Leia mais...
Retomando a trama imediatamente após os eventos que encerraram a temporada anterior, ‘My Bad’ mostra um Dexter em estado de profunda anestesia mental e baixíssima resposta emotiva ou mesmo racional. O personagem que reencontramos ao longo do episódio não segue métodos e não sabe disfarçar seus sentimentos. Aqui ele é um sujeito transtornado, confuso e que sente o peso do mundo caindo em suas costas com uma culpa que se traduz até mesmo por uma ação ingênua como a do momento em que diz a um policial recém chegado à sua casa que teria sido ele, Dexter, o responsável pela morte de Rita.
Nesse panorama, somos todos levados como meros e angustiados passageiros numa viagem que expõe Dexter em todas as nuances de sua psiquê, quer seja pelo período em que ele simplesmente se fecha reprimindo qualquer reação ou pelos instantes em que, não mais suportando o peso dos acontecimentos mais recentes, se entrega à uma fúria selvagem que culmina numa estranha catarse evidenciada pela cena em que ele mata um homem de forma intempestiva.
E é essa mesma catarse que posteriormente encontra eco no emocionante discurso que Dexter faz durante o funeral de Rita. Palavras que ficam ecoando após o fim do episódio e que traduzem bem o que o fato de tê-la encontrado e sua abrupta e violenta perda significam para o personagem: “Eu nem era humano quando a encontrei.” E dá para discordar?
Outras observações:
- 68 mortes. É esse o histórico de Dexter depois do assassinato que comete no episódio.
- Breve destaque para Masuka, o eterno alívio cômico da série na cena em que vê o corpo de Rita na banheira: “Sempre a imaginei nua, mas nunca dessa forma.”
- Não acho que Quinn vá se tornar um Doakes 2.0 esmiuçando a vida Dexter, mas já estou curioso para ver qual será o desfecho dessa subtrama até porque um possível envolvimento dele com Deb certamente há de complicar as coisas ainda mais.
- Mesmo sem qualquer violência, a cena em que Dexter conta o que aconteceu com Rita de forma seca para Astor e Cody é desde já, das mais chocantes da série pelo que representa.
- O impressionante trabalho do casal Michael C. Hall e Jennifer Carpenter. Não faço ideia do que o futuro reserva para eles como atores, mas já dá quase para dizer que Dexter e se Debra são os papéis de suas vidas tamanha força e complexidade que conferem a eles.