segunda-feira, 13 de julho de 2009

Emmy e a Pedra Filosofal

Nosso amigo e colaborador Ricardo Henriques está de volta com uma análise das possibilidades e chances de atores e atrizes para uma indicação nas categorias de drama, no Emmy 2009. Lembramos que os indicados serão revelados na próxima quinta-feira, dia 16. E você confere a lista completa aqui, logo após sua divulgação.
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Por Ricado Henriques
Para o Dude News

Decifrar a cabeça dos votantes do Emmy sem ter acesso aos bastidores da indústria é tarefa para maluco. O fato de muitos deles serem bastante previsíveis em suas escolhas facilita na busca dos favoritos, mas dificulta muito na hora de prever as zebras. Quando os figurões de cada categoria reúnem a maioria dos votos, podem acabar dividindo a "bolada" e abrindo espaço para que apareça alguém que está voando fora do radar. Se bem que nas categorias de atuação em série dramática, em 2009 a tarefa de correr por fora é muito, muito ingrata.

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    Entre os protagonistas masculinos, os ótimos Jon Hamm (Donald Draper, Mad Men), Gabriel Byrne (Dr. Paul Weston, In Treatment), Hugh Laurie (Dr. Gregory House,House) e Michael C. Hall (Dexter Morgan, Dexter) parecem nomes certos. Todos com críticas favoráveis e já indicados no ano passado. James Spader (Alan Shore,Boston Legal/Justiça Sem Limites), por incrível que pareça, não é considerado nome certo. Muito porque Boston Legal acabou em dezembro passado e ninguém sabe se isso afetará a memória de quem sempre votou nele. Mas para mim é difícil imaginar que alguém que ganhou 3 Emmys pelo mesmo personagem não seja lembrado justamente em seu último ano na briga.

    Completando a lista de indicados de 2008, tivemos o atual campeão Bryan Cranston (Walter White, Breaking Bad). Sua vitória foi uma surpresa, embora seu trabalho fosse digno de tal honraria. A dúvida para 2009 é se Breaking Bad se firma como uma queridinha do Emmy. Mas mesmo que a série ainda não voe mais alto esse ano, pode ser reconhecida através da valorização de seu protagonista. Foi assim com House e Dexter antes de ganharem indicações a melhor série. Aí você pensa... tudo bem então, repetem-se os indicados do ano passado, já que o Emmy é meio chegado numa monotonia... mas Kiefer Sutherland (Jack Bauer, 24 Horas) está de volta, após um ano de recesso forçado. E Sutherland foi indicado por todas as temporadas da série, até mesmo pelo desastroso sexto ano. Além de ser um cara querido pela indústria, teve cenas de alto teor dramático, com Jack Bauer pagando seus pecados a rodo. Mas se ele entrar, quem sai?

    Diante de tal encruzilhada, fica difícil a vida pra quem tenta um efeito-surpresa. O nome mais cogitado para tal façanha seria o de Simon Baker (Patrick Jane, The Mentalist), por ser o personagem-título do maior hit entre as novidades da temporada. Mais interessante seria ter Michael Chicklis (Vic Mackey, The Shield) celebrando o final de sua série com uma indicação. Outras possibilidades seriam Bill Paxton (Bill Henrickson, Big Love), Kyle Chandler (Eric Taylor, Friday Night Lights) e Jonathan Rhys Meyers (Henry VIII, The Tudors). Mas foi numa situação parecida que há alguns anos Denis Leary (Tommy Gavin, Rescue Me) deixou Hugh Laurie e James Spader de fora para ganhar uma indicação ao Emmy que até hoje ele deve esfregar os olhos para acreditar.

    Entre as atrizes dramáticas, são duas as certezas: Glenn Close (Patty Hewes, Damages) e Sally Field (Nora Walker, Brothers & Sisters). Kyra Sedwick (Brenda Johnson, The Closer) também costuma figurar na lista e não deve ficar de fora. Anna Paquin (Sookie Stackhouse, True Blood) chega para a briga com a moral de quem já tem um Oscar na estante, fora ter vencido o Golden Globe com a mesma personagem. Há de se ressaltar que Sookie poderia ser apenas uma loirinha caipira suspirando pelos cantos entre um ataque bizarro e outro, mas Paquin acertou no tom, fugindo com força dessa armadilha.

