante em seu trabalho na corregedoria. Fora isso, ao retratar a realidade mais densa e crua da violência, os casos se tornam mais chocantes sobretudo quando temas como o desejo de se fazer justiça com as próprias mãos ganham relevância na trama.

    “Divertida, leve e autêntica até nas críticas. Não é à toa que 'A Grande Família' chegou a 10 temporadas. Merecidíssimo.” Foi exatamente isso que escrevi no twitter na noite de quinta, 8 de abril, quando a família Silva retornou às noites da Globo em grande estilo. Refletindo temas que pemeiam o cotidiano de grande parte da população, ‘A Grande Família’ sempre teve como grande mérito a capacidade de falar do povo e para o povo sem máscaras ou rodeios, além de nunca deixar de explorar dramas de uma forma engraçada, característica aliás, intimamente relacionada a ótimos personagens como o Agostinho Carrara de Pedro Cardoso, um dos pilares que explicam o merecido sucesso do programa.

    Ainda na quinta, veio ‘A Vida Alheia’ de Miguel Falabella, que embora não tenha obrigação de admitir, inspirou-se na fracassada e polêmica ‘Dirt’ de Courtney Cox (de Friends) para explorar os bastidores de uma revista especializada em expor os segredos e podres das celebridades. Particularmente achei a série bem fraquinha (Claudia Jimenez como uma editora amoral e sem escrúpulos não convence), mas sabendo que vivemos num país sempre sedento em consumir a tal vida alheia, é bem provável que vá alcançar alguma repercussão o que diz mais sobre a audiência e menos sobre a qualidade da produção.

    Se ‘Os Normais’ era sobre um casal que nunca se casava, mas sempre se metia em situações constrangedoras, ‘Separação?!’, que estreou na sexta,9, é sobre um casal que nunca se separa, mas se mete em situações constrangedoras. Pois é. Cria de Alexandre Machado e Fernanda Young (também autores de ‘Os Normais’) a série mostra um casal que vive à beira da loucura discutindo a relação (aparentemente desgastada de forma irremediável) das formas mais bizarras e sobretudo em público. A ideia em si de fato poderia render uma boa nova série (e pode ser que ainda renda, claro), mas a julgar pelo primeiro episódio o resultado é decepcionante. Tá tudo muito fora do tom. Vladmir Brichta e Débora Bloch, que costumam aparecer bem em papéis cômicos, infelizmente não funcionaram juntos nas cenas que tiveram. Fora isso, o constante voice over se revela como um recurso inócuo (e em algumas muitas situações até mesmo irritante), assim como as gags físicas sem graça e os personagens coadjuvantes fracos e superficiais. Pena.

12 comentários:

  1. Muito bacana o post! Temos que dar apoio às séries nacionais. Mas, elas tem que ter a qualidade que sempre esperamos, afinal, temos ótimos profissionais aqui no Brasil e muita criatividade! Sou fã de "A Grande Família" e concordo com tudo o que foi dito, pois é uma série brilhante com excelentes histórias e personagens marcantes! Vou tentar dar uma chance a "Força Tarefa", a qual ainda não assisti. Valeu!

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  2. A globo já investiu em (ótimas) séries de humor, e tenta expandir esse mercado. Ainda que esteja inexperiente, é nosso dever dar apoio a essa iniciativa.

    Quanto às minisséries, esse mesmo canal fez "Capitu", que eu considero o melhor conteúdo áudio-visual já feito pela rede.

    Parabéns pelo post.

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  3. O problema, gente, é que apoiar apenas porque "é nacional", mesmo sendo tudo uma bomba federal dificil de assistir, não dá... Tem que ser realista e admitir que tudo é muito ruim ainda...

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  4. A iniciativa de se mudar o estilo e ir além das novelas é positiva, é olhar para as redes de tv americanas e notar que as series por si só, pelas suas histórias, tramas, sub-tramas, profundidade dos personagens, ótimos roteiros e ideias, só nos faz gostar cada vez mais de parar para assisti-las. Também sou ciente que existe muita coisa ruim na rede americana Ok, isso é a realidade dos USA, mais para quem gosta de series, observamos que na questão custo/beneficio estamos bem nutridos, há coisas boas, ótimas e pessimas e até mesmo terriveis, como qualquer outra tv no mundo. Porém, aqui no Brasil sentimos falta de algo mais original, com um bom roteiro, e uma trama que nos atraia e nos prenda ao ponto de ficarmos curiosos no que vai acontecer com personagem "A", na cidade "X", na serie brasuca. vejo que estamos engatinhado, mais existe algo bom de se ver nesse inicio de empreitada, a vontade de se reiventar, ousar, sair dos cliches noveleiros onde tudo acaba bem. Já percebeu que as novelas só possuem dois pontos? Um no primeiro capitulo e outro no final, são onde ocorrem os romances não declarados, mas que no fim vai dar nisso mesmo, explossões, morte, plot twist, ou seja tudo acontece no 1ºe no final da novela, o que acontece no meio, é só vc ver o comercial que vc se localiza mesmo sem está assistindo.
    Vamos ver daqui pra frente como vai ser. A minha esposa dá graças a Deus por eu não gostar de ver furebol na tv, gosto de jogar, mais passar 90m vendo não aguento, prefiro ver no outro dia todos os resultados por outro lado, Deus seja louvado, por minha esposa não gostar de novelas. Só isso compensa. E ai nós vemos nossas series preferidas.
    Gostaria muito que entre elas estivessem alguma brasileira, mais há potencial no que se está desenhando hoje. Vamos aguardar.
    Valeu pessoal do Dude e até mais.

