Faltando pouco menos de 3 meses para a estréia oficial de
Fringe na tv americana, muitos que estavam na expectativa fazendo contagem regressiva para conferir a nova série de J.J. Abrams (
Alias, Lost e etc) foram surpreendidos neste último sábado com o vazamento do episódio piloto da série. Como me incluo neste grupo e corri para assistí-lo, dividirei com você TUDO sobre o pontapé inicial da série. Para começar, respondo a pergunta que todos os fãs de séries e das criações de Abrams estão fazendo:
Fringe é isso tudo mesmo que o marketing agressivo (no bom sentido) tem prometido? Sim. E vou além arriscando-me desde já a dizer que a série tem elementos muito fortes capazes não só de torná-la o maior sucesso de crítica, mas sobretudo de público na temporada 2008/2009.
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Sem entregar muitos detalhes, o ponto de partida do Piloto de 81 minutos de Fringe mostra um incidente aéreo ocorrido no vôo 627 originado em Hamburgo na Alemanha com destino a Boston nos EUA, que culmina na bizarríssima (acredite nessa palavra) morte de todos os 147 passageiros e da tripulação em função de um estranho e misterioso acontecimento à bordo da aeronave. Segue-se a isso a introdução da agente Olivia Dunham (a atriz novata Anna Torv) cujo envolvimento com o também agente John Scott (Mark Valley, o Brad Chasey de Boston Legal) será o catalisador para que ela mergulhe de cabeça no sombrio mundo da ciência Fringe onde conhece o rebelde Peter Bishop (Joshua Jackson, mais conhecido como Pacey de Dawson's Creek) e através dele, seu pai, o excêntrico Walter Bishop (o veterano John Noble), um conceituado cientista envolvido com pesquisas avançadas e que fora mantido isolado em uma instituiação psiquiátrica pelos últimos 17 anos. Walter será o guia de Olivia para iniciar o caminho na busca pela verdade por trás dos fatos envolvidos no incidente que revelarão segredos com consequências muito mais obscuras do que ela poderia imaginar.
Olivia Dunham, Peter e Walter Bishop
Como já vinha sendo comentado meses atrás, a série de fato tem um quê de Lost nas entrelinhas de uma forma bem subjetiva e sutil, mas a verdade é que ela tem muito mais de Arquivo X, como aliás, o próprio J.J. Abrams já havia antecipado em entrevista. A julgar pelo piloto, Fringe captura e recicla o clima dos áureos tempos da série de Chris Carter com singular maestria, apresentando personagens que carregam uma ingenuidade movida pela curiosidade (Olivia Dunham e Peter Bishop) e uma ambigüidade (Philip Broyles, o chefe de Olivia e Walter Bishop) fundamental para nos convencer que as evidências de fato apontam que o avanço da tecnologia e da ciência pode ter caído em mãos inescrupulosas que exploram este avanço transformando-o em um perigo real, imediato e que atinge proporções de uma conspiração global de larga escala.
Olivia e a misteriosa Nina Sharp
Se em Arquivo X existia o Sindicato liderado pelo Canceroso, em Fringe temos uma corporação chamada Massive Dynamics que tem ligação direta com a ameaça citada no parágrafo anterior e que tem na executiva Nina Sharp, a figura sinistra e misteriosa da vez que tal qual o Canceroso, também parece ter conexões poderosas nos mais altos níveis do poder. Olhando por esse lado é inevitável não pensar que Fringe vá simplesmente tentar emular a receita criada por Arquivo X, mas a verdade é que a proposta da série me parece ser muito mais elaborada do que qualquer primeira impressão possa criar. A trama, apesar de explorar um tema sombrio (a ciência e a tecnologia sendo usadas de formas aterradoras), busca equilibrar o clima soturno (essencial para o mistério por trás daquilo tudo), criando uma dinâmica mais leve e por vezes mais bem humorada que ajuda a suavizar a narrativa e a proporcionar àqueles personagens, momentos que garantam uma exposição de suas fragilidades, medos, curiosidades e sobretudo do desejo de descobrir o que está por trás do 'padrão' mencionado tanto por Nina Sharp (a executiva da Massive Dynamics) quanto por Philip Broyles (Lance Reddick, o Matthew Abaddon de Lost) em momentos distintos do episódio.
Philip Broyles em conversa com Olivia
Pode ser prematuro afirmar, mas parece que J.J. Abrams acertou de novo criando outra série cuja narrativa instiga e prende do início ao fim. Contando com ótimos efeitos especiais, um elenco equilibrado (a bela Anna Torv é de fato um achado) e com personagens igualmente interessantes e que trazem a promessa de uma complexidade que pode remeter aos de Lost, o Piloto de Fringe justifica os mais de US$11 milhões gastos na produção nos presenteando com mais um agradável sopro de novidade na tv. Se os roteiros dos episódios que virão a seguir mativerem a linha deste piloto mesclando histórias que se resolvam isoladamente sem abrir mão de desenvolver um arco mitológico centrado, dá para afirmar sem medo de errar que Fringe será de fato um grande sucesso.
Curiosidades:
(1) Durante a abertura (que aliás segue a linha da de Lost expandindo-a), algumas das palavras que aparecem são as seguintes: psicocinesia (capacidade de afastar objetos com a mente), transmogrificação (transformação de um objeto em outro), inteligência artificial, teletransporte, matéria-negra (matéria que só é observada gravitacionalmente), reanimação (de um ser morto) e etc. Esses são elementos que sem dúvidas deverão ser explorados ao longo da série.
(2) A introdução de alguns cenários ou locais segue o padrão de Arquivo X com o diferencial de que aqui se utilizam textos em 3-D que dão um charme interessante à chamada.
(3) A Massive Dynamics deve ganhar site em breve. Atualmente o endereço tem um sugestivo "Em construção". Sobre a corporação, aliás, vale dizer que uma notícia recente ligada ao filme Transformers 2, apontava a existência de um personagem descrito como CEO (executivo) de uma Massive Dynamics em uma cena do filme. Será que há relação? Hum...
(4) Aos 40 minutos vemos, ou melhor, ouvimos uma pequena homenagem a Lost através do uso da trilha sonora consagrada e marcante de Michael Giacchino que já foi usada em finais de temporada da história da ilha.