    Quem também anda provando que não é apenas um rostinho bonito é January Jones (Betty Draper, Mad Men). Seu personagem cresceu na segunda temporada, ela deu conta do recado e o hype da série deve levá-la à sua primeira indicação. Jones roubou as atenções de Elisabeth Moss (Peggy Olson), que a princípio tinha a personagem feminina principal no programa, mas que ainda pode ser lembrada pelos acadêmicos. Outra boa opção para a sexta vaga entre as indicadas é Jeanne Tripplehorne (Barb Henrickson, Big Love). Além de seu bom desempenho, não tem mais a concorrência de suas "sister-wives", que esse ano concorrem como coadjuvantes. Se havia divisão nos votos entre as três, Tripplehorne pode ter tirado a sorte grande.

    Fica sempre a esperança de que Mary McDonnell (Presidente Laura Hoslin, Battlestar Gallactica) tenha seu talento reconhecido. E também fica sempre o medo de que os votantes optem pela falta de imaginação indicando a boa, mas mal aproveitada Holly Hunter (Grace Hanadarko, Saving Grace) ou a eficiente, mas não muito além disso Mariska Hargitay (Olivia Benson, Law & Order: Special Victims Unit). Parece que dessa vez a concorrência aumentou e não teremos indicações baseadas apenas e tão somente no hype de uma série. Ou seja, por mais que tenham evoluído, Evangeline Lilly (Kate Austen, Lost) e Ellen Pompeo (Dra. Meredith Grey, Grey's Anatomy) correm muito por fora.

    Entre os coadjuvantes, o leque de opções também é vasto. Na categoria masculina, William Shatner (Denny Crane, Boston Legal) deve ter o seu canto do cisne garantido. Outro veterano, John Mahoney (Walter, In Treatment) teve grande atuação e chega com boas chances até de levar o Emmy para casa, coisa que não conseguiu quando também era coadjuvante, mas em uma série cômica, Frasier. Com o peso de seu nome e algumas boas cenas, William Hurt (Daniel Purcell, Damages) deve ser indicado, mesmo que seu personagem tenha feito menos barulho do que se esperava dele.

    Na crista da onda, Mad Men tem dois nomes interessantes, ao menos um deles deve ser selecionado: John Slattery (Roger Sterling) está cada vez mais à vontade e Vincent Kartheiser (Pete Cambell) vê suas chances aumentarem à medida que seu personagem vai sendo forçado a amadurecer, processo o qual deve seguir ainda mais forte na próxima temporada da série. Também com mais de um ator na briga aparece Lost. Suas figurinhas carimbadas sempre brigam por indicação: Michael Emerson (Benjamin Linus) e Terry O'Quinn (John Locke), com mais chances para o primeiro que, inexplicavelmente, ainda não ganhou o prêmio. Pelo destaque que teve na temporada, Jeremy Davies (Daniel Faraday) corre por fora, mesmo que Josh Holloway (James "Sawyer" Ford) e Henry Ian Cusick (Desmond Hume) tenham tido desempenhos mais consistentes.

    Se Mad Men e Lost falharem na conquista de uma dupla indicação na categoria, as portas se abrem para nomes que até bem pouco tempo atrás nem sonhavam com uma indicação. Aaron Paul (Jesse Pinkman), bem sucedido na tarefa de dividir cenas com o ótimo Bryan Cranston, pode selar de vez a aprovação dos acadêmicos a Breaking Bad. E Justin Chambers (Dr. Alex Kharev, Grey's Anatomy) pode aproveitar o destaque dado a seu personagem, a reboque da trama principal que girou em torno de seu par romântico.

    Quem pela primeira vez concorre como coadjuvante é Patrick Dempsey (Dr. Derek Shepherd, Grey's Anatomy). Não merece estar na lista final, mas como já ficou na lista de ator principal mesmo sem ter feito por onde, é bom ficar de olho nele. John Noble (Walter Bishop, Fringe) e Nelsan Ellis (Lafayette Reynolds, True Blood) seriam boas surpresas. Outra indicação improvável, mas possível pelo conjunto da obra, seria a de Max Von Sydow (Cardeal Von Waldburg, The Tudors), mesmo que ele tenha pouquíssimas cenas na série.

    A categoria mais disputada esse ano será a de atriz coadjuvante em série dramática. Temos no ar duas verdadeiras fábricas de candidatas a uma indicação: In Treatmente Grey's Anatomy. A primeira citada trouxe nessa temporada grandes atuações da atual vencedora do Emmy Dianne Wiest (Dra. Gina), de Hope Davis (Mia) e da revelação Alison Pill (April). As três têm boas chances de serem indicadas, embora só a veterana Wiest pareça nome certo. A tendência é de que Davis e Pill acabem "se matando" por uma vaga, e aí a primeira leva vantagem, por ser uma atriz relativamente conhecida.

