quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A Origem (Inception)

Adjetivos não faltam para destacar o brilhantismo de A Origem, mas a maior e mais importante qualidade do filme, afora o roteiro engenhoso e a direção afiadíssima de Chistopher Nolan aliada às atuações seguras do elenco liderado por Leonardo DiCaprio, reside no fato da obra ignorar a tentação tão comum de se basear numa narrativa expositiva e jamais tentar facilitar o trabalho do espectador, que envolvido pela trama, pode ter o prazer de contemplar uma obra inteligente, questionadora e absolutamente divertida à medida em que busca a compreensão do que se vê na tela.

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    Escrito pelo próprio Nolan (confirmando-se como um dos realizadores mais completos e ousados de sua geração), A Origem faz pelo cinema atual o que Matrix fez em 99 por exemplo, ou seja, é inegavelmente um blockbuster do início ao fim, mas também é um filme reflexivo e que nos instiga o tempo todo acerca dos limites da mente e do que é real e imaginário e como as duas coisas podem se confundir de forma irreversível. Ou não.

    Em suma, a trama do filme gira em torno de um grupo que faz um tipo de espionagem industrial muito singular: suas ações se dão todas dentro dos sonhos de suas vítimas. O pulo do gato na trama do filme é que o novo trabalho envolve não um roubo, mas a inserção (daí o título original, aliás) de uma ideia na mente da vítima, um jovem bilionário feito com muita precisão por Cillian Murphy.

    Esteticamente perfeito em todas as incríveis ambientações que vão se desdobrando nas camadas de sonhos apresentadas, A Origem apresenta-se como um filme de muitos gêneros num só fazendo a transição entre eles sempre de forma muito elegante e orgânica. Nesse contexto, cada ação, diálogo ou sequência visual impactante surge não como desculpa para justificar tomadas elaboradas, mas sim para dar significado e peso a cada uma delas.

    E se todo o elenco está bem, com destaques mais óbvios para Joseph Gordon-Levitt (recentemente visto em 500 dias com ela) e para o até então desconhecido Tom Hardy (que em breve estrelará um novo Mad Max), é mesmo DiCaprio que faz a liga do filme. Há tempos merecendo ser reconhecido como Ator de fato e não só um astro de Hollywood, ele estrela seu segundo grande filme de 2010, e tal qual seu personagem de A Ilha do Medo, nesse A Origem ele também dá voz e corpo a uma figura que carrega um passado traumático cujos desdobramentos se revelam intimamente ligados à trama central e sobretudo a seu desfecho ambíguo e não menos fascinante que se planta dúvidas no espectador, traz uma certeza inquestionável: A Origem é (até agora) o melhor filme do ano.

    Cotação:

6 comentários:

  1. fui assistir ontem ... e sem dúvida, é o melhor filme do ano (por enquanto) ... mas concordo plenamente, quando vc diz que ele "se compara" à matrix.
    muito bom o texto!
    abraço

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  2. Concordo com vc em alguns pontos, Davi, mas pra mim a melhor em cena foi a Ellen Paige (q não foi citada no post), gostei muito do trabalho dela...
    Abç!

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  3. Eu assisti o filme semana passada, e não consigo mais para de pensar nele, é muito bom pra mim o melhor filme de 2010 até agora, merece indicações pro Oscar na minha opnião. O Chistopher Nolan está de parabéns pelo roteiro e direção do filme. SEm falar no ótimo elenco, filme nota 10!

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  4. Vou compartilhar minha resenha:

    O Cineasta Christopher Nolan não mediu esforços para produzir uma obra que aparentemente não houve precedentes. Fugindo do insulto a inteligência de seu público, Nolan conduz com maestria o roteiro de equilíbrio sólido.
    A trama de A Origem (Inception) mostra Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) que trabalha como espião dos sonhos. Ele se especializa em entrar nos sonhos das pessoas para roubar os segredos empresariais a favor de seus mandantes. É quando o empresário Saito (Ken Watanabe) contrata a equipe de Cobb para plantar uma ideia na cabeça de um empresário concorrente (Cillian Murphy) ao invés de roubá-la.
    As ambições de Cobb vão muito além que dinheiro. Ele quer retornar aos Estados Unidos a fim de reencontrar os filhos. E é esta proposta que Saito o faz.
    Já as ambições de Nolan vão muito além de mostrar respostas para uma equação matemática que ficou grande demais. Correndo este risco, a complexidade é desvendada em breves cortes e de rápidos diálogos, do tipo "piscou-perdeu".
    Fugindo dos blockbusters de verão hollywoodianos, A Origem tange o limite da inteligência do seu público alvo, ao ponto que relembra grandes riscos que hollywood já teve.
    É inevitável lembrar em algumas cenas de Matrix. Cenas sem gravidade, corpos conectados, etc. Até mesmo em relação ao roteiro. Busca da realidade, acordar para o real. Em resumo, um Matrix dos sonhos.
    Sendo a originalidade seu ponto fraco, a busca por fugir do normal leva o filme ao patamar que poucos conseguem atingir.
    Se você gosta de ação e de um roteiro inteligente, instigante e que te deixa realmente tenso, assista A Origem.

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  5. Um dos melhores (se não o melhor) filmes do ano sem sombra de dúvida. Nolan está acima de qualquer média com filmes inteligentes e instigantes como A Origem. A meia hora final desse filme é um dos momentos mais tensos que tive assistindo um filme, te prende completamente.

    Menção honrosa tambem para Leonardo Di Caprio que está escolhendo a dedo os seus papéis e mergulhando sempre profundamente nos seus personagens, faz tempo que ele vem se destacando com o seu trabalho.

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  6. Concordo contigo, Davi, filme do ano e grande evento cinematográfico. Difícil entender o porque de tantas críticas divididas num filme tão bom e completo. Discorro sobre isso no meu blog também.
    Parabéns pela resenha. Grande abraço;

    http://thetop250imdbnerdproject.blogspot.com/

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