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  5. Ok davi,concordo em parte que a globo tem exprimido uma vontade em reformular sua grade de series, internacionais no caso americanas, mas, eu acho que acontece no Brasil, e o fato do espectador geral nao admitir certo tipos de atraçoes com conteudos mais inovadorese profundos como exemplo um seriado como lost, e a prova de incontestavel, e essa dificil aceitaçao do publico, que se contentam com as telenovelas a mais de 30 anos desde que a globo começou a exibilas e aparentemente nao ha de forma alguma um rejeiçao do publico geral em relaçao aos conteudos novisticos como tramas caricatas, personagens segmentados para certos publicos, alvo das apostas dos produtores da globo que inteligentemente se aproveitam para garantir o contigente de espectadores, formula essa incontestavel em duradora e eficiente. Alem disso existe um tradiçao da familia brasileira em ter uma hora marcada para estar na frente da tv,como um ritual. Essa alteraçao de mentalidade por parte dos programadores globais vai ser penoso e gradativo e ainda estara sujeito as manisfestaçoes dos telespectadores, e ate que haja uma aceitaçao significativa do publico geral, atraves da audiencia que e a fonte de renda das tv, continuremos assistindo seriados bons da meia noite em diante.

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  6. Tenho certeza que um dia chegaremos ao grau de excelência das séries Estadunidenses, ou pelo menos as Européias, como as Inglesas, pois material nós temos. Torço por isso pq estou cansado de depender da audiência Estadunidense para que possa acompanhar tranquilo as minhas séries favoritas, sendo que estas estarão escritas para mim, falando de minha realidade e não focando em alguns dramas risíveis estadunidenses.
    E só para constar: FORÇA TAREFA, A LEI E O CRIME, 9MM SÃO PAULO e a minissérie: SOM E FÚRIA, foram uma ds melhores coisas que acompanhei no ano passado. Espero que esse ano continue nesse mesmo rítimo.

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  7. DÁ É SONO AS SERIES DA GLOBO !!!!!!!!!!!!!

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  8. Depois que a gente se acostuma com a qualidade das séries enlatadas, fica difícil se apegar às nacionais com o mesmo gosto, mas tb gostei muito de "A lei e o Crime", na Record, no ano passado.
    Pena que não houve uma segunda temporada esse ano. Ouvi falar que pode vir uma próxima no ano que vem. Tomara.
    (E ninguém me tira da cabeça que "Força Tarefa" é uma tentativa da Globo de imitar desfarçadamente o estilo de "A lei e o Crime" e "Vidas Opostas" que, diga-se de Passagem, foi uma big novela.)

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  9. A grande pedra no caminho do desenvolvimento do modelo "Série" no Brasil é o estigma do modelo "Telenovela". Este último, trabalha com prolixia constante e outros recursos (como o jogo de câmeras) paupérrimos, que o espectador habituado sequer chega a notar. As transmissoras desgastam as estórias, forçando os autores a redigirem centenas de páginas de texto fraco que mantém a atenção do público lançando mão dos mesmos artifícios há quarenta (ou mais) anos. Culturalmente, não há espaço para o pleno desenvolvimento do modelo "Série" no Brasil, uma vez que (praticamente) todos os envolvidos nos bastidores das produções foram treinados vigorosamente no modelo telenovela e tem pouca ou nenhuma experiência em outro modelo qualquer. Se o México conseguir sair dessa, talvez saiamos. Do contrário, meu argumento é persistente.

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  10. O pessoal que manda pensa que o povo só quer porcaria, cansei de ouvir de produtores e executivo de emissora que eu tinha que parar de caprichar, quem quiser coisa boa que compre os importados. É essa a mentalidade da turma old school - tomara que as gerações vindouras elevem esses padrões - porque não fazem remakes de novelas do Dias Gomes? Saramandaia, Roque Santeiro, O Bem Amado (fizeram um filme que ficou ridículo, vocês vão ver) - Desculpe encher o saco de vocês, mas é que fica difícil trabalhar nesse meio e ser fã da dramaturgia/comediografia que realmente prestam.

    P.S.: Acho Capitu e tudo que o LFC faz na Globo um abuso. Ele complica boas histórias com sua direção hermética e presunçosa. É claro que vários planos lindos se destacam, mas e a história, e o envolvimento emocional do espectador? Tá tudo errado.

    Bjs, abraços e um futuro melhor pra gente.

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  11. Dessas ai só vi o S.O.S emergencia e meio que gostei e claro que precisa evoluir ainda,principalmente no texto.

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  12. O problema é que a Glóbus põe as séries para os morcegos, só sendo. O cara estuda e trabalha, quem tem condições de assistir uma série lá pra depois de meia noite? É tenso ter que acordar cedo no outro dia e ir ter que se concentrar nos afazeres. NO malhação YES séries

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