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Assinada por nomes como o de Sam Raimi (diretor dos 3 filmes do Homen Aranha e produtor de Hercules e Xena) em parceria com o canal americano a cabo Starz, o mesmo de Crash e Party Down, Spartacus: Blood and Sand não esconde em nenhum momento que tenta pegar carona em dois grandes épicos de sucessos recentes na telinha e na telona, Roma da HBO e 300 respectivamente. Da primeira tenta emular, ainda que num segundo plano, a ambientação política permeada pela ambição e corrupção e os conflitos sociais, enquanto da segundo copia o estilo visual das tomadas de ação em slow motion, algo que os trailers já indicavam. Ou seja, a série não traz absolutamente nada que já não vimos antes.
Investindo no slogan de ser o evento mais ousado da tv em 2010, Spartacus: Blood and Sand revisita a história verídica do homem que após enfrentar um comandante de uma legião militar de Roma perde tudo (incluindo a mulher), vira escravo e posteriormente gladiador até liderar uma grande revolta contra o Império. Até aí tudo bem, afinal, seria ótimo revisitar um clássico modernizando-o com os recursos atuais para (re)apresentá-lo às velhas e novas gerações. Contudo, ao abrir mão das sutilezas e sobretudo de uma narrativa elaborada como a do filme de 1960 dirigido por Stanley Kubrick e estrelado por Kirk Douglas, essa segunda releitura de Spartacus na tv (a primeira ocorreu em 2004) falha clamorosamente ao apostar tudo na construção de sets que soam falsos demais e parecem saídos de um game, e na violência gráfica desnecessariamente exagerada com direito a closes de membros e vísceras sendo dilaceradas em lutas evidentemente sangrentas.
Condenar a série logo de cara seria leviano, é claro, mas considerando o acúmulo de clichês vistos nos dois primeiros episódios aliado à narrativa preguiçosa e seus personagens rasteiros e desinteressantes com direito a burocratas romanos e até gladiadores ‘bad boys’ na escola de formação, a ludus, não creio que o cenário vá se alterar radicalmente num sentido positivo a ponto de justificar a precoce renovação da série para uma 2ª temporada (fato ocorrido essa semana) antes mesmo da estreia que ocorre no dia 22 de janeiro nos EUA.
Assim, longe de querer dizer o que alguém deve ou não assistir, me limito a sugerir que cada um veja e tire suas próprias conclusões questionando o seguinte: para uma produção que se vende como ousada, frases de efeito como “Um homem deve aceitar seu destino ou ser destruído por ele” ou a chance de ver a bela Lucy Lawless (a Xena) nua e em cenas de sexo são suficientes para uma série que mais do que um gênero, pretende ser épica?