Episódio exibido nos EUA no dia 03/07/2008Passados cinco episódios de
Swingtown é praticamente impossível não gostar da deliciosa viagem pelas descobertas da revolução sexual dos anos 70 que a série proporciona. Ao explorar a época que rompeu tradições e provocou um choque cultural que ecoa até hoje, a série evidencia com talento ímpar o choque entre a libertinagem e o medo provocado pela quebra de padrões sem ignorar um item que considero elementar para que eu acompanhe qualquer produção: sua capacidade de divertir.
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Se ao comentar o piloto da série mencionei que o envolvimento do casal Bruce e Susan Miller com os libertinos Tom e Trina Decker acontecera de uma forma um tanto apressada, os episódios que se seguiram mostraram que a experimentação de uma realidade nova cobrava um preço que poderia não só afastar amizades antigas (a do casal Roger e Janet Thompson) mas também quebrar os laços de uma confiança até então estabelecida e enraizada no casamento, e ao fazer isso, os roteiros deram uma maior plausibilidade à trama sobretudo ao evidenciarem com bom equilíbrio, as dúvidas e tentações que se manifestavam tanto para Susan quanto para Bruce. Ao decidir mostrar Susan dividida entre a 'novidade' oferecida pelos Decker e a rotina da tradição representada pela amiga Janet por exemplo, a história evoluiu com sutileza sem tornar tudo dramático demais - o que poderia tirar a graça da história - garantindo momentos muito mais divertidos do que o tema da série poderia sugerir.
E foi no choque de estilos entre Janet e Trina, que Swingtown acabou ganhando vários pontos. No episódio 1x03 Double Exposure há uma troca de farpas entre as duas que rende saias justas bem curiosas e que encontraram seu ápice no quarto episódio Cabin Fever quando as duas acabam definitivamente se entendendo graças a um brownie batizado com 'ervas', criando assim um novo panorama que por tabela pode encorajar o reprimido Roger a buscar as novas experiências que até então tenta renegar, e que obviamente estão ligadas ao desejo mútuo entre ele e Susan que já vem sendo indicado desde o episódio piloto.
Em Go Your Own Way, o quinto e mais recente episódio da série, uma situação inusitada ameaça o entendimento até então estabelecido entre Bruce e Susan cada vez mais inclinada a conhecer novas sensações e a desafiar, mesmo que de forma inconsciente, o papel de esposa passiva, o que por si só ajuda a evidenciar nuances do feminismo tão em voga naquele mesmo período. Janet por sua vez, apesar de ainda negar a possibilidade nova experimentada no quarto episódio, acaba cedendo aos pedidos de Susan para acompanhá-la no evento beneficente organizado por Trina em prol do ator Harry Reems (protagonista do polêmico filme Garganta Profunda, o maior sucesso pornô da história) que à época era perseguido e processado pelo governo americano, e acaba percebendo que até mesmo por trás daquela libertinagem havia uma realidade que não abria mão de uma seriedade contundente ainda que bastante inusitada e por que não dizer, engraçada em certas situações.
Fora os choques das descobertas e atitudes, houve um desenvolvimento bem razoável das subtramas envolvendo os filhos dos Miller e um avanço interessante na exposição dos medos que por mais disfarçados que estejamm, acabam de uma maneira ou de outra aflorado até mesmo na aparente confiante Trina, que em dado momento assume temer a perda do marido Tom por conta da liberdade excessiva e aparentemente sem limites criada entre os dois.
Por ter sido concebida como uma série tapa buracos do período menos favorecido da tv americana, não dá para dizer se Swingtown terá vida longa já que a audiência nunca é favoravelmente empolgante nessa época, mas a julgar pelo que tenho visto posso dizer com toda certeza de que a série tem sido uma grata surpresa nesse período de poucas novidades. Se você ainda não conhece a série, dê uma chance e divirta-se com as 'aventuras' daqueles casais. Você verá que por trás daquele clima regado à festas, muita música boa e experimentações, há histórias bem interessantes e divertidas a serem descobertas.