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Para quem leu o livro, é impossível deixar de fazer comparações. Dentre as diferenças mais significativas que o filme traz estão a de que Marley entra para a família bem antes da tentativa de gravidez de Jenny Grogan (Aniston) e a de que existem outros personagens periféricos ao núcleo do casal como o jornalista Sebastian (Eric Dane, o McSteamy de Grey's Anatomy) e o editor chefe Arnie (o ótimo Alan Arkin). À princípio, essas mudanças poderiam soar forçadas, mas não demora muito para que percebamos que elas se tornam orgânicas à história, já que servem como contra-ponto para os dilemas - pessoais e profissionais - que movem John Grogan (autor do livro e colaborador do roteiro do filme). Tirando essas diferenças, tudo mais que Grogan nos contara sobre Marley no livro está no filme, incluindo a obsessão do cão em destruir (quase) tudo, passando pelo trecho em que ele é expulso da aula de adestramento, seu medo de trovões e até o momento em que ele 'batiza' as águas da praia onde as pessoas podiam levar seus cães.
Outro destaque da adaptação, é que ela foge da armadilha comum em filmes com animais, de tentar mostrar o mundo da família Grogan pelos olhos de Marley. Aqui ele é 'apenas' aquele cão endiabrado do livro, capaz de levar seus donos próximos da loucura, mas que é igualmente fiel e companheiro como nenhum ser vivo consegue sê-lo nos momentos mais felizes e tristes de alguém (a cena em que Jen descobre ter perdido o bebê e é 'consolada' por Marley é a tradução perfeita disso). Outro ponto positivo é a forma com a qual o filme destaca a passagem de tempo da história. No filme dirigido por David Frankel (de O Diabo Veste Prada), não há sensação de atropelos ou mesmo a de que eventos importantes foram ignorados. Assim, quando chegamos ao final que narra a despedida de Marley, dá para sentir o forte impacto e a marca que o animal deixou na família Grogan (àquela altura já com 3 filhos) e principalmente em John (numa interpretação equilibrada de Owen Wilson), conferindo à história um peso emocional bastante significativo e contundente.
Marley & Eu não é uma adaptação perfeita, mas na missão de divertir e fazer chorar o filme passa com louvor. Se ainda não viu, junte a família e corra para a sala de cinema mais próxima. Só não esqueça de levar o lenço.
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