    Grey's Anatomy pode não viver seus melhores dias, mas nessa categoria ainda é série de ponta. A maior dúvida é se os acadêmicos consideraram a atitude de Katherine Heigl (Dra. Isobel "Izzie" Stevens) no ano passado arrogante ou sincera. Ela considerou não ter tido um papel digno de Emmy naquela temporada e decidiu nem se inscrever. O que ganha ainda mais peso, se lembrarmos que no ano anterior ela tinha se sagrado vencedora na mesma premiação. Fato é que a trama principal girou quase sempre sobre sua personagem e, se depender de merecimento, ela vai sim ser lembrada. Se ela devia concorrer não como coadjuvante mas sim como principal, aí já é outra polêmica... A ótima Chandra Wilson (Dra. Miranda Bailey), uma ladra de cenas compulsiva, e Sandra Oh (Dra. Cristina Yang) podem voltar a marcar presença. Sendo que a segunda não fez por merecer esse ano.

    Damages tem uma protagonista concorrendo como coadjuvante, Rose Byrne (Ellen Parsons), e tem também uma atriz consagrada em um papel pequeno, Marcia Gay Harden (Claire Maddox). Big Love também traz duas candidatas de respeito, embora uma indicação simples já seria uma grande vitória para a série. Chloe Sevigny (Nicolette Grant) e Ginnifer Goodwin (Margene Heffman) pela primeira vez concorrem como coadjuvantes. Quem também estreia na categoria, após injustificáveis esnobadas quando concorria como principal, é Connie Britton (Tami Taylor, Friday Night Lights).

    Das que não têm concorrência interna, Rachel Griffiths (Sarah Whedon, Brothers & Sisters) parece ser o nome mais provável na lista. Ela que sempre está cotada para vencer, o que ainda não aconteceu. Candice Bergen (Shirley Schmidt, Boston Legal) também é sempre nome forte, embora menos do que seus colegas de elenco Shatner e Spader. Dependendo de como a sétima temporada de 24 Horas for recebida, aumentam as chances da respeitada Cherry Jones (Presidente AllisonTaylor) conseguir uma indicação.

    Achou pouco? Pois saiba que Christina Hendricks (Joan Holloway, Mad Men) bateu na trave no ano passado e esse ano pode chegar lá. Elizabeth Mitchell (Juliet Burke,Lost) é sempre uma ameaça. E se Breaking Bad cair nas graças do Emmy, Anna Gunn (Skyler White) faz um trabalho quase tão bom quanto de seu marido na série. E depois de citar tantas atrizes maravilhosas concorrendo como coadjuvantes, eu deixo uma pergunta: será que não chegou a hora de termos mais séries de drama protagonizadas por mulheres?

4 comentários:

  1. De cabeça só me lembro de Damages, mas Greys também é liderada por uma atriz. Acho que a tendência é de ter mais mulheres como protagonistas, assim espero.
    Texto muito bom, queria saber se vocês vão falar dos candidatos de série comédia, esse ano também teremos muitos fortes candidatos com o crescimento das sitcoms.

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  2. Muito interessante a abordagem que foi feita nesse texto!

    Infelizmente, não posso concordar ou discordar com algumas opiniões pq não acompanho muitas séries!

    Estou torcendo por Lost e True Blood, acho que a primeira fez uma temporada fantástica e a última foi a maior surpresa do ano!

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  3. Atriz coadjuvante vai ser uma disputa terrível. Tenho certeza de que Katherine Heigl e Chandra Wilson vão ser indicadas, obviamente. Se a Izzie não ganhar, o mundo está se tornando um lugar mais justo e mais louco. Aliás, só seria mais justo se Paget Brewster fosse indicada.

    Eu sonho com isso... Um dia em que atores e atrizes de séries policiais tivessem chances reais de receberem p~rêmios. Alguns recebem, claro, ams já são figurinhas carimbadas, e isso irrita. E eu ainda não me conformo com o fato de que ela nunca vá ganhar pela Emily Prentiss de Cirminal Minds. É como imaginar a Kelly Clarkson sem um Grammy ¬¬' (momento fã louca)

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  4. Séries policiais até que recebem indicações, veja Lei e Ordem (SVU). Tem também a Patricia Arquette como uma possível candidata por Medium. Nessa ultima temporada pela NBC ela arrasou, por mim seria indicada.

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