Os fins justificam os meios como sugere Maquiavel em sua obra mais famosa? É com essa dúvida que Walter White, protagonista da excelente Breaking Bad, convive constantemente desde os primeiros momentos em que abandona uma vida pacata, porém sem muitas perspectivas, para ingressar num negócio ilícito (e perigoso) que pudesse garantir o futuro financeiro de sua família, então prestes a perdê-lo em função de um câncer terminal recém diagnosticado. Quer seja pelas reviravoltas ou pela mudança de perspectiva de personagens importantes da trama (alô Skyler!), muita coisa aconteceu nesses três anos de série. Os negócios de Walter e Jesse se expandiram, novos e poderosos players entraram no jogo e o preço pessoal e moral que cada um paga no percurso aumentou exponencialmente. Nesse panorama, e dando sequência imediata ao grande gancho da temporada anterior, o quarto ano de Breaking Bad chega cercado de expectativas e com uma missão: continuar provando que a série é uma das melhores e mais imperdíveis da atualidade.
LEIA MAIS...
“Box Cutter”, episódio que dá início à 4ª temporada, traz Walt e Jesse tendo que lidar com as consequências da decisão de enfrentar o grande chefão, Gus. E se Walt já vinha dando vários sinais de que já se dispunha a extrapolar limites (lembrem que ele chegou a matar e deixar morrer antes), coube a Jesse experimentar o choque de ter que tirar a vida de alguém para garantir tanto a sua quanto a do próprio Walter – ainda que temporariamente, talvez? – e no processo, ganhar uma visão absolutamente fria do papel que os dois ‘cozinheiros’ passam a ter na relação com Gus, que no fim das contas de fato depende deles para tocar seu lucrativo negócio. Por falar em Gus aliás, não deixou de ser surpreendente ver a reação violenta que ele teve no momento em que abandona a figura de homem equilibrado que conheciamos para assumir a de um verdadeiro açougueiro. Uma breve(?) e radical mudança de postura capaz de impressionar tanto Walt e Jesse obviamente, como todos que estavam do lado de cá da tela.
Que tipo de relação se estabelecerá entre esses personagens daqui pra frente ainda é uma incógnita, mas é evidente que as coisas mudarão de forma contundente uma vez que todos (Walt e Jesse principalmente, claro) passam a ter motivos de sobra para desconfiar até da própria sombra nesse novo contexto. Sobre os demais personagens e sua importância na trama, Skyler parece ser a que terá papel mais importante na nova equação. Efetivamente disposta a ajudar Walter a lavar o dinheiro, ela tem uma motivação forte (pagar as contas médicas do tratamento de Hank), mas que por tabela pode colocar em risco o grande segredo que tenta preservar e que envolve tantas outras pessoas com interesses tão diversos quanto heterogêneos.
Cheia de possibilidades, a 4ª temporada de Breaking Bad começa de forma animadora com tudo o que a série tem de melhor como suas situações inimagináveis, interpretações fortes (com os destaques óbvios para os sempre constantes e excelentes Bryan Cranston e Aaron Paul, este já merecendo maior reconhecimento, inclusive) e dilemas impactantes que seguem reforçando uma certeza que a série expõe desde o início de forma inquestionável: o mocinho aqui é o vilão e não simpatizar-se com seus conflitos ou torcer por ele não é uma opção.